segunda-feira, 30 de abril de 2012


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UM AMOR PARA TODA A VIDA

        Alfredo era apaixonado por Ieda. Na verdade, perdidamente apaixonado por Ieda. Estava convicto de que Ieda era a mulher da vida dele.

        Naqueles dois anos de idas e vindas, Alfredo lamentava ter sido covarde e não ter declarado seu verdadeiro amor por Ieda. Isso poderia ter mudado o destino dos dois. Pois Alfredo e Ieda tinham nascidos um para o outro. Casariam e teriam muitos filhos.

         Tudo isso hoje iria mudar. Ele a esperaria na saída de seu emprego, a convidaria para um café e, ali mesmo, abriria seu coração. Estava receoso de uma possível rejeição, mas isso não poderia acontecer. Seu amor por ela era mais forte.

        Aguardou, no fim da tarde, em uma rua erma pela qual Ieda sempre transitava. Enquanto pensava no que dizer, ela passou por ele tão rápida, que não conseguiu chamá-la. Foi atrás. Ieda, quando viu que estava sendo seguida, acelerou o passo.

        Estavam quase correndo quando Alfredo, finalmente, conseguiu segurar firmemente o braço de Ieda.

        Ela, abruptamente, virou-se e acertou-lhe três tiros no peito, com a Glock, presente de seu ex-marido. Alfredo já estava morto quando se esborrachou no chão


MORAL DA HISTÓRIA: CUIDADO AO ABORDAR UMA MULHER. ELAS SÃO MUITO NERVOSAS

        

domingo, 29 de abril de 2012

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Franz Marc - dois cavalos, vermelho e azul - 1912
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Pierre Auguste Renoir - M. et Mme. Bernheim de Villers, 1910

ESTOU ORGULHOSO DE MEU PAÍS. JÁ TEMOS O NOSSO AL CAPONE! ALIÁS, ELE É MUITO MAIS. É PARTE DA ESTRUTURA DE UMA CLEPTOCRACIA.

A GÊNESE DESSA SITUAÇÃO FOI A NECESSIDADE DO EXECUTIVO DE COOPTAR O LEGISLATIVO. NO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE, O SUBORNO ERA FEITO COM CARGOS. NO GOVERNO LULA, A TÉCNICA FOI SIMPLIFICADA E O SUBORNO PASSOU A SER EM DINHEIRO MESMO. 

TORNOU-SE PARTE ESSENCIAL DA TOMADA DE PODER PELO PT. AGORA, ATÉ O PT FOI SUPLANTADO PELO LULISMO. VIVEMOS EM UMA JELÉIA GERAL. QUE VERGONHA!


