quinta-feira, 31 de maio de 2012


Edvard Munch : Madonna, 1894.

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Georges de La Tour : La Diseuse de bonne aventure (detalhe).



A NOVA LINGUAGEM ORAL (E O FIM DA LINGUAGEM ESCRITA, TAL COMO A CONHECEMOS).

         Um especialista em recursos humanos disse que a maior dificuldade, hoje em dia, é conseguir que um jovem redija corretamente um currículo ou que consiga expressar-se com precisão quando comunica-se com colegas ou superiores.
         Estamos desaprendendo a escrever? (Re) Ingressamos em uma era de comunicação oral?
         A entrevista do professor Thomas Pettitt, a seguir, revela o novo desafio da cultura e mesmo das relações sociais que se avizinham:

NOVA YORK - Thomas Pettitt tem provocado discussão nos meios acadêmicos ao afirmar que a Humanidade está voltando à cultura de transmissão oral de informação e conhecimento, tornando a época da imprensa escrita e dos livros apenas um parêntese na História. Professor de história da cultura na Universidade do Sul da Dinamarca, ele construiu a Teoria do Parêntese de Gutenberg para analisar uma época que teria começado com a invenção da prensa, no século XV, e terminado com a era da mídia eletrônica. "Estamos caminhando para um futuro pós-imprensa", disse ele, para mais adiante acrescentar: "Alguém pode receber uma mensagem escrita quase tão rapidamente como se estivesse falando com a pessoa. É como se estivéssemos falando pelos dedos".

Pettitt, que deu entrevista ao GLOBO por e-mail, criou sua teoria no espírito de cooperação que marca as redes sociais. Usou um conceito surgido em uma discussão entre professores e, com a permissão do autor, o colega Lars Ole Sauerberg, cunhou a Teoria do Parêntese de Gutenberg, pai da imprensa. Segundo ele, a era digital derruba barreiras entre imprensa tradicional e novas mídias. A sobrevivência dos meios de comunicação, garante, estará cada vez mais vinculada à sua credibilidade.

O GLOBO: Estamos mesmo indo "de volta para o futuro", ou seja, passando por uma revolução que nos levará de volta a um passado no qual a cultura era oral, como diz a Teoria do Parêntese de Gutenberg?

THOMAS PETTITT:
 "De volta para o futuro" é um filme adorável, mas sempre penso sobre esse título. Imagino que, tendo viajado a um passado quando seus pais eram jovens, no fim do filme era hora de o rapaz voltar ao futuro de onde ele tinha vindo. No Parêntese de Gutenberg, a ideia é a oposta: estamos voltando ao passado ao nos movermos para o futuro. Afirmar que o futuro será uma volta ao passado não parece muito otimista. Haverá mais guerras, mais superstição e fundamentalismo, mais caças às bruxas e pragas, como na Idade Média? Fico feliz em poder dizer que a Teoria do Parêntese de Gutenberg não tem nada a ver com isso, embora meu colega L.O. Sauerberg não estivesse otimista quando inventou o termo. Ele é professor de literatura inglesa, e literatura é algo que se lê basicamente em livros. Então, se os livros estão acabando, isso pode ser o fim da literatura também. Não estou tão preocupado, porque estudo cultura medieval e sei que havia canções, histórias e encenações maravilhosas antes dos livros, então podemos esperar que as pessoas continuarão a fazer coisas incríveis com as palavras depois dos livros.

E como isso afeta os meios de comunicação?

