Ibirapuitã,
um rio privatizado?
Viajei a Alegrete por uns dias. Aproveitei
para matar a saudade do rio Ibirapuitã, mais especificamente do trecho em que
chamávamos de “Perau”, onde aprendi a nadar e também aprendi muitas coisas da vida.
Visitei, então, o Perau. A primeira
decepção, normal, ele era menor do que estava registrado em minha memória.
Claro, cresci, o mundo muda suas proporções. A segunda, me deixou chateado. O
Perau, abandonado, virou depósito de lixo a céu aberto. A terceira me deixou
revoltado. As margens do Perau estão cercadas. Que é isso?
O
rio Ibirapuitã, um patrimônio da comunidade, está cercado, permitindo o acesso
somente a alguns privilegiados.
Lembrei-me, imediatamente, de
alguns rios que banham cidades
conhecidas, como o Sena, em Paris, O Tâmisa, em Londres, o Tibre, em Roma, o
Reno, na Alemanha. Todos são cartões postais, orgulho para seus habitantes. O
rio Ibirapuitã fez o caminho inverso. Tornou-se vergonha para os habitantes de
Alegrete e está sendo escondido, cercado.
Bem, o rio poderia estar cercado apenas
no Perau, que já seria uma pena. Segui, a pé, até um centro recreativo do
Município. Alí, certamente, poderia apreciar a beleza e a elegância de
meu rio. Aquele centro, abandonado, também, apenas com algumas crianças
esforçando-se, com diligência, para destruir um prédio público, levava, também,
a uma cerca.
Que
tristeza. A administração pública faz uma avenida sem calçadas, esquecendo-se
de seus pedestres, cadeirantes e ciclistas, com um centro recreativo que esnoba
o que o local tem mais belo, o rio. Repito, que tristeza. A cidade não merece
isto.
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