DIZEM QUE A GUERRA É A EXTENSÃO DA  POLÍTICA. O QUE ESTAMOS VENDO É O CRIME SER A EXTENSÃO DA POLÍTICA

BRASÍLIA - O conjunto de gravações da Polícia Federal sobre as relações entre Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o bicheiro Carlinhos Cachoeira mostram que em março de 2011 o senador tentou indicar uma pessoa ligada ao bicheiro, a pedido dele, para os quadros da Receita Federal. Esse era o período em que Demóstenes estava aprofundando seus laços com o braço internacional da quadrilha, mantendo contato e fechando negócios com o argentino Roberto Coppola, apontado pela PF como um "mega empresário argentino do caça-níqueis" e consultor de Cachoeira na Argentina e Uruguai.
Para tentar pôr um nome de Cachoeira na Receita, mesmo sendo um dos principais líderes da oposição, Demóstenes procurou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), ex-ministro da Fazenda e ex-secretário da Receita. O diálogo gravado pela PF mostra que Dornelles não aceitou ajudá-lo, frustrando a quadrilha:
- (Dornelles) diz que não tem nenhuma influência lá. Eu falei "mas e se houver, você apoia uma indicação?" Ele falou assim "o Fisco não recebe indicação política. Não recebe indicação política". Ou seja, o cara lá deve ser dele, mas ele não quis assumir - diz Demóstenes para Carlinhos.
Não satisfeito, Cachoeira faz uma lista de pedidos:
- É verdade.... O cara da Anvisa, você podia ligar pra ele pra mim... E o Pagot também... Vê essas duas coisas aí - pede o bicheiro.
Demóstenes também defendeu os interesses comerciais de Cachoeira fora da região Centro-Oeste. O senador se comprometeu a ir a Santa Catarina receber Coppola. O telefonema é de 17 de março de 2011. Cachoeira faz o pedido, sem cerimônia:
- O Roberto, o argentino, ele vai tá lá. Ele vai tá lá em Santa Catarina. Você podia receber ele lá um pouquinho pra mim. Sábado de manhã. Vê com ele pra mim.
- Vejo - diz Demóstenes.
Em outra gravação, feita em 13 de agosto, Cachoeira liga para Lenine Araújo de Souza, seu braço-direito. Lenine diz que está no restaurante Porcão em Brasília, com Coppola. Em seguida, Lenine repassa o telefone para o argentino, que, após cumprimentos protocolares, avisa que está acertado um negócio envolvendo Demóstenes:
- Escuta, o negócio do Demóstenes, ela (sic) está para o final do mês. Estou mandando.
- Ah, excelente. Ele perguntou ontem - afirma Cachoeira.
Em outra gravação, Cachoeira pede a um de seus funcionários para que usasse a suposta influência de uma aliada junto ao ex-premier italiano Silvio Berlusconi, para que Demóstenes fosse convidado a visitar a Itália e faturasse politicamente com a decisão do governo brasileiro de não extraditar Cesare Battisti.
Segundo a PF, Demóstenes foi usado pela quadrilha até para pedir que policiais envolvidos em grupos de extermínio fossem transferidos de um presídio em Mato Grosso para Goiás.


fonte: Agência O Globo

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Ao URBANASCIDADES, meu agradecimento

sábado, 28 de abril de 2012

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E A PRIVACIDADE? PERDEMÔ-LA

Em meados deste mês, o senador americano, Al Franken, democrata de Minnesota, encarregado de uma investigação sobre a privacidade dos cidadãos, afirmou que os modelos da vendas das empresas GOOGLE E FACE BOOK são inteiramente baseados na venda de dados dos usuários. Arrematou: “Você não é cliente de uma dessas companhias. Você é o produto que elas vendem”.

A intimidade não é mais tão íntima como no passado.

O que isto significa para nós? A privacidade é assim tão importante? Atualmente, escancarar o que antes acontecia entre quatro paredes virou febre coletiva, esporte internacional, tanto nos reality shows quanto nas redes sociais. Isso é importante? Repito a pergunta.

É importante, sim. Para as empresas e o Estado, isso é muito importante. No embalo da cultura exibicionista, essas entidades podem e estão ganhando dinheiro, prestígio e voto. O poder econômico foi além da perda de privacidade e aprendeu a faturar em cima desse fenômeno.

Fiquemos atentos. Nas ditaduras, a privacidade não existe. Nas democracias, o Estado tem o dever de garantir privacidade a seus cidadãos. Alguma coisa vai mal quando nossa privacidade vai para o espaço. Havia uma pichação que afirmava: A globo te faz de bobo. Não estaremos fazendo papel de bobo?

Baseado no artigo “Os seus segredos estão por um fio”, de Eugênio Bucci, revista Época 727.

         

sexta-feira, 27 de abril de 2012



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RAPSÓDIA E REPORTAGEM
        
Alguém já disse que a literatura moderna tem duas origens, Cervantes e Stendhal. Simplificando, rapsódia e reportagem. No jazz, pode-se falar em genealogias assim distintas num caso, o dos saxofonistas tenores. Uma linha descende de Coleman Hawkins – som cheio, muito vibrato, lirismo explícito – e a outra descende de Lester Young, o homem que inventou o “cool”,

         Exemplos da prole Hawkins: Sonny rollins, Zoot Sims. Exemplo da prole de Young: Stan Getz, pelo menos no tom, pois ele também podia ser rapsódico. As duas linhas se juntaram para desaparecer, quando todo mundo passou a tocar como John Coltrane.

         Entre os pianistas de jazz existe uma distinção parecida, a dos prolixos e a dos lacônicos. A linha dos prolixos vem de Art Tatum, passa por Bud Powell, chega ao auge em Oscar Peterson e hoje é representada por Keith Jarrett e similares. São pianistas de, literalmente, mão cheia, e de teclado inteiro.

         Têm tanta técnica que neles qualquer tipo de laconismo significa um desperdício, uma orquestra sinfônica para um dó do Piccolo. Já os lacônicos são maus pianistas, mas músicos mais intrigantes. Horace Silver, por exemplo, transformou a falta de técnica na sua principal virtude.

         Toca o “funk” percussivo básico, mais para o gospel e o blues do que para qualquer outra coisa, o que não impediu que fosse um dos nomes do jazz moderno. Thelonius Monk também tocava mal, ou pouco, o que determinou seu estilo excêntrico de compor e de interpretar.
              
         Há uma gravação famosa de “The Man I Love” em que Miles Davis perde a paciência com um longo intervalo silencioso em um solo de Monk e entra no meio, como se quisesse acordar o pianista. Não é improvável que Monk estivesse mesmo dormindo.

         Os mais bem sucedidos dos lacônicos foram John Lewis, que fez do Modern Jazz Quartet uma extensão de sua obra com a limpidez, e cujos solos eram depurados quase ao ponto do preciosismo e, mais do que Lewis, o legendário Count Basie, que deixava sua banda fazer todo o barulho que ele não fazia no piano, onde se limitava a pouquíssimas notas, mas as notas certas.

         Este texto aí de cima é de Luiz Fernando Veríssimo. Veríssimo sintetiza muito bem duas escolas de música. Discordo, entretanto, dele, quando afirma que os pianistas lacônicos tocavam (ou tocam) mal e desenvolveram um estilo a partir de suas deficiências técnicas. John Lewis tinha formação erudita, executava suas próprias partituras com técnica aprimorada. Era minimalista por convicção. Sua obra o tornou único na história do jazz moderno (ironicamente, Milt Jackson, o vibrafonista do Modern, era o que Veríssimo chama de prolixo).

            Vejam (e escutem) o Modern Jazz Quartet interpretando Samba de Uma Nota Só, com o brasileiro Laurindo de Almeida.        
       



quarta-feira, 25 de abril de 2012

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Sinopse: Cherbourg, 1957. Guy Foucher (Nino Castelnuovo) é um jovem de 20 anos que foi criado pela madrinha e trabalha como mecânico de carros. Ele é apaixonado por Geneviève Emery (Catherine Deneuve), uma adolescente de 17 anos que ajuda sua mãe viúva no negócio da família: uma loja de guarda-chuvas, que é elegante mas pouco lucrativa. Geneviève também o ama, mas sua mãe acha que ela é muito nova para casar e não vê como Guy pode manter uma família. 


Ele é convocado para o serviço militar, mas antes de partir Guy e Geneviève fazem amor e ela engravida. Assim ela tem que escolher entre esperar pelo retorno de Guy ou aceitar uma proposta de casamento de Roland Cassard (Marc Michel), comerciante de diamantes, que se propõe a criar o bebê como se fosse seu. 


- Os diálogos são todos cantados. 








Um filme imperdível

terça-feira, 24 de abril de 2012



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Neste barco vou eu e meu cão. 
Eu estou nu e choro.O cão me 
consola com sua presença dura.


( O cão lamenta minhas chagas )
A onda que esconde o barco 
em seu colo – arco e acalanto – 
é como um pranto sem medida.


( Ou a medida vai dos pés aos olhos? )
Meu barco medido, cortado, repartido 
resvala na eternidade do mar, 
na eterna pausa entre onda e onda, 
na imediação redonda.


E aí, sob meus pés, o casco; 
o choro em mim continua, e no cão.

( de Camilo Rocha )


CAMILO ROCHA – Nasceu em Bagé, a 02 de julho de 1930, falecendo a 06 de setembro de 1958.
Foi redator do Correio do Sul.
Obras: "A Barca de Tarsis", poema edição póstuma, organizada por Ernesto Costa e Wilson Afonso Santos – Porto Alegre, 1961. Inéditas: A Vida Menor, poemas; Intermezzo Lírico e "Mecânica da Rosa.

À Marta Logercio, meus agradecimentos

segunda-feira, 23 de abril de 2012

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O DEMÔNIO INTERIOR

Vindo de Alegrete, cheguei a Porto Alegre cheio de planos e com toda a bagagem ética que trazemos do interior. Logo vi que as coisas aqui eram diferentes.

Os ambientes de estudo e trabalho geriam-se por outros critérios. A mais valia era a competição desenfreada e sem escrúpulos. Para piorar, em meu primeiro emprego tive um gerente sádico. Ele usava minha ingenuidade para me massacrar.

Comecei a passar mal, psicológica e fisicamente. Para não pirar (ou fugir para o Alegrete), inscrevi-me em um grupo de terapia. Como garantia, o coordenador do grupo era um psiquiatra alegretense, o Dr. Moises Roitmann. Mais tarde, faria quatros anos e meio de análise freudiana, com o Dr. Alberto Abuchain. Parei por falta de fôlego financeiro.

A terapia fez efeito.

Mais tarde, já estabilizado, tive cachumba. Fiquei uma temporada em isolamento. Nessa ocasião, recebi frequentes visitas do amigo Paulo Bergamaski. Como nós dois tínhamos tempo à vontade, ficávamos conversando e filosofando.

Uma ocasião, o Paulo disse que me invejava porque eu mantinha o “bicho” preso, ali a meu lado. Entendi que o bicho era meu demônio interior e gostei da imagem que Paulo usou.

Anos mais tarde, o Paulo suicidou-se com um tiro na cabeça. Acho que não conseguiu manter o bicho dele preso, como gostaria.

Os tempos mudaram. Hoje, poucas pessoas tem a disposição de ficarem dez anos ou mais remexendo em seus sentimentos mais íntimos. Além disso, os psico fármacos, muito desenvolvidos, trazem alívio imediato para os males da alma.

Continuo convicto que a psicanálise, essa viagem profunda aos nossos mais recônditos sentimentos, essa verdadeira reeducação, é mais honesta do que a simples ingestão de drogas, mas é um posicionamento meu e que se encontra cada vez mais isolado.







NOVA IORQUE / PORTO ALEGRE


ESSES GRINGOS! SEMPRE NOS COPIANDO!

Autor desconhecido
Obrigado, Marlene
O DIREITO DE ABORTAR

Não concordo integralmente com o ponto de vista do autor. O assunto é muito complexo e envolve saúde pública. O aborto criminoso mata milhares de mulheres diariamente, no país. Entretanto, publico o artigo seguinte, para meditação.

Emanuel Burck dos Santos*
A opinião de que o feto pertence às entranhas femininas reflete uma visão utilitarista típica da perversidade da sociedade atual. Tudo o que aparentemente não tem utilidade deve ser descartado, inclusive a vida. Há um paradoxo dentro da tese metafísica materialista quando admite que o livre arbítrio é uma ilusão, contudo ainda assim propaga a liberdade sexual. O contraditório, na verdade, se baseia apenas no que serve às satisfações hedonistas e egoístas. Em um mundo verdadeiramente ético e civilizado não haveria lugar para a propagação do assassínio.
O feto já tem personalidade, se comunica com a mãe, sente dor e prazer. Na concepção uma única célula dá origem a quinquilhões de células com especialização quase infinita a partir de uma orientação morfogenética que podemos chamar de vida. Ademais, a maior parte das mulheres que cometem abortamento intencional acaba se envolvendo com uma culpa que se estende ao longo da vida. O descarte de fetos, aparentemente sem utilidade ou personalidade, poderia se estender ao de recém-nascidos, que estão em condições psíquicas semelhantes ao de um feto, e que podem ser vistos como um entrave para o exercício da liberdade feminina em função da dependência total da criança em relação à mãe.
A banalização da vida e a negação da existência do “self”, aliás, sem qualquer embasamento científico, alimenta uma discussão superficial, pseudossapiente, e repleta de soberba. Outrossim, é produto da imaginação e da fantasia acreditar que se o Estado permitir o assassinato (abortamento) fará com que os médicos seriamente comprometidos com a vida e com a saúde mergulhem nessa insanidade. Na verdade possivelmente os profissionais com menor comprometimento ético aceitariam melhor a tarefa de carrascos, quem sabe até motivados financeiramente e sem qualquer reflexão.
O Estado não deve ter o poder de determinar quem deve morrer, e não deve tampouco permitir que se cometam crimes contra a vida humana em nenhum estágio. A próxima proposta dessa linha talvez seja de eliminar sumariamente idosos que acabam representando um ônus para os descendentes e para a previdência social, posto que consomem recursos e tempo para a manutenção de seres que já não tem mais utilidade. O absurdo materialista, positivista e utilitarista beira a insanidade e reduz a condição humana à irracionalidade e à brutalidade.
*Médico

sábado, 21 de abril de 2012

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Marshall Mcluhan & Mark Zuckerberg - o que eles têm em comum, além das três primeiras letras de seus nomes.

Quando estava na faculdade, havia dois grandes grupos: os ideólogos da mudança social e os ideólogos da comunicação. 


       Os ideólogos da mudança social, de esquerda, dividiam-se nos que pregavam a luta armada e seguiam os preceitos de Marx e os que viam a luta de classes através de um viés intelectual. Estes últimos eram leitores, primeiramente, de Erich Fromm e Sartre e, mais tarde, de Herbert Marcuse.


Os ideólogos da comunicação viam os meios de comunicação como novos caminhos para o desenvolvimento da sociedade. Suas referências eram Marshall Mcluhan e Humberto Ecco. Para esses “comunicadores”, o vocabulário incluía, sempre, termos como semiótica, semiologia, continente, conteúdo e “o meio é a mensagem” (ou massagem).

Havia, ainda, um pequeno grupo de extrema direita. Esses não eram movidos por ideologia, mas por oportunismo.


O intelectual mais popular de todos, no entanto, era Mcluhan. Sua previsão de que, com o desenvolvimento das redes de televisão (nesta época já havia um incipiente sistema de comunicação por satélite), o mundo viraria uma aldeia global, encantava a gurizada que sonhava com uma sociedade mais moderna. 


A aldeia global previa um futuro em que não existiriam culturas regionais, mas apenas uma que, provavelmente, seria a cultura de Tio Sam. Esse mundo já tinha sido visualizado no romance de Ray Bradbury em que todos seriam comandados por sistema de enormes TVs controlando tudo. Nesse mundo, os livros seriam destruídos, por serem subversivos. 


Havia uma fragilidade na teoria de Mcluhan. Para que se desenvolvesse uma genuína aldeia global, os conhecimentos teriam de ser de mão dupla. Teriam que ir e vir, como numa grande autoestrada.


A Internet veio convalidar a previsão de Mcluhan. Com ela, os conhecimentos universalizaram-se.


Aí aparece a segunda figura de nosso artigo. Como desdobramento da Internet, apareceram as redes sociais. Elas foram a revolução dentro de outra revolução. A cultura da rede social é tão importante que foi batizada a expressão “web.2” para ela.


O face book foi a rede social que sobrepujou todas as outras. Seu criador, Mark Zuckerberg, está bilionário. A fortuna de Zuckerberg cresce dia a dia com as informações que os usuários do face book, graciosamente, postam para ele.


O face book tornou-se o que de mais próximo poderíamos considerar como aldeia global. As pessoas, hoje, comunicam-se, instantaneamente, em escala planetária.


