breve introdução à história da estupidez humana
Quando eu era pequeno, recebi um dos
maiores presentes que um pai pode dar a um filho: o acesso à sua biblioteca. A
biblioteca era uma sala com estantes nas quatro paredes, preenchidas com livros
de alto a baixo.
Ali, naquele espaço, aprendi quase tudo que
sei sobre ciência, filosofia, música, artes plásticas, sexo e sensualidade. Aprendi
quase tudo que sei sobre a vida.
De todos os livros, havia um que eu
considerava um dos mais intrigantes. Era um calhamaço com letras miúdas,
denominado “Breve Introdução à História da Estupidez Humana”. Passava horas examinando aquele texto, em eram
descritos erros absurdos, muitas vezes cometidos por pessoas esclarecidas, como
cientistas e outras.
Bem mais tarde, depois de formado em
arquitetura, recebi cursar Engenharia de Segurança, em nível de especialização.
Era matéria interessante, por estudar as relações de trabalho e segurança e,
principalmente, pela ênfase que dava à prevenção de acidentes.
Considerando a quantidade absurda que
havia em acidentes de trabalho, principalmente na construção civil, área ligada
à minha formação básica, considerei que seria uma atividade de futuro
promissor.
Que decepção! Com raríssimas exceções, nenhum empresário
queria gastar com segurança. Argumentavam que isso não os preocupava, porque
havia mão de obra abundante e, em caso de acidente, a previdência oficial
cuidava dos mortos e mutilados. Alguns engenheiros de segurança se davam bem, indo
trabalhar em indústrias, nas quais prestavam outro tipo de atividade. Com isso,
os empresários cumpriam a legislação. A lei exigia um engenheiro de segurança
para um determinado número de funcionários. O resto era maquiagem para burlar a
fiscalização do Ministério do Trabalho.
Essa tragédia em Santa Maria indica que
nada mudou neste país, depois de tantos anos. O comandante do Corpo de
Bombeiros, em entrevista, candidamente, disse que, embora sem alvará, a casa de
shows tinha proteção contra incêndio, porque havia extintores instalados. Mas
como, comandante, extintores que ninguém sabia usar? E a falta de brigada de
incêndio, a falta de providencias específicas para a apresentação de uma
banda que usa fogo nos seus espetáculos,
a falta de materiais não transmissores de chama e, principalmente, a falta de saídas
de emergência, todas providências constantes em Normas Técnicas? E a prevenção,
comandante?
Comandante, a maioria dos jovens mortos
sucumbiu por ter sido pisoteada e por inalação de fumaça tóxica. Morreram de
acordo com a legislação?
Tragédia anunciada! Santa Maria, cidade universitária.
Eta, paisinho!
Muito bom! Mas a culpa não é do "´paisinho". É do povinho que o habita!
ResponderExcluirQuando eu era guri, diziam que no Brasil a natureza é tão pródiga que, à noite, refaz tudo que os brasileiros destroem durante o dia.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário