quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


meditação

blogue do zeca

obrigado, Marlene





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ü   ser arquiteto é:


ü Sentir-se a pessoa que vai mudar o mundo enquanto estudante e uma mera engrenagem da máquina depois de formado;

ü Diplomado, ter que escolher entre abrir um restaurante, uma lancheria, uma cafeteria ou fazer concurso público;

ü Ser chamado para dar umas ideias em um projeto já desenvolvido por um engenheiro civil;

ü Ter sua masculinidade constantemente desafiada;

ü Brigar por espaço com decoradores;

ü Ter, a todo o momento, explicar o que é ser arquiteto;

ü Ver projetos grandiosos espalhados pelo mundo, sabendo que no Brasil não há tecnologia nem para representar tais projetos, quanto mais para executá-los;

ü Ter a alegria íntima de ter escolhido uma atividade que é compartilhada por pessoas sensíveis, cultas e criativas.

ü Saber que grandes obras, pilares do progresso da humanidade, foram realizadas por arquitetos;

ü Por fim, é conquistar o privilégio supremo de ter escolhido a carreira que também é a mesma de Oscar Niemeyer.



oscar





PERDEMOS NOSSO GRANDE POETA

terça-feira, 4 de dezembro de 2012



OBRIGADO, DILA
EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO


Hoje me lembrei do Joãozinho.

Ele era um bebê de um aninho mais ou menos, filho da Araci, uma empregada que trabalhava na minha casa em Alegrete, quando eu tinha uns nove anos de idade.

O menino era uma graça, um verdadeiro anjo louro sorridente, apesar das feridas nas virilhas, resultantes de continuadas micções e sua sofrida mãe não ligava. Minha mãe e minha irmã tomaram as dores do anjo e começaram a trocar suas fraldas constantemente e colocar polvilho antissético em suas partes íntimas. A criaturinha parece que ganhou nova luz e não parava mais de rir de felicidade. Joãozinho tornou-se a alegria da nossa casa. Todos paravam para rir com ele, que ficava dentro de uma grande bacia de alumínio forrada com cobertores.

Araci morava com Joãozinho nos escombros do antigo Cine Ypiranga, na rua Gaspar Martins, em Alegrete. Foi o que conseguiu, após ter sido engravidada e abandonada por um namorado, que foi para Porto Alegre tentar melhorar de vida.

Os meses se passaram e nada de o cara dar notícias. Ela tinha um endereço que ele deixara, mas nunca havia escrito para ele, pois era semianalfabeta.

Foi então que minha irmã, professora primária recém-formada, começou a escrever cartas ao pai do menino, em nome de Araci.

As belas cartas falavam da beleza do menino e da grande esperança que Araci tinha de morar com ele em Porto Alegre, junto com aquela criaturinha sorridente.

Tantas foram as cartas que o pai começou a responder, dizendo que ia mandar buscá-los em breve.

E assim foi. Chegou o dia em que ele mandou dinheiro e lá se foi a Araci, levando consigo a luz da nossa casa: Joãozinho. Sentimos muito a falta do menino, mas ficamos felizes, pois ele iria ter uma família. Nunca mais soubemos do Joãozinho.

RENATO POZZOBON
 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


AS ILHAS DO FIM E DO COMEÇO DO MUNDO

Humberto Eco, em seu romance "A Ilha do dia
anterior" explora muito bem as idiossincrasias de
viver em Diomedes...



"Meia-noite de sexta-feira, aqui no navio, é meia-
noite de quinta-feira na ilha. Se da América para a
Ásia viajas, perdes um dia; se, no sentido contrário
viajas, ganhas um dia: eis o motivo por que o [navio]
Daphne percorreu o caminho da Ásia, e vós, estúpidos,
o caminho da América. Tu és agora um dia mais
velho do que eu! Não é engraçado?"

 
Fuso Horário de 24 horas de diferença entre vizinhos. Muito interessante.
As ilhas onde EUA e Rússia se encontram, e o Leste se torna Oeste


Há um lugar no mundo em que os territórios dos
Estados Unidos e da Rússia estão a menos de 4 km de
distância, mas qualquer percurso entre eles terá uma
diferença de 24 horas...


Estamos falando das desconhecidas e isoladas Ilhas
Diomedes, no Estreito de Bering, a inóspita porção
marítima que separa o Alasca do extremo leste da Ásia
por onde provavelmente os primeiros habitantes da
América atravessaram para estas terras.


As duas Ilhas, conhecidas como Grande Diomedes e
Pequena Diomedes são separadas por uma faixa de
água de apenas 4 km, que fica congelada durante boa
parte do ano, permitindo a passagem a pé entre elas.
O curioso é saber que Grande Diomedes é o ponto
mais a leste na Rússia, e Pequena Diomedes é o ponto
mais a oeste dos Estados Unidos.


Durante o período da Guerra Fria, os nativos que
habitavam as ilhas antes da colonização russa ou
americana não podiam circular entre as ilhas, nem
trocar qualquer tipo de informação, na área que ficou
conhecida como "Cortina de Gelo".


Após o final da 2a Guerra, todos os  russos que habitavam a ilha
de Grande Diomedes foram transferidos para o
continente, e o arquipélago manteve um pequeno
povoado apenas na ilha norte americana de Pequena
Diomedes, que até hoje possui cerca de 170 habitantes
num dos locais mais isolados do planeta.


O que torna o lugar ainda mais curioso é que
exatamente entre as duas ilhas passa a "Linha
Internacional de Data", criando um fuso horário de
nada menos que 24 horas numa distância que de tão
pequena chega a ser visual.


Em 1987, um evento emblemático levou as pequenas
ilhas às manchetes do mundo inteiro. A nadadora
americana Lynne Cox atravessou os pouco mais de
3.700 metros que separam as ilhas irmãs, num gesto
de aproximação entre as super potências que se
esforçavam para estreitar os laços há tanto tempo
separados.

Descrição: cid:8.3878217196@web110603.mail.gq1.yahoo.com Lynne Cox, um gesto caloroso em águas a -4o graus C http://en.wikipedia.org/wiki/Lynne_Cox

Hoje, em tempos de paz, há vários projetos para
criar monumentos que simbolizariam a paz entre os
dois países. Num recente concurso , um projeto
chamado de "Ponte da Memória", ligando as duas
ilhas, ficou entre os campeões, no que seria a primeira
ligação entre América e Ásia depois de dezenas de
milhares de anos.