PETTITT: O Parêntese de Gutenberg diz respeito a mudanças na maneira como comunicamos informação e histórias, de um lugar a outro e de um momento a outro. Pela lembrança e pela fala; por manuscritos; por livros, filmes, gravações e pela TV; por tecnologia digital e pela internet. Depois que a prensa foi inventada por Gutenberg, levou um tempo até que ela se espalhasse, mas por volta de 1600 o livro impresso tinha virado o meio dominante e de maior prestígio, e permaneceu nessa posição até recentemente, digamos, até o ano 2000. Agora, estamos usando meios tecnologicamente mais avançados que o livro, mas de certa forma se parecem com as tradições orais que o precederam. Da mesma forma que uma frase contém parênteses: eles interrompem a frase (mas, como estes, a modificam) e, quando o parêntese acaba, a frase continua onde a havíamos deixado antes da interrupção. Então, sim, estamos caminhando para um futuro pós-imprensa que, de certa forma, se parecerá com o passado pré-imprensa. Claro que ainda não chegamos lá: estamos na transição, na saída.

De que maneira a cultura da internet está resgatando e continuando a cultura pré-Gutenberg?

PETTITT: As semelhanças estão na maneira pela qual nos comunicamos por palavras: a maneira como lidamos com informações e narrativas que estão em palavras. Já temos há algum tempo meios eletrônicos como a TV, o rádio e o cinema, que voltam ao mundo da oralidade porque as palavras são faladas, e não vistas em uma página. Foi a isso que Marshall McLuhan se referiu quando disse que estávamos saindo da "Galáxia de Gutenberg". Nossas novas mídias (smartphones, laptops, tablets e suas conexões de internet) estão tomando conta dessa comunicação pelo som, e até ampliando-a. Claro que elas também são usadas, talvez até mais, para a comunicação pela palavra escrita, mas isso é feito de maneira diferente da usada pela imprensa. Em alguns dos meios mais difundidos (e-mails, SMS, Twitter), alguém pode receber uma mensagem escrita quase tão rapidamente como se estivesse falando com a pessoa. É como se estivéssemos falando pelos dedos, então a maneira de escrever é muito mais próxima da fala. As novas mídias também tornam mais fácil mexer em um texto.

Mesmo nas revoluções, o ponto da virada muitas vezes só é percebido quando já passou. Quais são esses pontos, até agora?

PETTITT: Não tenho certeza de que as pessoas não se dão conta das revoluções enquanto elas estão acontecendo. Mas, por outro lado, a natureza da mudança ou o ponto sem retorno pode nos escapar. Penso em dois momentos decisivos na nossa revolução. Um deles é o dia em que todos os livros (e jornais) forem criados em forma digital - suspeito que em muitos países este momento já passou. O outro é o dia em que todos os livros (e jornais) que já existiam tiverem sido escaneados e, portanto, existirem em forma digital - estamos muito próximos disso.

Até que ponto nossa percepção do mundo e nossa comunicação são determinadas pela tecnologia?

PETTITT: Esta pode acabar sendo a mudança mais importante de todas. Há coincidências interessantes entre revoluções na mídia e na maneira de pensar das pessoas. Alguns estudiosos veem uma conexão entre a difusão da imprensa e grandes mudanças na cultura europeia: o Renascimento, a Reforma, a revolução científica. Se isso for verdade, podemos esperar que nossa revolução digital tenha um efeito radical sobre a maneira de pensar. Minha teoria é que há uma conexão entre os livros e uma visão de mundo que separa as coisas em categorias rígidas. A tribo que chamo de "gente do livro" parece gostar de categorias. É apenas durante o Parêntese de Gutenberg que as pessoas insistiram tão "categoricamente" em que alguém é macho ou fêmea, negro ou branco, humano ou animal, ser vivo ou máquina. Na Idade Média, antes da imprensa, as misturas eram mais toleradas, e parece que estamos voltando a essa tolerância.

Qual a influência definitiva da era de Gutenberg para a Humanidade?

