terça-feira, 27 de novembro de 2012



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segunda-feira, 26 de novembro de 2012




a história se repete
(ou como uma xoxota bem administrada pode render mais que poço de petróleo)


EPISÓDIO 1 – Em 1981, quando a ditadura militar entrava em lenta agonia, roída por dentro por causa da anarquia nos quartéis e do crescimento vertiginoso da corrupção, um grupo de oficiais fanáticos pela linha dura decidiu marcar sua presença explodindo bombas no Riocentro, quando ali se desenrolaria um ato pelo fim da ditadura, no Dia do Trabalho.

            O atentado foi preparado com um mês de antecedência e visava provocar pânico no público do evento e mesmo provocar a morte de muitos. As saídas do estádio foram trancadas com correntes, para impedir a fuga das pessoas e fazer que houvesse esmagamento de muitas delas, no tumulto. Para incriminar a esquerda, foram feitas pichações nas redondezas, com a sigla VPR, que já não mais existia.

            O fiasco que se tornou a tentativa de atentado mostrou que os militares foram péssimos alunos de seus colegas americanos os quais, pacientemente, os instruíram em técnicas de contra insurreição, incluídas aí sofisticados equipamentos de tortura física e moral e, certamente, manuseio de explosivos.

            Após o fracasso da operação, com a morte do sargento Rosário e graves ferimentos no capitão Wilson Machado, os militares tentaram maquiar o acontecimento, culpando ora quem? A esquerda. Ninguém acreditou quando foi montado um teatro, com slides e um abatido capitão tentou, minuciosamente, comprovar que a responsabilidade do atentado era, claro, da esquerda.

            Entretanto, em um regime de exceção, a sociedade teve de aceitar calada a farsa. O episódio teve mesmo desdobramentos na esfera militar, com punições de oficiais e acabou acelerando a derrocada da ditadura, que se encerrou melancolicamente em 1985.

            Todos os detalhes desses acontecimentos apareceram agora, revelados por Zero Hora, quando do assassinato do coronel Molinas, um dedicado servidor do Doi Codi, na época. O coronel, quando foi para a reserva, carregou toda a documentação desse e de outros fatos. Ficou-se sabendo, também, que o sargento Rosário, perito em explosivos, era autodidata.


EPISÓDIO 2 – Após a explosão do caso Rosemary Novoa de Noronha, a turma de choque do Partido dos Trabalhadores, o partido perseguido pela ditadura militar, reinventa a maquiagem dos fatos para proteger seus dirigentes.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012




blogue do zeca

elle quer voltar

        O PTB (aquele do mensalão), um dos partidos da base do governo federal, também quer apresentar candidato próprio em 2014. O candidato é ele mesmo, o Collor de Mello.

        Diz-se que a história se repete e o que era tragédia vira comédia. O senhor Fernando teve uma vitória avassaladora, chefiou um governo acusado de ser corrupto e foi abatido em pleno voo pelo Congresso Nacional.

        Agora, vive cercado de fausto, como um verdadeiro oligarca, e quer ser presidente de novo. Vamos ver.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012






porque sou favorável às quotas

        Moro em um bairro de classe média baixa. Ao lado, bem próxima, há uma favela. Quando circulo por aqui, sinto como se estivesse na África. A quase totalidade dos moradores aqui é de negros e pardos.

        Mesmo durante a semana, em horário de trabalho, vejo homens, jovens e idosos, bebendo cerveja e fumando. Vejo, também, moças e mesmo meninas, também sem trabalhar, usando roupas apertadíssimas, desfilando pela rua.

                São comportamentos bem diferentes daqueles em que me acostumei, quando residia em um bairro de pessoas com mais poder aquisitivo, quase todas brancas.

        Como posso ver, considerados os limites de minha observação, existe uma forte correlação entre raça e pobreza (e miséria).

        Alguém poderá dizer. Ora, são vagabundos. Pode ser. Mas vamos pensar assim: nas boas escolas particulares, não existem estudantes negros. No excelente filme “Meu Tio Matou um Cara” de Jorge Furtado, o personagem que narra a história, garoto negro em uma escola de ricos, constata que, além dele, há apenas outro negro, o porteiro da instituição.

                Como está provado que não existe raça inferior, posso concluir que o comportamento claramente autodestrutivo de meus vizinhos é resultado de uma profunda baixa de autoestima, que vem sendo transmitida de pai para filho desde 1888.

        A gente sabe que existem negros e pardos que enfrentando tudo e todos, estudaram e atingiram posições invejáveis na sociedade. Mas é ínfima minoria. Os governos devem governar para a maioria da sociedade e não para uma minoria de super heróis.

        Quem sabe as quotas não permitiriam quebrar essa situação degradante para a população negra e parda (e também para a índia)?

        Alguém, novamente, poderia dizer: vamos dar qualidade para o ensino público e não precisaremos de quotas. Mas afirmar isso é tratar igualmente coisas que são completamente diferentes. Claro que o ensino brasileiro é de baixíssima qualidade, constitui um gargalo em nosso crescimento e precisa de reformas urgentes. Só que o tratamento desigual para negros e pardos não tem nada que ver com qualidade de ensino. Tem a ver com desigualdade social que já sabemos que existe.

        Lembro-me de uma situação semelhante. Quando do plebiscito do desarmamento, os que eram contra, diziam: “desarmem os bandidos”. Isto é uma visão equivocada. Os bandidos devem ser desarmados porque são fora de lei, não por medida plebiscitária. Os negros e pardos devem ser auxiliados diferenciadamente, porque são diferentes, independente da qualidade de ensino.

        Sei que essa medida é complicada de ser aplicada no Brasil, quando praticamente toda a população brasileira tem, como se diz, um pé da África. Mas mesmo assim, deve-se insistir na aplicação das quotas por um determinado tempo. Não acredito que meus vizinhos sejam pobres e miseráveis por gostarem de ser assim.