sábado, 20 de julho de 2013

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Nossas mazelas

Quando Lula diz que o PT está desatualizado, podemos ter uma leitura um pouco mais abrangente do que ele quer dizer. Para mim, Lula quer dizer que a política no Brasil está desatualizada dos anseios do povo. Quando fala em PT, ele deve estar se referindo a todos os partidos políticos estão desatualizados. Ou estão muito atualizados, do ponto de vista deles.

Senão, vejamos: Quando Lula foi eleito, seu primeiro gesto foi estender seus braços para os partidos tradicionais. Fez isso por uma questão de governabilidade, pois, se não fizesse, não poderia governar. O sistema financeiro soçobraria inexoravelmente. Neste momento, Lula teve o apoio precioso de Fernando Henrique Cardoso que avalizou o governo que estava se iniciando. Não se pode esquecer que a formação política de Lula e de Fernando Henrique é a mesma: a luta contra a ditadura militar e a implantação do socialismo.

No governo, Lula aprendeu rápido. Não podia ser apenas Lulinha, paz e amor. Teria que ser um bom administrador. Para isso, manteve os princípios fiscais e de gestão do governo anterior, fazendo-os até mais rigorosos.

Para garantir a governabilidade, precisava o apoio do Congresso Nacional. Uniu-se ao PMDB, o partido mais poderoso do Brasil, e a outros, menores.

Acredito que Lula agiu assim para implantar algumas premissas que eram caras ao Partido dos Trabalhadores, como a distribuição de renda e à inclusão de um número grande de brasileiros à sociedade de consumo. Seu governo adotou políticas corretas e também foi ajudado por um momento especial em que a economia mundial cresceu extraordinariamente.

Mas o apoio de um número cada vez maior de partidos, apoio conseguido através de políticas mesquinhas de concessão de cargos e, mais tarde, com a simples compra de parlamentares, corrompeu o governo.

E aí vale a velha premissa política: o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. O governo federal, com a compra da quase maioria absoluta do congresso, ganhou poder absoluto. Neste momento, Lula afastou-se de seus princípios, que eram os princípios do Partido dos Trabalhadores iniciou uma nova maneira de governar.

Hoje, só ingênuos acreditam que o Partido dos Trabalhadores é dono do poder. Hoje o poder é repartido entre um grande grupo de políticos que se dedica a rapinar o país. Dentre eles, o PMDB é o mais fétido, não em qualidade mas em quantidade, por sua abrangência.

Só os ingênuos acreditam que a bandeira “fora PT” trará algum resultado ético para o país. O Partido dos Trabalhadores, assim como foi gestado, não existe mais. Seus líderes mais honrados, idealistas, muitos fundadores do partido, estão alijados do poder.

Alguns se acomodaram, como Tarso Genro. Quando do escândalo do mensalão, Tarso Genro, falou em refundar o PT. Hoje não fala mais nisso. Preferiu acender uma vela para Deus e outra para o Diabo. Com isso, perdeu o apoio político de sua filha.

Lula também mudou muito. Hoje é um simulacro de si mesmo. Passou a fazer parte da elite brasileira, elite que ele combatia em seus discursos de campanha. O poder corrompe, Lula está corrompido.

Lula quer voltar ao poder, depois do grande fracasso que está sendo o governo de Dilma Rousseff. Ele tem razão quando diz que o PT, leia-se política, está desatualizado. A fraca oposição que o governo federal tem, é composta também de políticos antigos, cuja conquista do governo significa possibilidade de serem feitas grandes negociatas, naturalmente com os partidos que hoje dividem o poder.

Ele sabe que o eleitor, descrente de tudo e de todos, votará nele, depois que ele descolar do PT e de toda a política que ele mesmo gestou. Só que agora, o sonho de Lula é mais alto. Ele quer o poder para sempre.

sábado, 6 de julho de 2013

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MAIS DO MESMO
       
        
       As notícias sobre as mordomias aéreas noticiadas recentemente, me deram a seguinte certeza:

        Esse governo não quer mudar nada. E é lógico. Toda a mudança retira privilégios dos poderosos que nos governam. Lembro-me da máxima romana: “é necessário que as coisas mudem para tudo continuar na mesma”.

        Alguém pediu reforma política nas ruas? Ninguém. A presidenta, primeiro surpresa (porque não tinha sido avisada dos movimentos populares pela ABIN, mais um órgão desnecessário, por ineficiente) e depois contrariada, pensou, pensou e depois veio com a genial ideia de uma constituinte exclusiva e parcial para a uma reforma política. Depois de ser bombardeada por juristas, retirou a proposta. Agora quer um plebiscito.

        Para que o plebiscito? Para reforma política. Ou seja, o executivo empurra a bomba para o legislativo, considerando que a essência da “reforma política” dos sonhos do executivo é mexer no podre legislativo, mantendo e executivo como está,

        Voltando às manifestações, ninguém pediu reforma política, o tema básico que se viu nas ruas é a recuperação da moralidade de nossos representantes.

Mas e o executivo? E o inchaço da máquina pública, a falta de vergonha de 39 ministérios para abrigar todas as agremiações políticas de aluguel, as mazelas de nossa saúde, segurança, mobilidade urbana, quem é o responsável por elas?

E o judiciário, indolente, com férias de 60 dias e recesso, com juízes, desembargadores e ministros sem obrigação de dar satisfação de seus atos, tendo como único castigo a aposentadoria integral compulsória?

        Ora, nossa maquiavélica presidenta empurra o problema para o legislativo. Ela sabe, no legislativo, para onde irá a reforma política. Para lugar nenhum. Pedir ao legislativo que faça reforma política é o mesmo que confiar o galinheiro à raposa.

        Essa reforma nunca acontecerá. Primeiro se instaura a discussão se é melhor plebiscito ou referendo, depois se discute o sexo dos anjos e, em 2050 o pobre povo brasileiro ainda estará esperando resposta do governo.

        Mas o que o povo quer é, simplesmente, que aja vergonha na cara de nossos governantes e que se roube um pouco menos neste pobre país.

        

terça-feira, 2 de julho de 2013

A VELHINHA DE TAUBATÉ




A VELHINHA DE TAUBATÉ ESTÁ DE VOLTA

         Luis Fernando Veríssimo criou um personagem impagável: a velhinha de Taubaté. Ela era a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo militar. Enquanto ocorriam manifestações para o fim da ditadura, a velhinha elogiava o general João Baptista Figueiredo.


            A velhinha voltou. Agora reside placidamente em uma ilha ao sul do oceano atlântico. Tem se dedicado, ultimamente, a tecer loas ao ex-presidente lula.