PERDEMOS
A aceitação
dos embargos infringentes, pelo STF, foi a pá de cal na justiça brasileira.
Nada contra os réus da AP 470. Eles estão lutando por sua absolvição. A nova
instância gerada pelo Supremo, que, por definição, deveria ser a última, fez a
felicidade de todos os corruptos e malfeitores que aguardam julgamento naquele
tribunal.
Eles
são 535. Existem réus de todos os quilates aguardando julgamento no STF. Só
para citar exemplos exemplares, o processo de Paulo Maluf aguarda julgamento há
doze anos. Fernando Collor de Melo também está nessa fila há longos anos. O
chamado mensalão mineiro, mais antigo que a AP 470, também está lá, aguardando
julgamento.
O
Supremo Tribunal Federal foi criado para legislar sobre questões constitucionais.
Quando foi instituído, não era para ser uma vara de execuções penais. Não se
imaginava que o acesso delituoso ao bem público viraria rotina na política
brasileira. O STF não possui estrutura para tanto julgamento.
Nossos
corruptos homens públicos sabem disso. Quando subtraem dinheiro do povo, já
subtraem uma parte para o pagamento de excelentes advogados que os irão defender
e procrastinar. Dizem que alguns dos réus, ora acusados, vivem modestamente.
Pode ser. Entretanto, seus advogados recebem, para defendê-los, quantias que se
contam em milhões de reais.
Ora,
dessa maneira, o destino dos processos de todos os 535 acusados é o do arquivo,
por prescrição.
A
aceitação dos embargos infringentes definiu, definitivamente, uma fronteira. A
justiça para o pobre é uma, para o rico é outra.