PETTITT: Difícil dizer. Daqui a um século, é possível que turistas visitem bibliotecas da mesma maneira que hoje nós vamos a museus para ver espadas e armaduras. A ideia de parênteses (já que parênteses modificam a frase que ele interrompe) sugere que não teríamos chegado onde estamos agora sem o período da imprensa. Mas isso não significa que ele é um estágio obrigatório de desenvolvimento. Deve haver muitas comunidades no que costumávamos chamar de Terceiro Mundo que eram analfabetas até pouco tempo atrás, ou que não tinham dinheiro para livros, e que passaram diretamente para os celulares e a internet, que simplesmente pularam o Parêntese de Gutenberg. A verdadeira questão é: a época da imprensa nos deu algo que não teríamos tido sem ela? E a resposta mais óbvia é: a História. Para as culturas alfabetizadas, o que aconteceu no passado está registrado em documentos, e a imprensa assegura que muitas cópias desses documentos sobrevivam, e há muitas cópias dos livros de História que discutem o que os documentos registram.

O senhor disse que, na era de Gutenberg, o impresso era visto como uma garantia da verdade, e que isso está deixando de existir. Com que rapidez isso está acontecendo?

PETTITT: As pessoas preferiam pensar de acordo com categorias, incluindo categorias de mídia. Então, a escrita é mais verdadeira do que a fala, e a imprensa, mais verdadeira que um manuscrito. Livros com encadernação de couro e letras douradas são tratados com mais respeito do que panfletos. É só quando você mesmo escreve um verbete de enciclopédia que se dá conta de que a capa de couro não prova nada.

Como a mídia tradicional pode se diferenciar neste mundo de abundância de informação?

PETTITT: Esta é uma das áreas nas quais a ideia do Parêntese de Gutenberg pode nos ajudar a prever ou a lidar com o futuro. As coisas estão mudando muito rapidamente. A maioria dos jornais complementou sua versão impressa com um site, e já foi previsto que dentro de 15 anos a maioria dos jornais existirá apenas na sua forma digital. Os jornais já não podem presumir que serão mais respeitados que outras fontes de informação devido ao seu formato. A imprensa está no caminho de saída, e qualquer veículo com patrocinadores generosos, não importa o quão errônea ou extrema sua mensagem, pode criar um website tão impressionante como o do mais respeitado jornal. Então, como os jornais podem convencer as pessoas de que sua mensagem é mais confiável e que vale mais pagar por ela? Estamos de volta à era pré-Gutenberg, quando os medievais recebiam notícias por meio de rumores, e as notícias de lugares remotos chegavam por estrangeiros. Como decidir em quem acreditar? 

A chave é a reputação, ou a fama. Essa era a coisa mais importante nas sociedades orais, e o mesmo pode acontecer nas sociedades digitais. Na hora de decidir sobre a veracidade das notícias, o fator chave é a reputação do mensageiro.

Agradeço ao blog It's the End of the World as We Know It,  co irmão



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quarta-feira, 30 de maio de 2012


CUIDE DAS CALÇADAS, PREFEITO (II)






O BRASIL É UM DOS RAROS PAÍSES ONDE A RESPONSABILIDADE DE  CONSTRUIR E MANTER CALÇADAS, ÁREAS PÚBLICAS, FOI TRANSFERIDA PARA OS PROPRIETÁRIOS DE IMÓVEIS. TEMOS QUE  MUDAR ISSO.



VAI FAZER BOA ARQUITETURA ASSIM LÁ NO MEU ESCRITÓRIO




http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/zaha-hadid-architects-roca-london-gallery-30-05-2012.html

terça-feira, 29 de maio de 2012


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Moebius (Jean Giraud)

FÍSICA QUÂNTICA PARA

 PRINCIPIANTES (COMO EU)


Tenho lido sobre física quântica como nova panaceia. Dizem que ela resolve até problemas existenciais. Resolvi investigar o que é como funciona esta arte.

A física quântica ou mecânica quântica, que é o nome mais preciso, estuda os fenômenos subatômicos ou mesmo fenômenos macros, como a supercondutividade e superfluidez, que somente podem ser explicados pelo mundo quântico.

A palavra quântica vem do latim e significa quantidade.