O conteúdo das postagens no face book, posso arriscar, compõe-se basicamente de obviedades e assuntos rasos. Assim, confirma-se também a previsão do livro de Ray Bradbury. Os livros estão sendo queimados, agora, por desnecessários.  

sexta-feira, 20 de abril de 2012

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Façam um pause no player do blog. 
Escutem com carinho. Eles são o máximo
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DESEJO

A milenar sabedoria oriental informa que o desejo é a causa de todos os males da humanidade. Afinal, é o desejo e sua consequente frustração que trazem infelicidade às pessoas.

Imaginem, alguém deseja um carro novo e não consegue, deseja um imóvel melhor para morar e não consegue, alguém para amar e não consegue... Enfim, o objeto de desejo é infinito e a frustração também.

Melhor, segundo esse mesmo pensamento, é nada desejar e nada se frustrar. Por isso vemos sempre os iogues imóveis, com expressão de beatitude. Seu objetivo é o nada absoluto.

Mas será isso mesmo uma panaceia, um remédio para todos os males?

Vejam bem, o desenvolvimento técnico, científico, filosófico foi obra de iogues? Adianta para a evolução da sociedade alguém que passa a vida inteira imóvel, meditando? Se a meditação é tão boa, porque o Steve Jobs, depois de passar uma temporada no oriente, voltou para os EUA se atirou de bico no “capitalismo selvagem”?

O bom é o stress permanente, a úlcera executiva?

Nem uma coisa nem outra. A antroposofia tem resposta para isto.

A humanidade, depois de todo o desenvolvimento porque passou a cultura ocidental, não pode voltar para a meditação pura e simples, que não beneficia ninguém, além do próprio iogue. Precisamos atingir o estado alfa, esvaziar o ego (e também o desejo, que é irmão gêmeo do ego), mas isso é apenas o começo. Nesse estado, conforme ensina o Dr. Rudolf Steiner, baseado nos conhecimentos de Goethe e Schiller, precisamos entender o que está além da ciência e também da religião.

Vamos explicitar isso de maneira simples. A ciência consegue explicar como uma flor se desenvolve. Mas não consegue explicar porque isso acontece.

A religião pode explicar a criação do universo, como obra de Deus, mas não consegue explicá-la sem um conceito arbitrário, que é o da fé.

A antroposofia explica tudo isso.

Como?

Esse não é assunto para nosso blogue.


postagem feita a quatro mãos

quinta-feira, 19 de abril de 2012

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Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.


Clarice Lispector

quarta-feira, 18 de abril de 2012


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ESSE MARAVILHOSO MUNDO IDEALIZADO

“Queremos viabilizar nossa competitividade”. Essas palavras bombásticas foram extraídas de uma entrevista que Heitor Müller, recém-eleito presidente da FIERGS, sinalizava sua plataforma de ação.

            O que o Sr. Heitor quis dizer com isso? Absolutamente nada. Seria o mesmo informar que a FIERGS quer que todos seus membros tenham olhos azuis.

            Como funcionam as “verdades” de nossa economia? Um relator econômico de um jornal de grande circulação produz um chavão qualquer. No início da manhã, outro jornalista telefona para um grande industrial e o questiona sobre o mesmo assunto. Ele, com a cabeça vazia, repete o que recém leu. Logo, outra mídia publica o mesmo chavão, agora chancelado pelo industrial.

            As pessoas, hoje, estão muito preocupadas com sua saúde. Um dia desses, recebi um e-mail que recomendava comer frutas em jejum, pois elas eram digeridas, parcialmente, pelo estômago e parcialmente pelo intestino. Não dei maior atenção. Qualquer pessoa com conhecimentos básicos de fisiologia sabe que quem digere alimentos é o estômago, ele está no nosso corpo para isso.

A internet aceita tudo. Mais tarde, li em um jornal, a mesma bobagem produzida por um nutricionista. Já, então, tinha foro de verdade.

Os religiosos praticantes vão, religiosamente, à missa ou ao culto. Obedecem a todas as recomendações que o líder religioso declara que recebeu, diretamente, de Deus. Com isso, convencem-se que possuem um seguro contra todos os infortúnios. Quando acontece qualquer desastre na vida dessas pessoas, elas ficam revoltadas contra a Igreja.

