quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


COMO UM GAÚCHO SE SENTE
 

PÁRA DE CARRO, TARDE DA NOITE, NA SINALEIRA DA JOÃO PESSOA COM A IPIRANGA

 

VÊ O NOME NO LISTÃO DA UFRGS

 
 

ALGUÉM MEXE NA BOMBA PRA TENTAR “ARRUMAR” O CHIMARRÃO

 
 

ENTRA NO PRAIA DE BELAS EM DIA DE PASSE-LIVRE

 
 

ESTÁ PRA CHOVER EM PORTO ALEGRE

 
 
 

NÃO PAGA O SERVIÇO OPCIONAL NO BAR PINGÜIM

 
 

DURANTE A VIAGEM, FALA QUE É GAÚCHO E RESPONDEM COM “BAH GURI TRI-LEGAL”

 
 
 

PROCURA UM LUGAR NA REDENÇÃO DEPOIS DA CHUVA

 
 
 

INVENTA DE EXPERIMENTAR O TAL DO “TERERÊ”

 
 
 

FICA SABENDO QUE AS PLACAS “GAITAS CONSERTO” SÃO DE CLÍNICAS DE ABORTO CLANDESTINAS

 
 
 

VAI PRO RJ E ALGUÉM PEDE PRA DAR UMA SAMBADINHA

 
 
 
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

 
PAUL CÉZANNE - SEMANA DE PAIXÃO PELA PINTURA
 
 
Paul Cézanne nasceu em 19 de janeiro de 1839, no sul da França, na Provença, região procurada por muitos pintores e artistas pela luminosidade esplêndida e suave que fez e faz a delícia de quem por lá anda.
Sua cidade natal é a bela Aix-en-Provence, cuja natureza certamente influenciou seu bom gosto. Como uma das maiores figuras dos movimentos Impressionista e Pós-impressionista, Cézanne exerceu enorme influência na Arte Moderna.
A Provença foi sempre sua inesgotável fonte de inspiração e de ânimo na luta para conseguir dominar a arte que queria exercer em toda sua plenitude. Outros artistas pintaram essa região, mas foi Cézanne quem a transformou num lugar essencialmente dele.
 
 
Desde o início de sua carreira, Cézanne se interessou por naturezas-mortas. As que ele pintou entre 1895 e 1899, nas quais vemos lindas maçãs, laranjas ou peras, ora com belas cortinas, ora com cestas, mas sempre com peças em faiança, arranjadas sobre uma toalha branca jogada displicentemente sobre a mesa, são as mais conhecidas de suas obras. Acima: A Mesa da Cozinha. Abaixo: O Cesto de Maçãs
 
 
 
Lembram as pinturas flamengas do século XVII. O efeito conseguido por Cézanne, a plasticidade de sua linguagem artística, dá novo fôlego a esse tema. São quadros que combinam modernidade e beleza suntuosa.
O que é curioso é que para Cézanne a natureza morta é um tema como outro qualquer, equivalente ao corpo humano ou a uma paisagem, mas que se prestava especialmente bem às suas pesquisas sobre espaço, geometria dos volumes, correspondência entre cores e formas.
Ele aplicava a cor em grossas camadas, em pinceladas curtas, criando uma textura que enfatiza as formas geométricas. As maçãs, esféricas, são criadas com pinceladas regulares cuidadosamente arranjadas, paralelas, claramente visíveis quando se olha a tela de perto.
Era uma visão completamente diferente da de seus antecessores imediatos, os Impressionistas. Cézanne não queria pintar a impressão que a imagem lhe causava, ele queria pintar a própria imagem.
 
 
A imagem lhe era tão importante quanto o tema. A série de cinco telas Os Jogadores de Cartas é uma aula em Cézanne: a primeira versão (à esquerda) está na Barnes Foundation de Merion, Pensivânia. Os modelos são camponeses da região. Ele respeitava e admirava a vida do dia a dia dos camponeses pois, para ele, era isso o que mantinha vivos os valores tradicionais que ele acreditava estarem sendo ameaçados pelas modas vindas das grandes cidades.
A segunda é a do Metropolitan de Nova York, que ele reduziu à metade, dispensando inclusive uma das figuras; a terceira é a do Instituto Courtauld de Londres, já só com dois jogadores e algum espaço. 
Assim foi reduzindo a cena ao essencial até chegar à maravilha que vemos no Museu d’ Orsay, a quarta versão, onde as duas figuras, em silenciosa concentração, são dois volumes que separam o espaço em duas áreas simétricas, o que só acentua a oposição entre os dois. São jogadores, um quer vencer o outro:
 
