terça-feira, 25 de março de 2014




O HOMEM DO PLANETA X

         Estávamos em 1952. Eu já tinha nove anos. Foi nesse ano que passou, no Cine Glória, o filme “O Homem do Planeta X”. Fissurado por ficção científica, me programei para ir ao cinema. Foi um choque quando disseram ser o filme proibido até 14 anos. Logo eu, que já sabia tudo sobre a vida.

         Planejei meticulosamente romper a censura etária. Levava uma vantagem inicial. Meu pai era médico de seu Ivoni (y?) e de toda sua família. E seu Ivoni era o gerente do Cine Glória. Meu pai não cobrava do seu Ivoni e nós não pagávamos cinema.

         O problema era que seu Ivoni era duro na queda. Ficava na portaria, de fiscal do porteiro, e não deixava passar nenhum menor. Mais tarde, quando passou “Rock Around the Clock”, com Bill Halley, seu Ivoni ameaçou a todos na plateia: se fizessem baderna, ele interromperia o filme. “Rock Around the Clock” foi assistido em silêncio, provavelmente caso único no Brasil e no mundo.

         Contratei um intermediário para saber se teria chance. Seu Ivoni respondeu na hora. Não teria.

         Assim, não vi “O Homem do Planeta X”. Mais tarde, apareceu no bazar de seu Kaiser (a casa de esquina no meio da quadra), uma versão quadrinizada do “Homem do Planeta X”. Comprei, mas não foi a mesma coisa, não havia a emoção do escurinho do cinema.

         Guardei por sessenta e um anos esse trauma. Talvez, se tivesse trazido o assunto para meu tratamento, os anos de análise tivessem se reduzido consideravelmente.

         Agora, em plena era de Internet, me lembrei deste episódio marcante da minha infância. Procurei o “Homem do Planeta X”. Não, é que ele estava lá, me esperando? Aguardo, com o coração na mão, que ele baixe.

         Para quem quiser ser solidário. O filme está no seguinte endereço: 


As legendas estão em:


         Só para concluir. Não perdi o “Monstro da Lagoa Negra” nem “O Planeta Proibido”. Eles eram censura livre.



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