A neurolinguística ensina que se dissermos, na frente do espelho, todas as manhãs, que somos bonitos e vencedores, ficaremos bonitos e vencedores.

Essa cultura prospera porque todo mundo quer ser feliz e vencedor. Ninguém quer perder nada (Falo em perder bens materiais, porque espirituais não se perde). Como a vida é dura, fica mais fácil transferir a existência para um mundo idealizado. Esse mundo idealizado abrange tudo o que foi dito acima.

E, assim, vamos vivendo.

            

terça-feira, 17 de abril de 2012


DEIXANDO O PAGO
 
João da Cunha Vargas

Alcei a perna no pingo
E saí sem rumo certo,
Olhei o pampa deserto
E o céu fincado no chão,
Troquei as rédeas de mão,
Mudei o pala de braço
E vi a lua no espaço
Clareando todo o rincão.

E a trotezito no mais,
Fui aumentando a distância
Deixando o rancho da infância
Coberto pela neblina;
Nunca pensei que minha sina
Fosse andar longe do pago
E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china.

Sempre gostei da morena,
É minha cor predileta,
Da carreira em cancha reta,
Dum truco numa carona,
Dum churrasco de mamona,
Na sombra do arvoredo,
Onde se oculta o segredo
Num teclado de cordeona.

Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor
E sinto um perfume de flor,
Que brotou na primavera.
À noite, linda que era,
Banhada pelo luar,
Tive ganas de chorar
Ao ver o meu rancho tapera.

Como é linda a liberdade
Sobre o lombo do cavalo
E ouvir o canto do galo,
Anunciando a madrugada,
Dormir na beira da estrada
Num sono longo e sereno
E ver que o mundo é pequeno
E que a vida não vale nada.

O pingo tranqueava largo
Na direção de um bolicho,
Onde se ouvia o cochicho
De uma cordeona acordada;
Era linda a madrugada,
A estrla d'alva saía
No rastro das três marias,
Na volta grande da estrada.

Era um baile - um casamento
Quem sabe algum batizado,
Eu não era convidado,
Mas tava ali de cruzada,
Bolicho em beira de estrada
Sempre tem um índio vago,
Cachaça pra tomar um trago,
Carpeta pra uma carteada.

Falam muito no destino,
Até nem sei se acredito,
Eu fui criado solito,
Mas sempre bem prevenido,
índio do queixo torcido,
Que se amansou na experiência.
Eu vou voltar pra querência,
Lugar onde fui parido.


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Solidariedade - s.f. Dependência mútua entre os homens.
Sentimento que leva os homens a se auxiliarem mutuamente.
Relação mútua entre coisas dependentes.
Direito Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras.


Segunda classe

Tanta gente morta, tanta gente viva que sofre, e tudo sem razão. Porque não há razão. Não há Justiça no mundo.

David Coimbra

A solidariedade é um sentimento de segunda classe. Num mundo ideal, a solidariedade seria sempre subalterna ao que realmente importa: a Justiça.

A Justiça.

É quase um deboche: tudo de sublime que o homem faz na vida o faz à procura da Justiça no mundo, e a Justiça no mundo não existe.

Todos os filósofos, Sócrates, Espinosa, Kant, Schopenhauer, Freud, todos eles, só o que fizeram foi trabalhar para descobrir como funciona a Justiça no mundo. Construíram catedrais de pensamento, e por meio delas explicaram o movimento das engrenagens de algo que é só ficção.

Um deles, Schopenhauer, alcançou a verdade: concluiu que o mundo é injusto. E é.

A religião resolveu a questão. Admite que durante a vida não há Justiça e promete que ela será feita depois da morte. Uma saída genial, porque ninguém até hoje conseguiu cobrar o não-cumprimento da promessa, embora também seja verdade que ninguém o confirmou.

O Schopenhauer das religiões é o budismo. Na sua essência, o budismo é realisticamente pessimista, conforma-se com o vazio e com a inação. Talvez esteja certo.