Esses fenômenos abrangem, como disse, medições subatômicas. Pela mecânica clássica, se um elétron girar em torno de um próton por certo tempo, perderá energia e acabará colidindo com o próton. Isso na verdade não acontece. 


há pouco mais de cem anos, o físico Max Planck, tentando compreender a energia irradiada pelo espectro da radiação térmica, expressa como  ondas eletromagnéticas produzidas por qualquer organismo emissor de calor, a uma temperatura x, chegou, depois de muitas experiências e cálculos, à revolucionária “constante de Planck”, que subverteu os princípios da física clássica.

Este foi o início da trajetória da Física ou Mecânica Quântica, que estuda os eventos que transcorrem nas camadas atômicas e subatômicas, ou seja, entre as moléculas, átomos, elétrons, prótons, pósitrons, e outras partículas. Planck criou uma fórmula que se interpunha justamente entre a Lei de Wim – para baixas freqüências – e a Lei de Rayleight – para altas freqüências - ao contrário das experiências tentadas até então por outros estudiosos.

Albert Einstein, criador da teoria da relatividade foi o primeiro a utilizar a expressão quantum para a constante de Planck E = hv, em uma pesquisa publicada em março de 1905 sobre as consequências dos fenômenos fotoelétricos, quando desenvolveu o conceito de foton Este termo se relaciona a um evento físico muito comum, a quantização – um elétron passa de uma energia mínima para o nível posterior, se for aquecido, mas jamais passará por estágios intermediários, proibidos para ele, neste caso a energia está quantizada, a partícula realizou um salto energético de um valor para outro. Este conceito é fundamental para se compreender a importância da física quântica.

Seus resultados são mais evidentes na esfera macroscópica do que na microscópica, embora os efeitos percebidos no campo mais visível dependam das atitudes quânticas reveladas pelos fenômenos que ocorrem nos níveis abaixo da escala atômica. Esta teoria revolucionou a arena das ideias não só no âmbito das Ciências Exatas, mas também no das discussões filosóficas vigentes no século XX.

A Física Quântica envolve conceitos como os de partícula – objeto com uma mínima dimensão de massa, que compõe corpos maiores e onda, a radiação eletromagnética invisível para nós, que não necessita de um ambiente material para se propagar, e sim do espaço vazio. Enquanto as partículas tinham seu movimento analisado pela  mecânica de Newton, as radiações das ondas eletromagnéticas eram descritas pelas equações de Maxwell. No início do século XX, porém, algumas pesquisas apresentaram contradições reveladoras, demonstrando que os comportamentos de ambas podem não ser assim tão diferentes uns dos outros. Foram essas ideias que levaram Max Planck à descoberta dos mecanismos da Física Quântica, embora ele não pretendesse se desligar dos conceitos da Física Clássica.

A conexão da Mecânica Quântica com conceitos como a não localidade e a causalidade, levou esta disciplina a uma ligação mais profunda com conceitos filosóficos, psicológicos e espirituais. Hoje há uma forte tendência em unir os conceitos quânticos às teorias sobre a consciência.

Físicos como o indiano Amit Goswami se valem dos conceitos da Física moderna para apresentar provas científicas da existência da imortalidade, da reencarnação e da vida após a morte. Professor titular da Universidade de Física de Oregon, Ph.D em física quântica, físico residente no Institute of Noetic Sciences, suas ideias aparecem no filme Quem somos nós? e em obras como A Física da Alma, O Médico Quântico, entre outras. Ele defende a conciliação entre física quântica, espiritualidade, medicina, filosofia e estudos sobre a consciência. Seus livros estão repletos de descrições técnicas, objetivas, científicas, o que tem silenciado seus detratores.

