domingo, 5 de agosto de 2012



ALEGRETE
blogue do zeca

Transcrevo abaixo o ótimo texto de Andréa Motta de Oliveira, que descreve com perfeição a decadência de nossa cidade. A mensagem de Andrea é triste mas real.

Complemento dizendo que a cidade de Alegrete sobrevive. Apenas trocou de CEP. Ele agora é 90.000-000.


Sigo batendo na mesma tecla, que falta faz o Quiosque nesse Alegrete!
            São perceptíveis os freqüentadores do Quiosque alçados nos mais variados locais em busca de um lugar aprazível, e o pior de tudo: não encontram! Percorrem postos de gasolina, bares, revistarias e bancos de praça....Mas não há nada que preencha o vazio dos nossos amigos em momentos de descontração.
            Os quiosqueiros ao encontrarem-se casualmente pelas ruas do Alegrete perguntam uns para os outros o seguinte:

            Onde é que vocês vão agora?

            Tenho realmente ouvido os mais variados comentários, lógico que todos são de muita tristeza... Isso sem falar nos que ficam ali pela frente conversando em frente ao prédio todo escuro e fechado, na esperança de que num passe de mágica a porta  seja aberta.Os que lagarteiam à frente do Quiosque incendiado me lembram o gado beirando a cerca.
            Uma das coisas interessantes nesses encontros casuais, é que quando um quiosqueiro encontra outro, existe uma alegria exacerbada, identificação de alma!

            Algumas pessoas que eu passava e somente cumprimentava ali pela praça ou sentados ao balcão, agora me abraçam por onde quer que eu esteja numa espécie de conforto por estarem sentindo a mesma dor.
            Alegrete está desalmado, aquela esquina, à noite, com as luzes do Clube Cassino apagadas e, agora, com o Quiosque no estado em que se encontra, chega a dar vontade de chorar. Só em pensar no cafezinho, na hora do lagarteio, dá dor no coração. Pois todos que andavam pelo centro faziam uma horinha lá....
            Por onde andará o Irineu Paraná e os freqüentadores das Plenárias do Senadinho? Por onde andarão os funcionários e o Ademir?

            Só me resta dizer:
             Que saudades! Espero que seja até breve.



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Nestes tempos de mensalão, sempre é bom ter em mente 
a lapidar frase de Sérgio Porto:

"Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos"

sábado, 4 de agosto de 2012


Gardel




Os argentinos dizem que Carlos Gardel 
está cantando melhor que nunca


quinta-feira, 2 de agosto de 2012



Obama encostou o beição no meu cangote, beijou e disse:
Helloooo, Prisidenta!
De longe, Michelle a tudo observava.

Extraído de Piaui, abril/2011


wolinski



Georges Wolinski (nascido em 28 de junho de 1934, em Túnis) é um cartunista e escritor de quadrinhos francês. 



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Ronda

De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta
 busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João

Essa letra do Paulo Vanzolini sempre me fascinou. Conta a história, na primeira pessoa, de uma mulher cuja vida consiste em procurar o homem que a abandonou, pelas noites de São Paulo. Seu objetivo não é pedir que ele volte para ela. Ela sabe que isso não vai acontecer. Vê-se que nem é isso que ela quer. Ela quer é matá-lo.

A letra é o retrato perfeito da obsessão. A obsessão é esse sentimento que todos temos, mas em alguns, vira projeto de vida. Pensem que toda a obra de criação, seja de, ou literatura, arte plástica, música somente pode ser executada e concluída por uma pessoa determinada a fazê-la, ou obsecada por ela.

Estou lendo a biografia de Steve Jobs. Ele nunca procurou conforto, fama, dinheiro ou poder em sua vida, embora tenha adquirido tudo isso. Ele era obsecado pelo que poderíamos chamar de um “estado de arte”. Construir um produto que transcendesse a tecnologia e resultasse em poesia sólida, como são os produtos da Apple. É a excelência, a busca da perfeição, o mesmo sentimento que norteou Miguel Ângelo e todos os gênios da humanidade.

Mas para isso é preciso dedicação, sangue, suor, lágrimas.          

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


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Clube de Nadismo
Meditação transcendental? Esqueça. Yoga? Esqueça. Zen? Esqueça.

Existe coisa muito melhor. Já temos o Clube de Nadismo. Essa entidade, orgulho dos gaúchos (foi criada aqui) já existe há dois anos. Seu fundador é Marcelo Bohrer, um designer, que teve a ideia de criar a filosofia do “dolce far niente”, depois de sofrer estresse profundo, quando trabalhava em Londres.

De acordo com o artigo 59 do decreto-lei 3688, de 3 de outubro de 1941, a vadiagem é contravenção penal. Classificada como a prática de “entregar-se habitualmente à ociosidade”, pode levar o autor da vadiagem à prisão.

Isso não assusta os sócios do Clube do Nadismo, que se dedicam ao ócio com fervor quase religioso, pelo menos por um período de tempo durante o dia.

O clube, desde 2006, organiza encontros (ir) regulares em parques em praças e outros logradouros públicos, quando se dedicam justamente a isso: não fazer nada. Ele leva ao extremo o movimento internacional “slow”, criador da expressão “slow food”.  Prega que a melhor maneira de se erradicar o estresse e a ansiedade não é diminuindo o ritmo de vida e sim, paralisando-o.

A sociedade moderna criou um novo pecado capital: o ócio. Precisamos estar sempre fazendo alguma coisa, ou trabalhando, ou nos divertindo, ou nos exercitando, levando a atividade física e/ou mental ao paradoxismo. O resultado é como se tivéssemos um relógio que continuamente levasse corda, até começar a funcionar erraticamente.

A solução lógica para este estado de pré-loucura é parar. Isso mesmo, parar.

Por isso a importância do princípio de Bohrer. O princípio do nadismo. Ele se baseia em uma tática de luta oriental. Em vez nos opormos a uma força contrária, direcionamo-la para trabalhar para nós. Então, por que não marcar um novo compromisso, dia e hora para não fazer nada? Essa ideia é genial.

Como disse, temos o privilégio de contar, em Porto Alegre, com a sede de fundação do Clube de Nadismo. Aqui ele tem em torno de 1.500 sócios. Mas o Clube tem sócios em outros locais, aqui e no exterior, onde conta com “embaixadores de nadismo”.

Confesso que achei o Clube de Nadismo fascinante, até porque cada vez me convenço que a vagabundagem é o estádio mais perfeito da vida humana. Vejam se um gato dormindo no meio da tarde não é o protótipo da felicidade aqui na terra.

Se quiserem saber mais sobre a filosofia do nadismo, sugiro que acessem: