domingo, 30 de novembro de 2014




O Imperativo da Inclusão


Além de ser um problema moral, a exclusão social custa caro. Para combatê-la, é preciso mirar alvos claros, ter financiamento adequado e dados precisos


Grandes avanços foram feitos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) desde que eles foram definidos em 2000. Mas, infelizmente, muitos países ainda estão muito longe de atingi-los. Mesmo as nações que fizeram um progresso substancial, alguns grupos – incluindo povos indígenas, moradores de favelas e áreas remotas, minorias religiosas e sexuais e pessoas com deficiência –  ainda são constantemente excluídos. Como apontou um relatório recente do Banco Mundial, entender o porquê é essencial para garantir que esforços futuros para o desenvolvimento sejam mais eficientes e inclusivos.
A exclusão econômica e social não é apenas um problema moral, mas também é caríssima. Um relatório do Banco Mundial de 2010 sobre a exclusão dos ciganos dos sistemas econômicos e educacionais na Europa estimava uma perda de produtividade de pelo menos 172 milhões de dólares na Sérvia, 273 milhões de dólares na República Tcheca e 600 milhões de dólares na Romênia (calculada utilizando as taxas de câmbio de abril de 2010).
Essas perdas refletem as consequências de longo alcance da exclusão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Banco Mundial descobriram que crianças com deficiência têm menos chances de ingressar em escolas do que os seus pares não deficientes – e que entre elas há um índice maior de evasão escolar. Na Indonésia, há uma discrepância de 60% entre crianças com e sem deficiências que frequentam o ensino fundamental e uma diferença de 58% no ensino médio. O sentimento resultante da exclusão e da alienação pode enfraquecer a integração social e até mesmo levar à agitação e conflitos.

A agenda nova de Desenvolvimento Que Ira suceder OS ODM reflete Uma Consciência Mais aguda da importancia da Inclusão crucial. Sem Seu Relatório Sobre a agenda Pós-2015, o Painel de Alto Nível de Pessoas Eminentes enfatizou a Inclusão, declarando que "nenhuma à Pessoa - independentemente de etnia, género, Localização Geográfica, Deficiência, Raça OU Outra Condição - devem SER negados OS DIREITOS Humanos Universais e Oportunidades Econômicas Básicas ". A agenda nova de Desenvolvimento, Afirma o Documento, DEVE "Acabar com a discriminação" e "enfrentar a Pobreza, Exclusão um eA Desigualdade".

Dado isto, não surpreende que a inclusão seja a pedra angular da ambiciosa nova proposta para os sucessores dos ODM, os Objetivos Sustentáveis Para o Desenvolvimento (OSD) – começando com o processo de seleção dos objetivos, em que os países em desenvolvimento têm sido protagonistas.

Atingir os objetivos para a inclusão social e econômica não será fácil. Os alvos devem ser bem definidos, mensuráveis, executáveis e amparados por monitoramento e avaliações eficientes, bem como por estruturas comuns de responsabilização. Além disso, deve ser criado um sistema para ajudar os países a transformar os objetivos globais acordados na Organização das Nações Unidas (ONU) em medidas concretas que se adaptem às suas circunstâncias econômicas e normas sociais particulares.

Para atingir este fim, este ano o governo mexicano sediou uma série de seminários que reuniram representantes governamentais, agências da ONU, bancos de desenvolvimento multilaterais e o meio acadêmico para compartilhar visões e as melhores práticas e metodologias para implementar, avaliar e monitorar objetivos inclusivos e sustentáveis. Essas discussões se basearam no compromisso da comunidade internacional em enfrentar as causas estruturais da pobreza, desigualdade e degradação ambiental.

A inclusão social e econômica está no centro dos objetivos do grupo do Banco Mundial de erradicação da pobreza extrema e promoção da prosperidade partilhada. Afinal de contas, esses objetivos não podem ser atingidos a menos que o investimento em desenvolvimento beneficie a todos. Garantir isso requer o enfoque em grupos que têm sido repetidamente marginalizados. É por isso que o grupo do Banco Mundial escolheu a igualdade como principal tema da reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) deste ano.