 
 
 
 
A quinta versão pertence ao um colecionador particular, que vive em Estocolmo.
Para Cézanne a imagem dos camponeses concentrados em seu jogo de cartas é o contraponto vivo da paisagem da região, com a Montanha Sainte Victoire que ele pintou tantas vezes, tal o significado que tinha para ele.
“Hoje, na verdade, tudo mudou, mas não para mim. Vivo na cidade da minha infância e é com os olhar das pessoas da minha idade que revejo o passado. Amo acima de tudo mais a aparência das pessoas que envelheceram sem desprezar os costumes de antigamente”, ele escreveu a um amigo.
Paul Cézanne faleceu em 1906.
 
Extraído do Blog do Noblat
 
 
 



breve introdução à história da estupidez humana
 

        Quando eu era pequeno, recebi um dos maiores presentes que um pai pode dar a um filho: o acesso à sua biblioteca. A biblioteca era uma sala com estantes nas quatro paredes, preenchidas com livros de alto a baixo.

        Ali, naquele espaço, aprendi quase tudo que sei sobre ciência, filosofia, música, artes plásticas, sexo e sensualidade. Aprendi quase tudo que sei sobre a vida.

        De todos os livros, havia um que eu considerava um dos mais intrigantes. Era um calhamaço com letras miúdas, denominado “Breve Introdução à História da Estupidez Humana”.  Passava horas examinando aquele texto, em eram descritos erros absurdos, muitas vezes cometidos por pessoas esclarecidas, como cientistas e outras.

        Bem mais tarde, depois de formado em arquitetura, recebi cursar Engenharia de Segurança, em nível de especialização. Era matéria interessante, por estudar as relações de trabalho e segurança e, principalmente, pela ênfase que dava à prevenção de acidentes.

        Considerando a quantidade absurda que havia em acidentes de trabalho, principalmente na construção civil, área ligada à minha formação básica, considerei que seria uma atividade de futuro promissor.

        Que decepção!  Com raríssimas exceções, nenhum empresário queria gastar com segurança. Argumentavam que isso não os preocupava, porque havia mão de obra abundante e, em caso de acidente, a previdência oficial cuidava  dos mortos e mutilados. Alguns engenheiros de segurança se davam bem, indo trabalhar em indústrias, nas quais prestavam outro tipo de atividade. Com isso, os empresários cumpriam a legislação. A lei exigia um engenheiro de segurança para um determinado número de funcionários. O resto era maquiagem para burlar a fiscalização do Ministério do Trabalho.

        Essa tragédia em Santa Maria indica que nada mudou neste país, depois de tantos anos. O comandante do Corpo de Bombeiros, em entrevista, candidamente, disse que, embora sem alvará, a casa de shows tinha proteção contra incêndio, porque havia extintores instalados. Mas como, comandante, extintores que ninguém sabia usar? E a falta de brigada de incêndio, a falta de providencias específicas para a apresentação de uma banda  que usa fogo nos seus espetáculos, a falta de materiais não transmissores de chama e, principalmente, a falta de saídas de emergência, todas providências constantes em Normas Técnicas? E a prevenção, comandante?

        Comandante, a maioria dos jovens mortos sucumbiu por ter sido pisoteada e por inalação de fumaça tóxica. Morreram de acordo com a legislação?

        Tragédia anunciada! Santa Maria, cidade universitária. Eta, paisinho!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013





Henrique Eduardo Alves contrata empresa de laranja

VEJA desta semana revela que o favorito para vencer a disputa pela presidência da Câmara gasta verba do gabinete com uma empresa-fantasma
Adriano Ceolin, VEJA
Favorito para vencer a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, deputado federal há 42 anos, se apresenta como um profundo conhecedor dos meandros do Parlamento. Trata-se da mais pura verdade, como se verá a seguir.
Como todo deputado, o potiguar Alves recebe, além do salário, uma ajuda de custo de 32 000 reais para bancar as despesas do mandato. No seu caso, mais de um quarto desse dinheiro (8 300 reais) é gasto a cada mês com aluguel de veículos, segundo sua prestação de contas.


