domingo, 19 de outubro de 2014




Ibirapuitã, um rio privatizado?


         Viajei a Alegrete por uns dias. Aproveitei para matar a saudade do rio Ibirapuitã, mais especificamente do trecho em que chamávamos de “Perau”, onde aprendi a nadar e também aprendi muitas coisas da vida.


         Visitei, então, o Perau. A primeira decepção, normal, ele era menor do que estava registrado em minha memória. Claro, cresci, o mundo muda suas proporções. A segunda, me deixou chateado. O Perau, abandonado, virou depósito de lixo a céu aberto. A terceira me deixou revoltado. As margens do Perau estão cercadas. Que  é isso?




O rio Ibirapuitã, um patrimônio da comunidade, está cercado, permitindo o acesso somente a alguns privilegiados.

         Lembrei-me, imediatamente, de alguns  rios que banham cidades conhecidas, como o Sena, em Paris, O Tâmisa, em Londres, o Tibre, em Roma, o Reno, na Alemanha. Todos são cartões postais, orgulho para seus habitantes. O rio Ibirapuitã fez o caminho inverso. Tornou-se vergonha para os habitantes de Alegrete e está sendo escondido, cercado.

         Bem, o rio poderia estar cercado apenas no Perau, que já seria uma pena. Segui, a pé, até um centro recreativo do Município. Alí, certamente, poderia apreciar a beleza e a elegância de meu rio. Aquele centro, abandonado, também, apenas com algumas crianças esforçando-se, com diligência, para destruir um prédio público, levava, também, a uma cerca.









Que tristeza. A administração pública faz uma avenida sem calçadas, esquecendo-se de seus pedestres, cadeirantes e ciclistas, com um centro recreativo que esnoba o que o local tem mais belo, o rio. Repito, que tristeza. A cidade não merece isto.