sexta-feira, 30 de novembro de 2012





preconceito

blogue do zeca

        Não temos preconceito racial no Brasil. Diferentemente dos Estados Unidos, em que uma gota de sangue negro pode significar a denominação “não branca” (no white), em uma pessoa, aqui essa designação não seria possível, porque a grande maioria dos brasileiros tem (mais de) uma gota de sangue negro correndo em suas artérias. Portanto, qualquer discussão a esse respeito é estéril.

        Desde o início de nossa história, os portugueses e seus descendentes violentaram as mulheres negras, atendendo à política de miscigenações forçadas.

        Temos, e muito, é preconceito de cor.

        Está cabalmente comprovado que, em nosso país, as melhores escolas, os melhores empregos, são reservados a pessoas de aparência clara.

        Essa situação é agravada se a pessoa, além de ter pele escura, for mulher.

        O preconceito de cor, no Brasil, é mais cruel do que o preconceito racial nos Estados Unidos, porque, lá, eles são iguais, mas separados. Não se vê, em filmes ou séries, brancos (a) casados com negros (a), a não ser que o assunto seja preconceito racial. Lá, a situação está posta há muito tempo. Veja a Ku Klux Klan ou os episódios de Little Rock.

        Aqui, a hipocrisia permeia as pessoas. Negros são incensados, desde que sejam heróis. A quem for não excepcional, resta a vala comum da sociedade.

        Negar a discriminação é coisa fácil. Basta dizer que a sociedade brasileira é generosa e cordial, o que é mentira, mas é uma mentira sempre bem recebida.

        A política de quotas raciais, como qualquer política pública, tem seus aspectos benéficos e maléficos. Ela vai contra um valor importante, a meritocracia. Mas assume, corretamente, que não é possível comparar, em igualdade de condições, “brancos”, “pardos” e “pretos”, porque pessoas de diferentes cores de pele, no Brasil, tiveram trajetórias sociais muito diferentes, que as colocaram em pontos de partida muito desiguais.

        Políticas públicas que ajudem a mostrar que a dificuldade para melhorar de vida são maiores para “pretos” ou “pardos” devem ser bem-vindas. Esta é uma razão suficiente para defender as quotas. Seria melhor se elas não fossem raciais, sistema que nossa falta de criatividade nos fez copiar dos EUA, mas sim, de quotas para cores de modo explícito.

        Nossa ambiguidade nos fez ter três cores para classificar as pessoas. Nossa ambiguidade deveria ser alterada para política de quotas para cores.

Pesquisa em O preconceito de cor não tira um dia de descanso, de Alberto Carlos de Almeida, cientista político, editorialista de Época.



duas figuraças




podem ser contraditórias, mas que são cativantes, ah, são!







DIÁLOGOS

- Eu ando ziguezagueando, não respeito faixa de pedestres, fecho um, fecho outro, estou sempre com pressa. Meu dono tem expressão, misto de ódio e aflição. Acho que ele fica assim porque eu não tenho ar condicionado, air bag, freios abs, vidros elétricos e outros confortos. Então tem raiva de mim e quer me destruir. Ele também deve sentir-se injustiçado porque dirige junto a carrões confortáveis e seguros e então quer ultrapassar todo o mundo, para compensar. Meu nome é carro popular, vulgo 1.0.

- Tu ainda tem sorte, meu brother. E o meu dono que é um kamikaze, esgueirando-se entre carros, correndo feito um louco, esquecendo-se que para-choque é sua cara? Meu nome é CG 125.

PAÍS DE TOLOS

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net 
Leia também o site Fique Alerta – www.fiquealerta.net  
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net 

Enquanto perdemos tempo editorial com Rosegates. Mensalões e outros escândalos que terão finais de impunidade – até porque os crimes, no final, sempre compensam financeiramente por aqui -, a consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) revela a herança mais maldita de todos os nossos governos: o Brasil ocupa o penúltimo lugar em um ranking global de Educação que comparou 40 países. Ficamos na frente apenas da Indonésia e no mesmo bolo de Turquia, Argentina, Colômbia, Tailândia e México.