De qualquer forma, tanto o budismo quanto Schopenhauer tentam achar algum conforto na reflexão, e, ora, conforto não há.

A literatura também. Toda a literatura se estrutura na ideia ilógica de que a Justiça existe. Até atividades mais superficiais do intelecto humano, como o Jornalismo e o Direito, só o que fazem é a busca pela Justiça.

Um drama eterno da Civilização. E insolúvel. Porque o homem tenta – organiza-se em sociedades, formula leis, constrói filosofias, tem fé em deuses, conta a sua própria história, tece fabulações e poemas, monta sistemas de pensamento, o homem passa a sua existência neste Vale de Lágrimas acreditando que caminha na direção da Justiça, e então ocorre um cataclismo como o do Haiti, e pessoas morrem aos milhares e as que sobrevivem são mutiladas e crianças tornam-se órfãs sem que para isso haja qualquer motivo. Há quem diga que seja a reação da Natureza vilipendiada pelo homem. Bobagem. Há 250 anos a Revolução Industrial nem havia começado e Lisboa foi destruída por um terremoto não muito diferente do que assolou Porto Príncipe. Tragédias naturais acontecem desde sempre sem a necessidade da ajuda do homem.

Tanta gente morta, tanta gente viva que sofre, e tudo sem razão. Porque não há razão. Não há Justiça no mundo.

O que sobra? Aí está: a solidariedade.

A solidariedade, como o pensamento dos filósofos, a fé das religiões e as leis do Direito, a solidariedade é um consolo. Hoje, o mundo inteiro se move pela dor do Haiti. Não é uma solução, talvez seja bem pouco, quase nada, mas, num mundo sem Justiça, é o que há.

Fonte: Jornal “Zero Hora” nº. 16223, 22/1/2010.
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LEI MARIA DA  PENHA


GATO DARTH VADER
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VALE UMA TESE SOBRE O PARADOXISMO DE NOSSA URBANIZAÇÃO. 
COM A PALAVRA, OS COLEGAS ARQUITETOS

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POLÍTICA



Não gosto muito de denúncias de corrupção de nossos governantes. 

Afinal, eles foram eleitos por nós. Ficar reclamando deles expressa nossa total incompetência para a democracia. Vamos dar razão à Pelé: "brasileiro não sabe votar".


Entretanto, estou postando este vídeo, pelo inusitado. A que ponto chegamos! A propósito, os erros de português demonstram a razão de Pelé.


domingo, 15 de abril de 2012

ROBERTO DIXIT

Transcrevo aqui as  generosas palavras do Roberto Thaddeu com relação à  algumas postagens que fiz:

Teu blogue está muito bom e cada vez mais refinado.
Como não vejo outros (não por virtude mas por ser obsoleto),
faltam-me parâmetros de comparação. Por outro lado, sobram
identificações. Os filmes mencionados, também a mim foram
marcantes. Le Bonheur marcou não pelos seios nus da amante
(coisa incomum nas telas daquela época) mas pela beleza, pelo
amarelo e pela cena à beira do lago. Ficou gravado aquele recurso
de montagem da Varda: ele tentando trazer sua mulher de volta à vida,
a levantava do chão, movimento que ia se repetindo à exaustão, surreal.
Gostei, também da escolha do que veio a seguir: as cenas com
James Dean (personagens e o próprio) como contraponto à felicidade.
Quanto ao Verão de 42, acho que impressionou a todos (homens) que
o assistiram. Quem na adolescência nâo sonhou com uma Jennifer O' Neill?
A época, a praia, a casa dela, criaram um ambiente mágico, somado às
nossas fantasias. O tema do M. Legrand, pelo menos pra mim, sintetiza
tudo isso. Mesmo hoje, quando escuto a música, vem junto a Jenifer e os
meus sentimentos antigos, ambientados não naquela praia mas no sol,
sombra e brisa de Alegrete. Esse tipo de sensação, certamente o robô de
última geração da inteligência artificial não terá.

Grande abraço
Roberto