Fritjof Capra, Ph.D., físico e teórico de sistemas, revela a importância do observador na produção dos fenômenos quânticos. Ele não só testemunha os atributos do evento físico, mas também influencia na forma como essas qualidades se manifestarão. A consciência do sujeito que examina a trajetória de um elétron vai definir como será seu comportamento. Assim, segundo o autor, a partícula é despojada de seu caráter específico se não for submetida à análise racional do observador, ou seja, tudo se interpenetra e se torna interdependente, mente e matéria, o indivíduo que observa e o objeto sob análise.

Outro renomado físico, prêmio Nobel de Física, Eugen Wingner, atesta igualmente que o papel da consciência no âmbito da teoria quântica é imprescindível.

Fonte: InfoEscola




CHIFLADOS

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Nossos irmãos europeus estão em rito de passagem. Esta historinha retrata muito bem este momento.

La prestigiosa escritora española Rosa Montero publicó en su columna una anécdota refrescante y conmovedora sobre la convivencia entre extranjeros y los nacionales de un país. El artículo titulado 'El negro' ha causado gran conmoción entre la población inmigrante de España.

Una historia de apenas tres párrafos se convirtió en el artículo más leído del periódico el País de España, en su página de internet. Son líneas conmovedoras sobre la inmigración, uno de los temas más delicados y que mayor preocupación genera entre los ciudadanos europeos. La anécdota que cuenta Rosa Montero es uno de los temas más comentados en redes sociales y considerada por el escritor brasilero Paulo Coelho como lectura obligada.

Este es el mensaje:

El negro’
Estamos en el comedor estudiantil de una universidad alemana. Una alumna rubia e inequívocamente germana adquiere su bandeja con el menú en el mostrador del autoservicio y luego se sienta en una mesa. Entonces advierte que ha olvidado los cubiertos y vuelve a levantarse para cogerlos. Al regresar, descubre con estupor que un chico negro, probablemente subsahariano por su aspecto, se ha sentado en su lugar y está comiendo de su bandeja.

De entrada, la muchacha se siente desconcertada y agredida; pero enseguida corrige su pensamiento y supone que el africano no está acostumbrado al sentido de la propiedad privada y de la intimidad del europeo, o incluso que quizá no disponga de dinero suficiente para pagarse la comida, aun siendo ésta barata para el elevado estándar de vida de nuestros ricos países. De modo que la chica decide sentarse frente al tipo y sonreírle amistosamente. A lo cual el africano contesta con otra blanca sonrisa. A continuación, la alemana comienza a comer de la bandeja intentando aparentar la mayor normalidad y compartiéndola con exquisita generosidad y cortesía con el chico negro. Y así, él se toma la ensalada, ella apura la sopa, ambos pinchan paritariamente del mismo plato de estofado hasta acabarlo y uno da cuenta del yogur y la otra de la pieza de fruta.

Todo ello trufado de múltiples sonrisas educadas, tímidas por parte del muchacho, suavemente alentadoras y comprensivas por parte de ella. Acabado el almuerzo, la alemana se levanta en busca de un café. Y entonces descubre, en la mesa vecina detrás de ella, su propio abrigo colocado sobre el respaldo de una silla y una bandeja de comida intacta.

Dedico esta historia deliciosa, que además es auténtica, a todos aquellos españoles que, en el fondo, recelan de los inmigrantes y les consideran individuos inferiores. A todas esas personas que, aun bien ntencionadas, les observan con condescendencia y paternalismo. Será mejor que nos libremos de los prejuicios o corremos el riesgo de hacer el mismo ridículo que la pobre alemana, que creía ser el colmo de la civilización mientras el africano, él sí inmensamente educado, la dejaba comer de su bandeja y tal vez pensaba: "Pero qué chiflados están los europeos".



obrigado, Dila
obrigado  Juan Luis Aguirre Peña

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Romaine Brooks : Peter (A Young Girl Inglês), 1923-24
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CUIDAR DOS FILHOS, UMA OBRIGAÇÃO?

        No programa da Ana Maria Braga, de hoje, foram mostradas cenas de espancamento de uma menina, por uma babá.