Tal pesquisa, encomendada pelo grupo transnacional britânico Pearson e divulgada pela BBC, é mais arrasadora que qualquer revelação bombástica sobre os escândalos de petralhas, tucanalhas e seus eternos comparsas do partido mais governista do universo, o PMDB. País em que a Educação não funciona, como o nosso, é o picadeiro perfeito para uma massa ignorante sobreviver, reclamando, mas sem nunca reagir, midioticamente resignada, sob domínio do Governo do Crime Organizado. Somos o "País de Tolos": os Fulecos...

A ignorância é a grande parceira da corrupção. Sem educação qualificada, a massa é apenas formada escolarmente como mão de obra, sem condições de contribuir para o desenvolvimento real do Brasil. Ignorantes, analfabetos funcionais e políticos, servem apenas para legitimar os criminosos e demagogos do poder que servem, de forma consciente ou inconsciente, aos interesses de uma Oligarquia Financeira Transnacional que deseja apenas que o Brasil seja aquilo que sempre foi: uma rica colônia de exploração mantida artificialmente na miséria.

Finlândia, Coreia do Sul, Hong Kong, Japão e Cingapura têm futuro, pois investem em Educação altamente qualificada. O Brasil fica apenas no discurso demagógico de que vai melhorar a Educação. Não vai conseguir tal façanha, porque o Ministério da Educação sequer trabalha com os paradigmas corretos para a eficiência educacional. Para piorar, modelos ditos inovadores, como a “aprovação automática” e o ingresso de qualquer ignorante no dito “ensino superior” só desqualificam o modelo.

O caos educacional se completa com teorias fora do lugar, oriundas do Gramscismo e de práticas de Engenharia Social que servem apenas para moldar a massa de ignorantes em conformidade com os preceitos idiotizantes e controladores da Nova Ordem Mundial Globalitária. Como a Educação só é pretensamente debatida como “bandeira de luta” demagógica em tempos eleitoreiros – e não discutida com a seriedade merecida por uma sociedade que pouco se importa com a Escola de Verdade -, dificilmente conseguiremos implantar e consolidar, no Brasil, Democracia, Progresso, Paz Social, Justiça, Honestidade, Patriotismo e respeito pela coisa pública.

Temos o dever moral e editorial de revelar e cobrar Justiça para cada escândalo que surge atrás do outro, sempre superando o anterior. No entanto, é bom ficar claro que tal trabalho é apenas enxugamento de gelo já seco. O fatal destino do Brasil, sem Educação e valores patrióticos claros, objetivos e democráticos, já está traçado por aqueles que nos controlam. Só com muita fé, esperança e perseverança cidadã é que tal quadro pode ser revertido. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012




a história se repete
(ou como uma xoxota bem administrada pode render mais que poço de petróleo)


EPISÓDIO 1 – Em 1981, quando a ditadura militar entrava em lenta agonia, roída por dentro por causa da anarquia nos quartéis e do crescimento vertiginoso da corrupção, um grupo de oficiais fanáticos pela linha dura decidiu marcar sua presença explodindo bombas no Riocentro, quando ali se desenrolaria um ato pelo fim da ditadura, no Dia do Trabalho.

            O atentado foi preparado com um mês de antecedência e visava provocar pânico no público do evento e mesmo provocar a morte de muitos. As saídas do estádio foram trancadas com correntes, para impedir a fuga das pessoas e fazer que houvesse esmagamento de muitas delas, no tumulto. Para incriminar a esquerda, foram feitas pichações nas redondezas, com a sigla VPR, que já não mais existia.

            O fiasco que se tornou a tentativa de atentado mostrou que os militares foram péssimos alunos de seus colegas americanos os quais, pacientemente, os instruíram em técnicas de contra insurreição, incluídas aí sofisticados equipamentos de tortura física e moral e, certamente, manuseio de explosivos.

            Após o fracasso da operação, com a morte do sargento Rosário e graves ferimentos no capitão Wilson Machado, os militares tentaram maquiar o acontecimento, culpando ora quem? A esquerda. Ninguém acreditou quando foi montado um teatro, com slides e um abatido capitão tentou, minuciosamente, comprovar que a responsabilidade do atentado era, claro, da esquerda.

            Entretanto, em um regime de exceção, a sociedade teve de aceitar calada a farsa. O episódio teve mesmo desdobramentos na esfera militar, com punições de oficiais e acabou acelerando a derrocada da ditadura, que se encerrou melancolicamente em 1985.

            Todos os detalhes desses acontecimentos apareceram agora, revelados por Zero Hora, quando do assassinato do coronel Molinas, um dedicado servidor do Doi Codi, na época. O coronel, quando foi para a reserva, carregou toda a documentação desse e de outros fatos. Ficou-se sabendo, também, que o sargento Rosário, perito em explosivos, era autodidata.


EPISÓDIO 2 – Após a explosão do caso Rosemary Novoa de Noronha, a turma de choque do Partido dos Trabalhadores, o partido perseguido pela ditadura militar, reinventa a maquiagem dos fatos para proteger seus dirigentes.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012




blogue do zeca

elle quer voltar

        O PTB (aquele do mensalão), um dos partidos da base do governo federal, também quer apresentar candidato próprio em 2014. O candidato é ele mesmo, o Collor de Mello.

        Diz-se que a história se repete e o que era tragédia vira comédia. O senhor Fernando teve uma vitória avassaladora, chefiou um governo acusado de ser corrupto e foi abatido em pleno voo pelo Congresso Nacional.

        Agora, vive cercado de fausto, como um verdadeiro oligarca, e quer ser presidente de novo. Vamos ver.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012






porque sou favorável às quotas

        Moro em um bairro de classe média baixa. Ao lado, bem próxima, há uma favela. Quando circulo por aqui, sinto como se estivesse na África. A quase totalidade dos moradores aqui é de negros e pardos.

        Mesmo durante a semana, em horário de trabalho, vejo homens, jovens e idosos, bebendo cerveja e fumando. Vejo, também, moças e mesmo meninas, também sem trabalhar, usando roupas apertadíssimas, desfilando pela rua.

                São comportamentos bem diferentes daqueles em que me acostumei, quando residia em um bairro de pessoas com mais poder aquisitivo, quase todas brancas.

        Como posso ver, considerados os limites de minha observação, existe uma forte correlação entre raça e pobreza (e miséria).

        Alguém poderá dizer. Ora, são vagabundos. Pode ser. Mas vamos pensar assim: nas boas escolas particulares, não existem estudantes negros. No excelente filme “Meu Tio Matou um Cara” de Jorge Furtado, o personagem que narra a história, garoto negro em uma escola de ricos, constata que, além dele, há apenas outro negro, o porteiro da instituição.

                Como está provado que não existe raça inferior, posso concluir que o comportamento claramente autodestrutivo de meus vizinhos é resultado de uma profunda baixa de autoestima, que vem sendo transmitida de pai para filho desde 1888.

        A gente sabe que existem negros e pardos que enfrentando tudo e todos, estudaram e atingiram posições invejáveis na sociedade. Mas é ínfima minoria. Os governos devem governar para a maioria da sociedade e não para uma minoria de super heróis.

        Quem sabe as quotas não permitiriam quebrar essa situação degradante para a população negra e parda (e também para a índia)?

        Alguém, novamente, poderia dizer: vamos dar qualidade para o ensino público e não precisaremos de quotas. Mas afirmar isso é tratar igualmente coisas que são completamente diferentes. Claro que o ensino brasileiro é de baixíssima qualidade, constitui um gargalo em nosso crescimento e precisa de reformas urgentes. Só que o tratamento desigual para negros e pardos não tem nada que ver com qualidade de ensino. Tem a ver com desigualdade social que já sabemos que existe.

        Lembro-me de uma situação semelhante. Quando do plebiscito do desarmamento, os que eram contra, diziam: “desarmem os bandidos”. Isto é uma visão equivocada. Os bandidos devem ser desarmados porque são fora de lei, não por medida plebiscitária. Os negros e pardos devem ser auxiliados diferenciadamente, porque são diferentes, independente da qualidade de ensino.

        Sei que essa medida é complicada de ser aplicada no Brasil, quando praticamente toda a população brasileira tem, como se diz, um pé da África. Mas mesmo assim, deve-se insistir na aplicação das quotas por um determinado tempo. Não acredito que meus vizinhos sejam pobres e miseráveis por gostarem de ser assim.