a
herdeira
Pois
é, Dilma desce a ladeira. Qualquer analista político com alguma lucidez poderia
ter previsto isto. E muitos previram. Há algum tempo que se clamava contra os
gastos estratosféricos do governo federal, do descontrole fiscal, da falta de regramento,
que espanta o investidor, do descalabro da saúde pública, do desmonte do
sistema de transporte que apodrece nossa produção, encarecendo-a, etc., etc.
Mas
o governo seguia impávido rumo ao naufrágio, como Titanic seguiu rumo ao
iceberg. Dilma queria resolver os problemas da Nação dando incentivos. Ora para
a indústria automobilística, toda estrangeira, ora para os fabricantes de
eletrodomésticos linha branca, ora crédito para os participantes do programa
minha casa, minha vida. Todas medidas tópicas, pontuais. Bandeides contra hemorragia
profunda.
Dilma é herdeira de Lula. Lula fez dois
governos extremamente populares. Em seus mandatos, no Brasil foi criado o bolsa
família, que não só erradicou mais de trinta milhões de brasileiros da miséria
como irrigou com dinheiro toda uma rede capilar de pequenos negócios.
O governo Lula estendeu seu braço
diplomático para outras nações do terceiro mundo, que agora, em plena crise dos
países tradicionais, continuam se desenvolvendo, como os países africanos,
permitindo novos mercados exportadores.
O governo Lula trouxe a Copa do Mundo e
as Olimpíadas para o Brasil, o que, na época, serviu para exacerbadas emoções
patrióticas.
Então, o que houve? Por que bastou a
presidenta iniciar seu governo para as coisas começarem a dar errado?
Vamos ver. Lula pegou o bonde andando de
uma economia mundial que se desenvolvia extraordinariamente, capitaneada pela
China. No tempo de Lula, nossas commodities vendiam como água. Dilma chegou em
plena ressaca econômica.
Lula tinha a faca e o queijo na mão para
modernizar o Brasil, estimulando e encaminhando as reformas políticas, fiscais
e trabalhistas. Não o fez, mesmo tendo maioria esmagadora no congresso. Por que
não fez essas reformas Não se sabe.
No
Brasil, sempre o congresso foi subserviente aos interesses do executivo. O
congresso brasileiro é apático e preguiçoso. Somente 30% das leis brasileiras
são de iniciativa dele. O restante é do executivo. O congresso brasileiro é tão
passivo que aprovou até o furto de Collor à poupança brasileira. Lula tinha
confortável maioria no congresso. Ainda assim, seus assessores mais diretos
ainda criaram o mensalão para aumentar ainda mais essa maioria. Por quê? Para
que? Não se sabe.
Sem as reformas modernizadoras, o Brasil
patinou crescendo pouco, enquanto o resto do mundo crescia muito. No período
Lula, a sociedade como um todo teve expansão econômica pela quantidade enorme
de dinheiro que o governo injetou no país. Mas esse estímulo creditício, junto
com todas as outras bondades governamentais, haveria de acabar, por exaustão.
Dilma pegou um país de ressaca, depois
do grande porre com dinheiro do governo.
Dilma, em pese seu passado correto de
administradora, não é política, nem nunca será, não é seu perfil. Entretanto,
Lula utilizou todo seu prestígio para consagrá-la nas urnas.
Lula é um estrategista excepcional.
Certamente sabia que sua herdeira daria com os burros n’água. Por que fez isso?
Não se sabe.
Sabe-se
com certeza que a sociedade cansou de Dilma e de seu governo corrupto e
ineficiente.