terça-feira, 4 de fevereiro de 2014




O FIM DO MUNDO
        
Nos anos cinquenta, quando era criança em Alegrete, assinávamos a Seleções (do Reader’s Digest).  A  Seleções era uma instituição das famílias, o norte seguro, fornecido pelos Estados Unidos da América.

Uma matéria que me chamou a atenção, à época, foi a de que “Tamanho Não É Documento”. Será? Eu pensava. Mais tarde, saiu outro artigo que informava que “Ser Alto é Bom”. Bem, havia o contraditório.
Outra preocupação nos tirava o sono: o “perigo vermelho”, o comunismo russo ou o “perigo amarelo”, o comunismo chinês.

Hoje, penso que, naquele tempo, nossa visão da história era linear, pensávamos que o mundo era assim constituído e sempre seria. A discussão sobre tamanho seria permanente e prioritária. Não imaginava que o comunismo seria autodegradável e que recursos naturais eram finitos.

Li um artigo muito instigante na revista “Rolling Stone” (http://rollingstone.uol.com.br/edicao/14/aquecimento-global-e-inevitavel-e-6-bi-morrerao-diz-cientista). Foi escrito por James Lovelocke, cientista britânico de 88 anos. Lovelocke foi o criador do princípio que a terra é um ser vivo que evolui, se degrada e se regenera. É dele a expressão “Gaia” para o planeta, palavra sagrada para muitos ecologistas.

James Lovelocke afirma que o fim do mundo está próximo. Não da maneira que imaginamos, com gigantescos tsunamis. Não, o mundo arderá com o aumento da temperatura terrestre e marítima. Segundo ele, isso não acontecerá em centenas ou milhares de anos, mas até 2040.

Até 2040, o clima mudará drasticamente, com a formação de desertos e a elevação do nível dos oceanos, que será de muitos metros. Nessas condições perecerão, aproximadamente, seis bilhões de pessoas, permanecendo oitocentos milhões.  A região menos atingida será a que hoje vivem os povos nórdicos.

2040 está logo ali, quem está nascendo hoje terá 26 anos até lá.

Locke diz que as medidas adotadas por governos e população, como energias alternativas, reaproveitamento do lixo e outras, são medidas apenas cosméticas. A degradação da natureza já atingiu um ponto irreversível.

Ele não é totalmente pessimista e afirma que muito ainda podemos fazer. Locke, figurativamente, diz que estamos abanando dentro de um barco que está para cair nas cataratas do Niágara.

Devemos imediatamente tomar decisões corajosas e urgentes, algumas das quais ele cita.

 A nossa natureza é pródiga e a terra ficará totalmente regenerada, como se regenerou depois da era glacial, quando foram extintos os dinossauros. A devastação que os humanos cometeram nos últimos cem anos demorará alguns milhões de anos para ser revertida, mas será. Já a espécie humana...




quarta-feira, 29 de janeiro de 2014



MAD DOG AND GLORIA
        
A sociedade americana é puritana e violenta. Isso todo mundo sabe. Essa filosofia de vida é retratada todo o dia no cinema. No cinema, não há uma relação sexual que não seja frustrada antes de seu término (ver Woody Allen) ou que não seja “castigada” posteriormente. No cinema americano, as armas são símbolos fálicos e os disparos, ejaculações.
        
Pois hoje revi “Uma mulher para dois” (Mad Dog and Gloria, direção: John McNaughton, 1993). Nesse filme, tive a satisfação de assistir a uma relação sexual repleta de amor e carinho que se completa plenamente. Somente por isso valeria assisti-lo.

Mas esse filme tem mais: um senhor elenco: Robert de Niro, Uma Thurman, Bill Murray e David Caruso. Tem também uma interpretação sensacional de Mike Starr como “Harold”.

Ele conta a estória de uma mulher, Gloria (Uma Thurman) que é cedida como escrava, para Mad Dog (De Niro) após este ter salvo a vida de um chefão criminoso (Murray).

O filme é de um ótimo humor negro. Tem uma cena antológica que ficou na minha lembrança desde que o vi, nos anos 90. O personagem de Robert de Niro é um fotógrafo da polícia de Nova York. Ele é fã de Louis Prima (eu também sou).

É chamado para documentar um assassinato em um bar. Encontra um cadáver ensanguentado, mas também um jukebox. Dirige-se à máquina, localiza “Just a Gigolo”, de Prima. Ao começar Just a Gigolo, cantando junto com Prima, ele fotografa o cadáver, encenando uma elaborada coreografia, ao som da musica. É uma cena impagável.