        A mídia tem essa obsessão de nos fazer infelizes, desde as primeiras horas da manhã.

        Desconsiderando esse fato, são uma barbárie atitudes como estas, de um adulto agredindo uma criança indefesa. Mas vamos procurar ver outros ângulos da questão.

Certamente, a babá escolhida é uma pessoa despreparada para a função. Provavelmente é uma pessoa que foi maltratada na infância e só conhece esse tipo de “educação”. Os pais da menina podem não ter tido muita sorte ao contratar uma pessoa para cuidar de sua filha.

Existem excelentes creches e escolas maternais, soluções alternativas para pais ocupados. Essas instituições exigem, entretanto, a coparticipação dos pais ou responsáveis. E, nem sempre a convivência com os filhos é prioridade.

Muitas vezes, a falta de tempo gera situações complicadas, mas quero mostrar outro lado. Quero mostrar, ao pais, as vantagens de acompanhar seus filhos em todas as fases de sua vida.

Alguém já disse que a função dos filhos é educar os pais. Sábia afirmativa. Eu tenho aprendido muito no relacionamento com meus filhos. Conviver com eles nunca foi um fardo, foi um privilégio.

Não precisei obrigar meus filhos a estudarem. Eles é que sempre me procuram para sanar dúvidas a respeito de suas disciplinas.

Através de minhas filhas conheci o encanto do balê. Aprendi a importância do esforço, da disciplina, do trabalho em equipe. Guardo um carinho especial pela diretora da escola, minha parceira educacional.

Meus filhos nunca me faltaram com o respeito. Eu, também, nunca os desrespeitei. Posso ser processado por isso, mas já dei umas palmadas na bunda deles. A meu favor, tenho o argumento de foi no “calor da ação” e sempre admiti que havia me excedido.

Hoje, tenho a estranha sensação de que meus filhos me tratam como dependente deles. Noto até a sua preocupação de me encaminharem para o que lhes parece o correto.

Modestamente, sou um bom pai. Mas não sou o único. A maioria dos meus amigos, que são pais, também são bons pais. Eles sabem o que estão ganhando.


CUIDE DAS CALÇADAS, PREFEITO





sexta-feira, 25 de maio de 2012





O ÚLTIMO BAILARINO DE MAO

Há algum tempo, li o excelente Adeus, China – O último bailarino de Mao, autobiografia de Li Cunxin.

O livro é emocionante. A gente o lê, torcendo pelo pequeno Li, que, com muitas dificuldades, vai vencendo todos os obstáculos, a partir de uma infância paupérrima, no interior da China comunista. A história de Li Cunxin é também um libelo contra a tirania.

Ontem, vi o filme. Embora compactada, a história de Li mantém a mesma emoção. Acrescenta, ainda, imagens que só o cinema pode fornecer. A cena em que Li, após ter sido banido de seu país natal, reencontra seus pais, de surpresa, em uma apresentação nos Estados Unidos, é pura poesia. Duvido que alguém consiga enfrentar aqueles momentos sem chorar, pelo menos por dentro. Eu não consegui.

O final, apoteótico, mostra Li dançando, na sua aldeia, para o mestre chinês que o influenciou decisivamente. É também cena belíssima, feita para se guardar para sempre na mente (e no coração).




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BONI
Olhem, o Boni deu nos dedos da mídia em geral. É por essas  e outras que cada vez tenho menos vontade de ver televisão

Vale a pena reproduzir as palavras de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, a respeito da televisão aberta, na atualidade, em entrevista à Larissa Roso, em ZH, 21/04/2012

Qual é o futuro da televisão?