Ocorre que as notas fiscais que Alves apresenta para comprovar essas despesas são emitidas por uma empresa registrada em nome de uma laranja - ligada a um conhecido ex-assessor de seu partido.
A Global Transportes tem como endereço uma casa na periferia de Brasília. No papel, pertence à ex-vendedora de tapetes Viviane dos Santos. Localizada por VEJA, Viviane disse nem saber da existência de contrato com o deputado. Ela afirma que, na verdade, emprestou seu nome a uma tia - e admite que a empresa da qual é “dona”, e que supostamente aluga veículos, não possui um carro sequer.
A tia de Viviane, Kelen Gomes, que fornece as notas ao gabinete do deputado Alves, é quem tenta explicar: “Nós arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. Procurado, Henrique Alves primeiro disse que, quando está em Brasília, utiliza carro próprio.
Depois, corrigiu-se afirmando que o carro que usa na capital é alugado, sim, mas ele não se lembra nem mesmo do modelo. Por fim, mandou que um funcionário de seu gabinete, Wellington Costa, desse explicações. “Você acha que eu cuido disso?”, reagiu Alves. O funcionário, porém, foi de uma sinceridade rara: “Talvez o deputado não se lembre, mas foi ele quem mandou contratar essa empresa”.
Por trás da mamata está César Cunha, ex-assessor do PMDB. Ele foi sócio da Executiva, outra empresa que não existe no endereço declarado. A Executiva forneceu notas a Henrique Alves até se enrolar com a Justiça e ser substituída pela Global.
Desde 2009, Alves destinou às duas empresas, sob a batuta de César Cunha, 357 000 reais. Daria para comprar cinco carros executivos. Na campanha pela presidência da Câmara, Alves tem dito que trabalhará para limpar a imagem da Casa, manchada por escândalos. Pelo visto, terá de começar pelo próprio gabinete.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013




2º Caderno
08 de janeiro de 2013 | N° 17306

CLÁUDIO MORENO

  • Ouro puro

    Para Ana

    Desde menino, quando morava numa modesta aldeia alemã, Schliemann tinha a certeza de que iria encontrar um tesouro. Uma lenda local falava de um antigo senhor medieval que, tendo perdido o filho recém-nascido, enterrou-o num berço de ouro maciço – e sua fé era tamanha nessa história que várias vezes, ouvindo o pai se queixar da falta de dinheiro, sugeriu que ele pegasse uma pá e fosse desenterrar o bercinho nas ruínas do velho castelo.

    Fascinado pelas histórias de Homero, prometeu a Minna, seu amor da juventude, que eles um dia casariam e partiriam em busca das ruínas de Troia. A pobreza e a miséria, no entanto, afastaram-no para sempre da noivinha e do pequeno povoado. O destino o jogou daqui para ali, sempre em desvantagem, mas ele, mesmo nos piores momentos de incerteza, mesmo às portas da miséria ou da falência, mesmo diante do fracassado casamento com uma cidadã russa, jamais abandonou a certeza de que Troia devia estar em algum lugar, à sua espera.

    Às vezes, um relâmpago servia para reavivar o velho sonho. Quando trabalhava como simples caixeiro num armazém, num regime duríssimo que ia das cinco da manhã às onze da noite, conheceu um estudante alcoolizado que, em troca de um gole de aguardente, recitava de cor os cem primeiros versos da Ilíada, no original. Embora não entendesse uma sílaba sequer, a melodia quase mágica do Grego antigo fez Schliemann chorar de emoção, jurando que nunca ia desistir de aprender aquela língua.

    Com sorte e determinação, acabou se tornando um brilhante homem de negócios. Em 1869, rico como um marajá, resolveu que era hora de retomar sua procura. Convencido de que Troia ficava em algum lugar no litoral da Turquia, decidiu não começar as escavações sem antes achar uma mulher que o amasse de verdade e com ele compartilhasse suas descobertas. Confiante no destino, pediu a um amigo que encontrasse, na Grécia, uma esposa “jovem o bastante para ter filhos, amável, educada, apreciadora da arte e da literatura clássica e disposta a me acompanhar em minhas aventuras”. Quando recebeu a foto de Sophia Engastromenos, Schliemann, que era um bom avaliador de fisionomias, teve a certeza de que sua busca se encerrava ali.

    Depois de intensa troca de cartas, os dois terminaram casando para a vida toda. Os deuses haviam sorrido para ele, pois Sofia, além de bonita, meiga e inteligente, interessava-se por tudo que ele fazia e ainda se divertia em ajudá-lo em seus arrojados projetos. Todo o resto que ele fez, fez com ela a seu lado – e o sucesso internacional que conquistou por ter encontrado os restos de uma possível Troia não suplantou, em momento algum – são palavras dele a um amigo – o tesouro incomparável de sua felicidade doméstica.


    obrigado, Flávio