terça-feira, 31 de julho de 2012


OS VITORIANOS


William Adolphe Bouguereau - L'Etoile Perdue - 1884


Sir Lawrence Alma-Tadema -A Coign of Vantage 1895


Lord  Frederick Leighton - O pescador e a Sereia 1856-1858


John William Godward - Cabeça de Jovem - 1896


John William Waterhoouse - Sereia - 1900


Jules Joseph Lefebvre - Pandora - data desconhecida

Obrigado, Flávio


pura poesia




















Obrigado, Dila


segunda-feira, 30 de julho de 2012


amedeo modigliani : mulher com gravata preta, 1917.

BLOGUE DO ZECA


A IMPRENSA É O
PULMÃO DA SOCIEDADE


O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara, para nesta semana, começar a julgar os 38 réus no processo da Ação Penal 470, mais conhecida pelo nome de mensalão. É um dos raros momentos da história brasileira em que práticas tão comuns no país, como caixa 2 de campanha, o desvio de recursos públicos e a compra descarada de votos no Congresso, vão a julgamento. Por isso, se trata de um momento histórico...

Acreditamos que o mensalão é o maior caso de corrupção da história recente do país. Acreditamos também que cabe apenas à justiça fazer um julgamento qualificado dos crimes e determinar as punições adequadas. O papel da imprensa é revelar os fatos. Cabe apenas aos juízes julgá-los.

É importante reafirmar isso num momento em que boa parte dos réus – todos eles interessados na própria absolvição – faz propaganda acusando a imprensa profissional de tê-los julgado por antecipação. Nada mais equivocado. Evidentemente, em uma democracia, qualquer veículo é livre para emitir opinião que julgar apropriada em relação a um tema tão importante.

Na reportagem especial da página 32, ÉPOCA defende que a compra maciça de apoio político por parte do Partido dos Trabalhadores durante o governo Lula é um fato. Apontar fatos não significa prejulgar. Como afirmou o jurista e ex-presidente do STF Carlos Velloso em entrevista à repórter Ângela Pinho (...): “Não, a imprensa não tomou partido, a imprensa está simplesmente noticiando livremente. Ela se põe como pulmão da sociedade. Ai deste país não fosse a imprensa livre! Quanta coisa não ficaria encoberta?”

Helio Gurovitz – Diretor de Redação – ÉPOCA 30/07/2012




JAMES HOLMES

BLOGUE DO ZECA

Depois do massacre, a venda de armas no Colorado cresceu 41%. Não é um povinho muito louco?

domingo, 29 de julho de 2012


Francisco de Goya y Lucientes : El Entierro de la Sardina (detalhe), 1812-1819.




Degradação ambiental

Os ecologistas, naturebas e outros que me perdoem, mas a única maneira de se deter a destruição da natureza passa pela ciência e pela tecnologia. Quaisquer outras atitudes, que vão desde ter caixas de compostagem em apartamento até fazer xixi no box estão fadadas ao fracasso.


BLOGUE DO ZECA



Podia ver o que eles estavam sentindo. Eles passavam bem perto. Podia tocá-los, se esticasse o braço. Eles, os atores com rosto sujo de carvão, as dançarinas com vestidos do século 18, os músicos que batiam lata, os voluntários figurantes, eles fizeram sua apresentação na palpitante, histórica, jovem, pop, emocionante cerimônia de abertura dos Jogos de Londres, e saíram correndo pelo meio das arquibancadas do Estádio de Stratford, e olhavam nosolhos dos assistentes, e sorriam e gritavam e se regozijavam. Uma mulher de uns 50 anos, loira, magra, alta, as faces rosadas do esforço, escalou ofegante os degraus e, ao receber o sorriso de cumprimento de um jornalista, sussurrou, em inglês:
— Obrigada!
Um agradecimento estuante de orgulho. Eles estavam orgulhosos. Tinham de estar. Cerimônias com 3h36min de duração correm o sério risco de se tornar maçantes. A que o diretor de cinema Danny Boyle planejou não foi. Ele fez com que parte da história e da cultura britânicas fosse, além de vista, sentida pelas 80 mil pessoas no estádio.
Podia-se sentir a angústia dos operários cobertos de fuligem da Revolução Industrial, podia-se sentir a empáfia dos primeiros capitalistas da história. Logo surgiram Mary Poppins e os personagens do bruxinho Harry Potter, e o clima se suavizou, vieram Mr. Bean e as celebridades do cinema e da TV, e Bohemian Rapsody do Queen, e Satisfaction dos Stones, e My Generation do The Who. Foi uma cerimônia rock'n'roll.
A tudo isso assistiu a rainha Elizabeth II, sóbria e majestosa, como deve ser sempre uma rainha, das tribunas de honra do estádio. Foi muito aplaudida, a rainha, o que mostra o prestígio da monarquia entre os britânicos, esses campeões da democracia.
Bastante aplaudida também foi a delegação brasileira, saudada com entusiasmo pelo público, tanto quanto as delegações das vizinhas França e Alemanha, talvez porque os atletas tupiniquins entraram na pista portando pequenas bandeiras da Grã-Bretanha. Ou porque as atletas tupiniquins vestiam minissaias verdes e amarelas que lhes deixavam à mostra generosos pedaços das pernas sólidas. Mas nenhuma delegação estrangeira foi ovacionada como a dos Estados Unidos. Era a pátria-mãe que recebia de braços abertos o filho pródigo, decerto para júbilo da primeira-dama Michelle Obama, que estava no estádio. Para o final, é claro, coube a entrada apoteótica dos anfitriões, sob chuva de papel picado e ao som de Heroes, de David Bowie.
Os discursos do presidente do COI e do comitê organizador aborreceram um pouco a plateia, mas em seguida deu-se uma bela surpresa para os brasileiros: a ex-ministra do Meio-Ambiente Marina Silva era uma das personalidades a portar a bandeira olímpica, junto com Muhammad Ali. E, para o encerramento, o show tão esperado de um dos ingleses mais famosos de todos os tempos: Paul McCartney, cantando Hey Jude. Se você está na Inglaterra, nada como terminar a noite ouvindo a voz melodiosa de alguém que começou como um beatle e que hoje é um "sir".
David Coimbra - ZH 28/07/2012






QUE PAÍS É ESTE?


O jornalista Laurentino Gomes virou Best-seller com os livros 1808 e 1822. Que expectativa podemos ter como nação em relação ao futuro? “Tem a ver com o processo psicanalítico”, diz ele. “Entender de onde viemos para aceitar quem somos e descobrir para onde vamos”


E o que a história tem a ensinar aos brasileiros hoje?


A história não oferece lições prontas. Estamos condenados a repetir nossos erros. Mas ao olhar para o passado nós conseguimos entender como chegamos aqui, quem nós somos.


O grande desafio é assumir nossa identidade de brasileiros, olhando para nossos problemas, mas também para nossas virtudes. Os portugueses nos legaram essa cultura de miscigenação, de assimilar e se deixar ser assimilados por outras culturas. Num mundo globalizado, o brasileiro está mais qualificado do que um chinês, um russo, um americano, que tem grande dificuldade de aceitar o outro. Nós temos ferramentas para conviver com o diferente. 


Não dá para entender o Brasil sem observar o imenso passivo que a gente carrega desde o período colonial, que é um passivo de concentração de riqueza, de latifúndio, de exclusão. Essa á a formação do Brasil. Na introdução de 1822, cito duas frases, uma do José Bonifácio, outra do Joaquim Nabuco, que têm um sentido parecido. Eles se perguntam: dá para construir um Brasil com um material tão heterogêneo, com uma herança de escravidão, de analfabetismo?


Quando olha pelas questões formuladas por esses pais da pátria, você consegue entender as dificuldades que a gente teve para construir o país até agora e as dificuldades que temos daqui em diante.


É como se fosse uma corrida, e um dos competidores estivesse sem igualdade de condições. Nós temos deficiências que nos impedem de nos tornarmos um país de primeiro mundo. É como se nós tivéssemos de competir carregando um caixão nas costas.