Tudo o que é enlatado, tudo que a TV pode produzir previamente, vai parar no vídeo on demand, que é a possibilidade de você pagar para ver como um pay per view, na hora em que você quiser, onde você estiver.
É a extinção da grade da televisão. Essa grade que conhecemos hoje está inteiramente superada. A TV tem que se dedicar mais a jornalismo, esporte e eventos ao vivo. Tem que ganhar, em relação à internet, em velocidade. Imediaticidade será o objetivo.
Coberturas ao vivo terão que de acontecer com frequência e não esporadicamente.
A TV vai ter que arranjar meios de ser um grande Big Brother. Tem que usar as câmaras da Prefeitura, as câmaras de segurança dos edifícios, dos shoppings. Não vai poder mais arquivar notícia para exibi-la em determinado horário. Tudo para brigar com a internet.

O Brasil está muito atrasado?

Muito. Estamos acomodados, vivendo a fase de implantação da TV digital, sem nos preocuparmos com o futuro. Tem gente que diz que devemos ter um olho no futuro e outro no presente. Eu não, tenho os dois olhos no futuro e os dois pés no chão. Como a tecnologia sempre nos atropela, acho que estamos tão lentos, tão lentos, que sofreremos um grande atropelamento.

O entretenimento vai perder espaço para o noticiário?

Grande parte, sim, para o streaming do vídeo e o vídeo on demand. Hoje, seriados e filmes são baixados com rapidez razoável na internet. Considero a internet e a telefonia móvel,aliadas. É uma maneira de ampliar a distribuição do vídeo. Tudo isso é uma coisa só: televisão.

Como essas mudanças vão alterar o dia a dia de quem vê novela?

A novela é uma coisa típica do Brasil e de alguns países latino americanos e vai manter sua fidelidade. É o entretenimento que menos sofrerá. O espectador participa muito, é uma forma de obra aberta. As emissoras que tentaram fazer novela como uma obra fechada, viram que não deu certo. Você tem que escrever e acompanhar os anseios do telespectador. É um gênero que vai resistir às mudanças.

E as séries com um episódio por semana?

Terão que ser alteradas. Vão sair da grade. Todos os enlatadas terão que sair. A TV não sobreviverá com enlatados, a não ser as estações segmentadas, como um canal que só passa seriados policiais.

Quando? Agora?

O tempo já passou. Vejo com angústia que as coisas continuam iguais há muito tempo. Não vi mudanças significativas nestes 12 anos depois que deixei a Globo. A única coisa que surgiu de novidade foi o Big Brother. Tem gente muito boa na TV, mas é preciso ter uma contribuição de fora, de conteúdo, de autor. A TV tem que ousar, trazendo gente sem vício de fazer TV, senão fica tudo igual. A mesmice é cansativa.

O que o senhor tem observado em outros países?

Nos Estados Unidos, vejo um grande esforço para melhoria de conteúdo. De 2005 para cá, o conteúdo das séries melhorou muito. Depois daquela greve dos roteiristas (entre 2007 e 2008), as emissoras trocaram os velhos profissionais de televisão por gente que estava no cinema, gente nova, criativa. As séries norte-americanas são muito interessantes.  Imagino que também vão parar no vídeo on demand, mas são muito interessantes. A TV americana está ampliando os horários de jornalismo. O que era de meia hora passou a ter duas horas. O volume de informação cresceu muito.

Nossos canais tem pouca informação.

Sim. O volume de notícias nos canais abertos é pequeno. As redes tem que abrir mais espaço para a TV local e a regional. A grande arma da TV contra as redes sociais, a internet e a telefonia celular será a cobertura intensa das coisas locais e regionais. Não vejo isso como futurólogo. É uma experiência do passado projetada no futuro.

A CNN apresenta noticiário a maior parte do tempo e se repete muito. Torna-se cansativo.

Esses canais, como a CNN, todos são malfeitos. Imagino algo mais amplo que simples informação de política e polícia. Você tem serviço a prestar, de uma forma que não seja aquele boletim de notícia que se repete de hora em hora quase sempre com a mesma notícia. Isto é pouco investimento, preguiça ou falta de percepção daquilo que o mercado quer. Este modelo de estação de hard news que fica repetindo as notícias mais importantes, também está ultrapassado. A CNN está ultrapassada há 10 anos. Mas isso é lá com eles. Quem sou eu para dar palpite?

