O FIM DO MUNDO
Nos
anos cinquenta, quando era criança em Alegrete, assinávamos a Seleções (do Reader’s
Digest). A Seleções era uma instituição das famílias, o norte
seguro, fornecido pelos Estados Unidos da América.
Uma
matéria que me chamou a atenção, à época, foi a de que “Tamanho Não É Documento”.
Será? Eu pensava. Mais tarde, saiu outro artigo que informava que “Ser Alto é Bom”.
Bem, havia o contraditório.
Outra
preocupação nos tirava o sono: o “perigo vermelho”, o comunismo russo ou o “perigo
amarelo”, o comunismo chinês.
Hoje,
penso que, naquele tempo, nossa visão da história era linear, pensávamos que o mundo
era assim constituído e sempre seria. A discussão sobre tamanho seria permanente
e prioritária. Não imaginava que o comunismo seria autodegradável e que
recursos naturais eram finitos.
Li
um artigo muito instigante na revista “Rolling Stone” (http://rollingstone.uol.com.br/edicao/14/aquecimento-global-e-inevitavel-e-6-bi-morrerao-diz-cientista).
Foi escrito por James Lovelocke, cientista britânico de 88 anos. Lovelocke foi o
criador do princípio que a terra é um ser vivo que evolui, se degrada e se
regenera. É dele a expressão “Gaia” para o planeta, palavra sagrada para muitos
ecologistas.
James
Lovelocke afirma que o fim do mundo está próximo. Não da maneira que
imaginamos, com gigantescos tsunamis. Não, o mundo arderá com o aumento da
temperatura terrestre e marítima. Segundo ele, isso não acontecerá em centenas
ou milhares de anos, mas até 2040.
Até
2040, o clima mudará drasticamente, com a formação de desertos e a elevação do
nível dos oceanos, que será de muitos metros. Nessas condições perecerão,
aproximadamente, seis bilhões de pessoas, permanecendo oitocentos milhões. A região menos atingida será a que hoje vivem
os povos nórdicos.
2040
está logo ali, quem está nascendo hoje terá 26 anos até lá.
Locke
diz que as medidas adotadas por governos e população, como energias
alternativas, reaproveitamento do lixo e outras, são medidas apenas cosméticas.
A degradação da natureza já atingiu um ponto irreversível.
Ele
não é totalmente pessimista e afirma que muito ainda podemos fazer. Locke, figurativamente,
diz que estamos abanando dentro de um barco que está para cair nas cataratas do
Niágara.
Devemos
imediatamente tomar decisões corajosas e urgentes, algumas das quais ele cita.
A nossa natureza é pródiga e a terra ficará
totalmente regenerada, como se regenerou depois da era glacial, quando foram
extintos os dinossauros. A devastação que os humanos cometeram nos últimos cem
anos demorará alguns milhões de anos para ser revertida, mas será. Já a espécie
humana...
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