Trecho da entrevista de Laurentino Gomes para a revista Audi Magazine, 04/2011

quarta-feira, 25 de julho de 2012



blogue do  zeca
http://24.media.tumblr.com/tumblr_m7gva06SbQ1r3wk1zo1_500.jpg

http://25.media.tumblr.com/tumblr_m7md4pqIPC1r3wk1zo1_500.jpg





blogue do zeca
http://mydarkenedeyes.tumblr.com/

blogue do zeca
http://25.media.tumblr.com/tumblr_m75locKK6t1r3wk1zo1_500.jpg


blogue do zeca
http://mydarkenedeyes.tumblr.com/








Inquérito contra a ex-ministra Erenice Guerra é arquivado








ZH 25/07/2012
o círculo vermelho é meu




blogue do  zeca

FACES (III)

        
O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente.


Essas palavras vêm à lembrança quando se aproxima mais uma eleição. Em quem votar? Os candidatos que estão aí apresentam propostas vazias, tipo “o candidato que a cidade precisa”. Na verdade, a cidade não precisa dele, ele é que precisa do cargo de vereador.

Os partidos, nas propagandas, ficam em posição discreta, como se os candidatos tivessem vergonha de professar sua posição política. Não há motivo para isso. Todos os partidos, mas todos mesmo, ficaram iguais.

O Partido dos Trabalhadores, que era um partido diferente, por ser ético, de tanto agregar outros partidos, acabou ficando igual a eles.

Trabalhei, durante alguns anos, no Estado. O ambiente é de corte. Existem alguns mandachuvas, fascinados com o poder conquistado, e um séquito de áulicos. Não há interesse em gestão. Pelo contrário, quanto mais caminhos um processo percorrer, mais apaniguados. Isso é o que candidatos verdadeiramente buscam: o poder, aliado a uma vida mansa e possibilidade de fazer negócios.

E nós, que pagamos tudo, que podemos fazer?

Podemos fazer muito, nós os colocamos lá. “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”, dizia Sérgio Porto. Infelizmente, a locupletação geral e irrestrita não é viável. Os benefícios públicos são restritos.

Ora, dizeis, todos os candidatos são vigaristas, então nenhum um serve.  Na verdade, isso também pode ser mudado.

Vamos atacar os partidos podres em seu âmago. Vamos tomá-los de assalto. Para isso, é necessário que um grupo de pessoas de boa vontade filie-se a uma agremiação partidária (qualquer uma). A partir daí, comparecendo às reuniões e assembleias, forcem a escolhas de candidatos honestos e trabalhadores. Depois, façam campanha para eles.

Eleitos, os acompanhem o os cobrem diuturnamente. Isso ficou factível com a internet. É difícil? Precisamos largar a comodidade? Nem tanto. Basta um esforço. Basta pensar no coletivo.

Os resultados serão gloriosos, podem crer.




OLHA A ARQUITETURA DOS ANOS 60, AÍ, GENTE!


BLOGUE DO ZECA






Após 7 anos, STF fará julgamento mais longo de sua história

Corte analisará o caso de 38 réus que responderão por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato e formação de quadrilha


No final de 2005, logo após o caso do mensalão estourar, em entrevista ao EstadoDelúbio Soares avaliou a crise no PT e previu que o julgamento do mensalão não iria para frente. "Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão", apostou. 

Contrariando essa e outras previsões que colocavam em dúvida o julgamento sobre a principal crise do governo Lula, a data foi marcada. Sete anos após o caso vir à tona, os 38 réus do mensalão vão à Corte no dia 2 de agosto de 2012. 

A surpresa, no entanto, recai sobre o papel de Delúbio na história. A cúpula petista decidiu, a um mês do desacreditado julgamento do caso, que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares (o mesmo que não acreditou que o caso iria ao tribunal) assumiria que partiu somente dele a iniciativa de formar o caixa 2 para o financiamento de partidos e parlamentares que se coligaram com os petistas nas eleições de 2002 e 2004.

E foi o que aconteceu. Em memorial sucinto enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Delúbio Soares assumiu sozinho a responsabilidade pela distribuição de recursos ilegais a políticos e partidos da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Mas negou que os pagamentos tivessem relação com o "falacioso mensalão" e alegou ser inocente das acusações de corrupção ativa e formação de quadrilha.

A iniciativa de colocar a conta do mensalão nos ombros de Delúbio para livrar os demais réus foi combinada pelo "núcleo central da quadrilha", definição usada pela Procuradoria-Geral da República na denúncia entregue ao STF em 2007, como antecipou o Estado em 2 de julho. O acerto teria sido articulado entre o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), apontado como "chefe da organização criminosa", o ex-presidente do PT José Genoino e o próprio Delúbio.

A estratégia de confissão de Delúbio é a seguinte: ao afirmar que foi atrás do dinheiro que resultou no caixa 2 sem pedir a autorização a ninguém, Delúbio fará mais do que manter o silêncio sobre o escândalo. E ainda abrirá o caminho para que José Dirceu possa reafirmar, no Supremo Tribunal Federal (STF), que estava afastado do partido, não acompanhava as finanças petistas e que não há no processo uma única testemunha ou ato que o incrimine.

Somados a investigação da PF e da CPI criada em 2005, o inquérito do mensalão tem ao todo 77 volumes e mais de 13 mil páginas. Um total de 38 pessoas figura na lista de réus. Entre eles estão o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), apontado como cabeça do esquema, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o marqueteiro Duda Mendonça, além do publicitário Marcos Valério, apontado como operador financeiro do mensalão. Pela denúncia, apresentada e aceita pelo STF em agosto de 2007, tudo teria sido arquitetado durante a eleição de 2002 e passou a ser executado em 2003. 

Eles vão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato e formação de quadrilha. Originalmente, o MPF denunciou 40 réus, mas um morreu (o ex-deputado José Janene) e outro fez acordo para cumprir pena alternativa (o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira).

O atual procurador-geral, Roberto Gurgel, pediu a absolvição de dois outros réus dos autos - um deles é o ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação do Governo). Recentemente, pediu também a investigação de mais dois deputados: Carlos Bezerra (PMDB-MT) e José Mentor (PT-SP), ambos por suspeitas de terem favorecido o esquema de compra de apoio político.

Ministros. O julgamento da ação penal do mensalão começará dia 2 de agosto e deverá ter a participação dos 11 ministros da atual composição do tribunal. Para fechar o ano com o mensalão julgado, o STF arcou com um custo elevado chegando a revelar algumas rusgas entre ministros. O calendário corrido permitiu que Cezar Peluso, considerado como um dos mais experientes, e Carlos Ayres Britto, atual presidente da Corte, participassem.

Fonte: estadao.com.br - obrigado, Quidinho







blogue do zeca

Mensalão: sete anos depois, expoentes da oposição caminham juntos com o PT

Estrelas da investigação, que ganharam notoriedade atacando mensaleiros, hoje estão do lado petista: a conveniência política pesou

A crise do mensalão, que abalou e colocou em risco a continuidade do governo Lula em 2005, assumiu proporções tão grandes que o Palácio do Planalto não foi capaz de manter as rédeas sobre a investigação feita no Congresso em três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI). Foi nessa época, especialmente sob os holofotes da CPI dos Correios, que um grupo de parlamentares de oposição ganhou projeção nacional pelo rigor e pela artilharia contra a gestão petista. Sete anos depois, às vésperas do início do julgamento do maior esquema de corrupção já montado por um governo, alguns deles estão de mãos dadas com o PT em busca de votos.
Um dos melhores exemplos é o ex-tucano Eduardo Paes (PMDB), que resolveu pegar carona na popularidade de Lula para se eleger prefeito do Rio de Janeiro. Na época, Paes integrava a linha de frente da oposição nas investigações da CPI dos Correios. Chegou a sugerir a volta dos caras-pintadas às ruas, a exemplo das manifestações pelo impeachment de Fernando Collor de Melo.
"Está na hora de os caras-pintadas da UNE (União Nacional dos Estudantes), que recebem recursos vultosos, deixarem de fazer passeatas vagas, como se o atual governo não tivesse relação com a corrupção", afirmou o então deputado de oposição Eduardo Paes, no ápice da crise de 2005.
Passado o escândalo e garantidos os dividendos políticos da sua exposição, o ex-tucano preferiu tomar outro rumo: aliou-se ao próprio Lula, em 2008, com o objetivo de disputar a prefeitura do Rio. No caminho de conversão ao lulismo, filiou-se ao PMDB pelas mãos do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Conveniência - A CPI também projetou no cenário político outro deputado tucano: o paranaense Gustavo Fruet, sub-relator da comissão. A ascensão foi tamanha que Fruet chegou a ser candidato à presidência da Câmara respaldado pelo chamado "grupo dos éticos" da Casa. Derrotado, ganhou respeito no seu partido e ocupou o cargo de líder da minoria no Congresso até o final de 2010, quando tentou um voo mais alto: o Senado Federal. Ficou em terceiro lugar, mas saiu das urnas com mais de 2,5 milhões de votos - 200 000 votos a menos que Roberto Requião (PMDB).
Sem mandato, Fruet encolheu no PSDB e não conseguiu maioria interna para encabeçar uma chapa à prefeitura de Curitiba. Decidiu, então, mudar de campo político, aderiu ao PDT e não resistiu à tentação de disputar as eleições com o PT a tiracolo.
Em maio, o ex-tucano viajou de Curitiba para São Paulo para receber pessoalmente a benção de Lula. Na saída do encontro, repetiu o discurso de Eduardo Paes: “Na ocasião, assumi a postura que o momento exigia. Fui contundente na investigação, mas nunca entrei em desqualificação pessoal do presidente”.
A mudança de lado é usada diariamente pelos adversários de Fruet para tentar desqualificar sua candidatura. "Cada um é guardião da sua história. Exerci com total lealdade e dedicação o trabalho que fiz lá. Muito do que está sendo utilizado hoje no processo teve por base o trabalho da CPI", diz ele. "A gente tem de ter capacidade de preservar as posições", defende-se.
Fruet afirma que sua aliança com o PT foi costurada com figuras que não tiveram relação com o mensalão, como o casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações).
Relator - Apontado em 2005 como um peemedebista "independente", o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) recebeu uma das tarefas mais árduas no turbilhão do mensalão: a relatoria da CPI dos Correios, cujo manancial de documentos e revelações poderia fazer com que o mandato do ex-presidente Lula terminasse mais cedo.
Na época, parte do PMDB ainda não havia aderido ao governo petista. Hoje, Serraglio se vê confortável na base de apoio à presidente Dilma Rousseff - a quem ele vê como mais rigorosa do que Lula no combate à corrupção. O peemedebista trata com naturalidade a guinada de parlamentares que, após atacar enfaticamente o PT durante o mensalão, agora são entusiastas do petismo: "Não sei se é oportunismo. Eles se tornaram peças importantes polticamente, porque foram valorizados pela própria CPI, e a população identificou a luta deles contra a corrupção", analisa.
A mudança de postura dos antigos algozes do PT faz parte de um processo mais amplo: o do esvaziamento da oposição no Brasil. Em 2005, o governo podia contar com pouco mais da metade do Congresso Nacional. Hoje, a oposição controla apenas 17% da Câmara e 19% do Senado, menos de um terço do Congresso, número insuficiente, por exemplo, para abrir uma CPI.
Veja 22/07/2012


segunda-feira, 23 de julho de 2012



O gordo e o Magro ao som de Santana


O TÍTULO DE EMPREENDEDORA DO ANO VAI PARA...




VENDEDORA DE CAIPIRINHA NA PRAIA DE GAROPABA (SC)

Obrigado, Erion 


DANCIN' THE BOOGIE




CUIDE DE MINHA BICICLETA




blogue do zeca



À MANEIRA DE MILLÔR FERNANDES


         Ela apaixonou-se perdidamente quando viu a poltrona. Seria sua, de qualquer maneira. Entrou na loja, negociou o que pode, levou o troféu para casa.


         A poltrona era tão linda! Perto dela, os demais móveis ficavam eclipsados. Tomou uma decisão: trocou todos os móveis da casa. Agora tudo combinava.


         A casa ficou acanhada com o mobiliário novo. Era uma mulher decidida. Trocou de casa. O resultado ficou perfeito.


         Perfeito? Observou o marido, careca, encolhido, com uma barriga proeminente, anestesiado pela televisão. Precisava fazer alguma coisa.


ALUGAM-SE FACES (II)

Continua a propaganda eleitoral em Porto Alegre. Os mais  velhos fazem-se fotografar com um microfone, a maneira antiga de se comunicar. Os mais jovens dispensam a voz. Basta-lhes o rosto. São todos homens, sorridentes, com aparência de quem saiu de um salão de beleza para a sessão de fotos.

Meu Deus, proteja-nos de nossos políticos!
Meus Deus, ilumine-me para que não anule o voto!


sexta-feira, 20 de julho de 2012

blogue do zeca



MAIS DO MESMO


Vi ontem o filme “Para Roma com Amor”. É um Woody Allen de gema.

Há três décadas, Woody Allen tem feito um filme por ano, com exceção do ano de 1981. Ele é o que se poderia chamar de um empresário “pret a porter” do cinema. Um empresário bem sucedido, ressalte-se. Seus filmes costumam ser sucesso de público e, muitos, sucesso também de crítica. No ano passado, seu “Meia Noite em Paris” recebeu um Oscar pelo roteiro original.

Ultimamente, Allen descobriu outro filão para faturar. Procura prefeituras de cidades famosas, como Londres, Barcelona, Paris e Roma e propõe uma associação com a “franquia Woody Allen”. Em troca, recebe incentivos para a realização de seus filmes.

“Para Roma com Amor” foi feito com esse formato. Ele baseia-se em transcrição livre do “Decameron”, de Boccaccio. São quatro histórias, tendo por Roma como cenário.

As histórias não se interligam. Apenas suas sequências são intercaladas na tela.

A primeira é de uma turista americana e de um advogado socialista italiano que se encontram, apaixonam-se e querem casar. Ela manda buscar os pais para conhecerem a família do noivo. O pai da noiva é o próprio Allen.

A segunda é de um arquiteto americano que faz uma viagem sentimental a Roma, onde já estivera quando jovem. Lá encontra um estudante de arquitetura morando no mesmo local onde ficou. O jovem acaba sendo sua projeção do tempo de mocidade.

A terceira é de um casal que está chegando a Roma porque o rapaz recebeu proposta para trabalhar com um tio empresário, muito rico. Eles se perdem e acabam tendo aventuras extraconjugais.

A quarta é de um homem comum que, repentinamente vira uma celebridade e tem sua vida íntima revirado ao avesso.

A Roma de Woody Allen é apenas um cartão postal. Suas histórias poderiam ter ocorrido em qualquer lugar, inclusive Nova York, local dos primeiros filmes de Allen. As músicas são clichês dos anos 50 ou músicas de jazz americanas. Os personagens são todos meio neuróticos, indecisos e atrapalhados, todos persona de Allen.

Woody Allen já fez esse filme inúmeras vezes, ele vai se repetindo à exaustão.

Entretanto, Woody Allen é um gênio. Ele pega temas gastos e extrai brilhantismo. Suas gags são hilariantes. Por exemplo, todo mundo já pensou em colocar um cantor de chuveiro no palco, com o chuveiro junto. Allen faz isso e o resultado é de morrer de rir. Os personagens tem personalidade bem estruturada e, apesar de previsíveis, são convincentes e sedutores, deixando marcas em nossa mente após o fim do filme. As trapalhadas de cada um atraem nossa simpatia, porque também são nossas. O filme, mesmo com o sofrimento inerente, á uma aula de bom humor e crença na vida.

Considerando a mediocridade do cinema atual, mesmo um filme menor de Allen é sempre bem-vindo, por sua elegância e pela valorização da boa cultura.