A programação ao vivo se impõe quando ocorre algo espetacular, uma tragédia de grandes proporções. Mas como investir na transmissão em tempo real num dia de marasmo?

Temos de parar de fazer jornalismo de agenda. Falta jornalismo investigativo e de prestação de serviços. Essas duas coisas podem ser feitas e podem ser extremamente úteis independentemente de um grande acidente. A televisão não pode ficar à espera da queda de um avião. Ela tem que criar. É raro encontrar um matéria feita com exclusividade.








quarta-feira, 23 de maio de 2012


BLOGUE PARCEIRO

Estamos inaugurando blog profissional, na área  de projeto e instalação  de sistemas  de som e iluminação. 
O nome dele é Magia de Luz e Som e seu link é:




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QUESTÕES ONÍRICAS

Dormir, dormir... sonhar talvez.
William Shakespeare
Quando a luz acende é uma tristeza, trapo, presa
Minha coragem muda em cansaço
Toda fita em série que se preza, dizem, reza
Acaba sempre no melhor pedaço
Aldir Blanc
Sonhar é acordar-se para dentro. 
Mário Quintana
Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.
 
Fernando Pessoa
"Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão"
 
Chico Buarque
Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar. 
Marcel Proust
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
 
Fernando Pessoa 
Hoje já não durmo para descansar, durmo para sonhar
Walt Disney
A coisa mais legal para mim é dormir, porque ao menos eu posso sonhar 
Marilyn Monroe
Alguns homens veem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não?' 
George Bernard Shaw
Ah, memória, inimiga mortal do meu repouso! 
Miguel de Cervantes

Será que a realidade não é apenas a plataforma do grande jogo que é sonhar?

segunda-feira, 21 de maio de 2012


blogue do zeca
a classe operária vai ao paraiso


A CULPA É DO LULA

        Os oito anos do governo Lula ficarão, na história republicana do Brasil, como os anos em que mais de trinta milhões de brasileiros saíram da linha da miséria. Isso não é pouco. Poucos países conseguiram fazer isso em pleno regime democrático.

         Esse feito foi reconhecido pela UNESCO que considerou o programa Bolsa Família como programa modelo para erradicação da miséria.

         O custo deste esforço foi enorme, em termos políticos, pessoais e financeiros. O escândalo do mensalão é só um exemplo, revelador da estrutura carcomida de nossa política.

         Esse fato já é história. Quero falar, aqui, em desdobramentos que costumam passar despercebidos no nosso dia a dia. A grande massa humana que deixou a miséria passou a consumir, até com avidez. A base creditícia, implantada pelo governo, facilitou tudo.

         Essa imensa população recebeu recursos, mas não educação.

         Nós, a antigamente chamada classe dominante, tivemos que dividir espaço com a nova classe. Esta, antes, sem recursos até para sobreviver, vivia em silêncio em seus casebres. Agora circula nos mesmos espaços em que circulamos. Como para eles, consumir é novidade, cometem este privilégio com grande estardalhaço.

Os carros e motos usados que adquiriram possuem seus escapamentos em petição de miséria. Mas isso é motivo de júbilo para eles, porque precisam mostrar a todo mundo que agora tem esses objetos de desejo. Muitos colocam equipamentos de som em seus veículos e o usam em alto volume, pelo mesmo motivo.

         Lembram que nas TVs abertas podíamos assistir bons filmes na madrugada? Agora não mais. Agora só filmes de pancadaria, bem ao gosto da classe emergente.

         Se deram conta que os noticiários, em nossas mídias, viraram crônicas policiais, espargindo sangue? É o que agrada a nova classe emergente.

         Os crimes também aumentaram. São os emergentes partidários do “vai ou racha”.

         Pois é, tudo culpa do Lula.