Políticas e programas que buscam a inclusão social não necessariamente fazem mais; em vez disso, fazem as coisas de outro jeito. Com essa abordagem, a África do Sul, saindo de uma condição de segregação institucionalizada, fez um progresso considerável na direção do ideal de uma “nação arco-íris” em apenas duas décadas.

De modo similar, Bangladesh avançou na questão da inclusão ampliando a participação no seu antes excludente sistema informal de justiça, o shalish. O Programa de Redução da Pobreza nas Montanhas do Norte, no Vietnã, criado para oferecer serviços sociais melhores e uma infraestrutura sustentável para os moradores pobres da região, demonstrou o papel crucial que os membros das comunidades de minorias étnicas podem ter nas iniciativas de desenvolvimento.

Mahmoud Mohieldin E o enviado especial do presidente do Banco Mundial Sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Maria Beatriz Orlando E Especialista Sênior em Desenvolvimento afazeres sociais Banco Mundial. 

(Tradução: Roseli Honório)
© Project Syndicate 2014
Veja 29/11/2014


quarta-feira, 26 de novembro de 2014




Francisco Goya - 3 de maio de  1808



coisas que intrigam

SE NÃO EXISTE NADA MAIS CERTO DO QUE A MORTE, PORQUE TANTA GENTE TRATA A MORTE COMO EXCEPCIONALIDADE?


segunda-feira, 24 de novembro de 2014






CRENDICES

Uma vez, resolvi defender a existência de Deus para meu analista, em plena sessão. Ele disse que minhas crendices não tinham espaço no tratamento. Fiquei muito ofendido. Ora, tratar meus sentimentos mais transcedentais como "crendices". Ele comparava-me com um adorador de religião africana, um praticante de saravá.

Nãe esqueco a cena e, agora, muitos anos depois, vejo como fui idiota e preconceituoso. Meu terapeuta estava certo, como sempre esteve certo em tudo que disse. Eu não tinha maturidade para entender certas coisas.

Crendice é aquilo que se crê. A crendice é a estrutura básica de tudo que é religião, da católica, à protestante, à muçulmana, espírita, etc. Também é a essência da ideologia. Dito assim, parece simplificação mas é  assim mesmo. Podemos substituir a palavra crendice ou crença por magia. É tudo a mesma coisa. Já li que o ato da oferenda, na missa católica, é ritual de magia branca. Pode ser.

A visão religiosa permeia grande parte de nossa vida. No Face, postaram que um copo d'água antes de dormir evita AVC. Esta é uma interpretação religiosa, tão religiosa como aquela que pede para curtir a imagem de Nossa Senhora. Isso também vale para muito posicionamento político.

Vejam bem, não sou contra religião, como não sou contra a política. Essa são uma posturas individuais e deve ser respeitadas, mas penso que essas coisas precisam ser tratadas friamente, baseadas em em experimentação científica. Precisamos ter consciência disso para evitar muito sofrimento.

Se houvesse essa consciência em nível mundial não teríamos hoje o genocídio de cristãos por muçulmanos radicais. Afinal ambas as religiões tem o mesmo princípio,   dependem da fé para existir.

domingo, 23 de novembro de 2014





BONS TEMPOS, HEIN?

Os anos setenta foram o máximo para quem queria ganhar dinheiro. O país estava encharcado de empréstimos dos árabes. Eles resolveram cobrar pelo petróleo e ficaram riquíssimos. As obras pipocavam em toda  a parte. Como não  havia uma  estrutura jurídica de verdade no Brasil (estávamos sob a égide do AI-5) quem quisesse ganhar dinheiro com obras públicas estava  feito.

O esquema funcionava assim: o cargos chaves do governo eram ocupados por oficiais de  alta  patente. Esses militares tinham limitado  seu orçamento familiar, porque havia um viés moralista nos altos  escalões  do governo. Então as grandes empreiteiras (e até as pequenas) mandavam convite para o general ou coronel, que cuidava do dinheiro público, para grandes festanças, em locais chiques.