O personagem de Woody Allen, também seu alter ego, é um aposentado compulsório que sonha em voltar à ativa, mesmo com os fracassos que colecionou ao longo da carreira. É a representação perfeita do próprio diretor.



quinta-feira, 19 de julho de 2012



blogue do zeca




REDAÇÃO DE ALUNA DA UFPE


Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE, Universidade
Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido
pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.


Redação:
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no
elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos
bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido,
feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado
nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito
oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes
ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num
lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno
índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou
o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco
tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a
se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do
substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu
aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética
clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um
hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando
ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente
chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num
transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu
ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um
período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro
que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às
vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos
e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa
próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um
perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu
grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele
tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se
encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica,
o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na
história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo
o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto
adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um
superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele
predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez
mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo
claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto
abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e
culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.


O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois
dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na
história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e
voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
Obrigado, Conde


segunda-feira, 16 de julho de 2012



IRMÃO E IRMÃO (II)

CORRESPONDÊNCIA RELATIVA À POSTAGEM  DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO 




Zé:
 
Concordo plenamente contigo. Só que essa obra do São Francisco envolve desperdício de bilhões de reais. Lembro bem que, poucos antes de iniciar as obras, vários técnicos previram o que ia acontecer. Com meu faro jornalístico, na época, eu senti que aquela fissura em tocar essa complicada obra tinha bandidagem por trás. Não é pequena roubalheira. É muito dinheiro em jogo e uma total omissão em relação ao dinheiro público de um país que tem uma das maiores cargas tributárias do mundo.

Tempos atrás, o Ipea, que é um órgão público, divulgou um estudo em que mostra que um vendedor de bala de goma na sinaleira, num trabalho informal, paga proporcionalmente mais imposto que o Eike Batista. O imposto no Brasil incide mais sobre os produtos, alimentos. E isso faz com que os que ganham apenas para comer paguem a maior carga de impostos.

Então fazer uma obra dessas premeditando tirar dinheiro para pessoas ou partido é um duplo crime, te diria um crime contra a humanidade. Não dá para aceitar. O pior que a Ferrovia Norte-Sul, iniciada pelo companheiro Sarney e depois bandeira de Lula, está na mesma situação do São Francisco. Gastaram bilhões e a obra está um caos, as linhas férreas têm várias interrupções, um horror. O Brasil paga os tubos para transportar tudo por caminhões e quando aparece uma solução vem uma mão invisível e sufoca tudo. Isso que o Brasil, em relação ao tamanho da produção, tem o pior e mais caro sistema de transportes do mundo.

Este ano, a economia brasileira vai crescer 2% ou talvez até 1%. Será o pior desempenho da América do Sul, de novo. Isso com o potencial gigantesco que temos. Motivo: má gestão do setor público: roubalheira, omissão em relação a obras públicas que poderiam tranquilamente ser bancadas pela iniciativa privada (somos "contra" a privatização, ao contrário da China, que é um país comunista e está crescendo aceleradamente com base em contratos tipo parceria público-privada e neste ano o país vai crescer menos: 7%).

Não é só a roubalheira. O pior talvez seja a incompetência. Olhe os últimos números da economia. O milagroso modelo de consumo popular não está servindo mais como âncora da economia. A indústria nacional está falida. O país está sendo carregado pelo setor de serviços. Sozinho ele vai cansar logo. 

Enquanto isso, morrem milhares de crianças todos os meses por falta de esgoto. Tem uma fila de empresários querem assumir essas obras e os projetos morrem no caminho. A Organização Mundial da Saúde calcula, em relação ao Brasil, que para cada real investido em saneamento se economiza R$ 4 em saúde.

Olha só os congestionamentos em Florianópolis, um dos principais destinos turísticos do mundo hoje. A tal de quarta ponte está trancada na burocracia e na incompetência pública e Florianópolis já tem a segunda pior mobilidade urbana do mundo. São milhares e milhares de empregos perdidos. E por aí vai. Enquanto isso, as grandes obras, as apadrinhadas pelo governo por darem retorno político, estão apodrecendo. Não dá para aceitar.
 
Um beijo do kid