O HOMEM DO PLANETA X
Estávamos em 1952. Eu já tinha nove
anos. Foi nesse ano que passou, no Cine Glória, o filme “O Homem do Planeta X”.
Fissurado por ficção científica, me programei para ir ao cinema. Foi um choque
quando disseram ser o filme proibido até 14 anos. Logo eu, que já sabia
tudo sobre a vida.
Planejei meticulosamente romper a
censura etária. Levava uma vantagem inicial. Meu pai era médico de seu Ivoni (y?)
e de toda sua família. E seu Ivoni era o gerente do Cine Glória. Meu pai não
cobrava do seu Ivoni e nós não pagávamos cinema.
O problema era que seu Ivoni era duro
na queda. Ficava na portaria, de fiscal do porteiro, e não deixava passar
nenhum menor. Mais tarde, quando passou “Rock Around the Clock”, com Bill
Halley, seu Ivoni ameaçou a todos na plateia: se fizessem baderna, ele
interromperia o filme. “Rock Around the Clock” foi assistido em silêncio,
provavelmente caso único no Brasil e no mundo.
Contratei um intermediário para saber
se teria chance. Seu Ivoni respondeu na hora. Não teria.
Assim, não vi “O Homem do Planeta X”.
Mais tarde, apareceu no bazar de seu Kaiser (a casa de esquina no meio da
quadra), uma versão quadrinizada do “Homem do Planeta X”. Comprei, mas não foi
a mesma coisa, não havia a emoção do escurinho do cinema.
Guardei por sessenta e um anos esse
trauma. Talvez, se tivesse trazido o assunto para meu tratamento, os anos de
análise tivessem se reduzido consideravelmente.
Agora, em plena era de Internet, me
lembrei deste episódio marcante da minha infância. Procurei o “Homem do Planeta
X”. Não, é que ele estava lá, me esperando? Aguardo, com o coração na mão, que
ele baixe.
Para quem quiser ser solidário. O filme
está no seguinte endereço:
As legendas estão em:
Só para concluir. Não perdi o “Monstro
da Lagoa Negra” nem “O Planeta Proibido”. Eles eram censura livre.
José
ResponderExcluirQue viagem!
Fantástico o teu texto!
Voltei no tempo e me vi encontrando meios de também burlar a censura da época...
Obrigado, Erion
ResponderExcluirAssisti, que filme ruim!
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