Essas festas, mesmo para quem tinha convite, eram caras. Exigiam roupas, sapatos, cabelereiros e mesmo automóveis melhores. Logo, o militar, pressionado pelos  novo status da família, estava enforcado financeiramente. Era aí que entrava o representante da empresa, o doleiro da época.

Trabalhei, como arquiteto, em uma organização federal. Logo ao chegar, me mandaram receber uma obra bem grande. O empreiteiro, muito simpático, me acompanhou. Disse que  era filho de um general muito influente no governo militar, ou "revolução" como era chamada. Falou que tinha se formado em engenharia  metalúrgica, mas viu que  se ganhava dinheiro com obras públicas.

Montou uma empreiteira, cuja organização espacial era uma  pasta zero zero sete. O telefone da empresa era o do  açougueiro vizinho. Logo ganhou uma obra enorme.

Chegamos ao local. O prédio construído era um monstrengo, era impossível enumerar o que estava certo, tal era a tortura das paredes e o mau acabamento de pisos,  esquadrias, etc.

Verifiquei que para receber a obra corretamente, ela teria que  ser posta abaixo, o que era  inviável, tendo em vista que já tinham sido aprovadas as etapas anteriores. Senti a maldade de meus colegas. Lembrei, também, a importante informação  de que o pai era general, destacado membro do governo. Recebi a obra sem nenhuma restrição. Era uma escola e, mais  tarde, seu diretor faria pesadas queixas da qualidade do prédio.

O empreiteiro, jovem como eu, ficou muito agradecido e como amigo, acompanhei sua meteórica  carreira. Em pouco tempo, seus prédios foram ficando  razoáveis. Ele comprou uma  mansão na  zona sul e  uma  mercedes prateada.

Contou-me, uma ocasião que, acidentalmente, ouviu um telefonema de um membro do  sindicato da construção civil em se  combinava o superfaturamente de uma obra, com a licitação arranjada. Ficou sabendo do menor valor e, espertamente, entrou no certame com um preço um pouquinho menor, ganhando a licitação. Seus colegas ficaram furiosos com ele, mas, como era  filho do general, ficou por isso mesmo.

Os membros da organização em que atuava, senhores respeitáveis, a primeira coisa que faziam ao  receber o cargo, era colocar sua amante no mesmo emprego, para controlá-la e  para que fosse paga com o meu, o seu, imposto. Houve um presidente da organização que não  satisfeito de colocar duas  amantes,  empregou marido de uma delas, que era açougueiro. Foi o caso, exemplar, de um corno remunerado.

Como a inflação era alta, todos que podiam, guardavam seu dinheiro no over night, que era uma maneira de ganhar dinheiro com a inflação. Pois esses senhores respeitáveis desviavam enormes quantias  do governo para suas contas pessoais e faturavam no over night até o pagamento da  fatura.

Poderia denunciar a roubalheira, mas para quem? Não havia justiça, a imprensa era amordaçada. O resultado de uma denúncia seria a perda do emprego, com sorte. Sem sorte, o resultado poderia ser bem pior.

Esqueci de contar o que houve  com meu amigo empreiteiro. Reunia os amigos em uma mesa de bar para contar suas conquistas amorosas. Um dia, ao chegar em casa, pegou a esposa com um amante, na cama do casal. Vendeu tudo, menos  a mercedes e transferiu-se para a Bahia. Soube que fez o maior sucesso lá.

Hoje, vejo que aquele pessoal era mero aprendiz de feiticeiro.



BOSSA NOVA

Assisti, no youtube, algumas interpretações  de Márcio Faraco. São músicas lindas, muito românticas. Soube que seu parceiro é o também alegretense, Paulo Berquó Farias. 


Márcio Faraco mora na França e faz o maior sucesso lá. Seu forte é a bossa nova. 


Aliás, a bossa nova, o movimento musical mais importante do Brasil, é sucesso nos Estados Unidos, na Europa e até no oriente. Constantemente surgem novas melodias e novos arranjos de melodias clássicas, como as  de Tom Jobim, Vinícius e Carlos Lira. 


Quer ouvir bossa nova? Viaje. Aqui no Brasil ela não existe.