Clube de Nadismo
Meditação
transcendental? Esqueça. Yoga? Esqueça. Zen? Esqueça.
Existe
coisa muito melhor. Já temos o Clube de Nadismo. Essa entidade, orgulho dos
gaúchos (foi criada aqui) já existe há dois anos. Seu fundador é Marcelo
Bohrer, um designer, que teve a ideia de criar a filosofia do “dolce far niente”,
depois de sofrer estresse profundo, quando trabalhava em Londres.
De
acordo com o artigo 59 do decreto-lei 3688, de 3 de outubro de 1941, a vadiagem
é contravenção penal. Classificada como a prática de “entregar-se habitualmente
à ociosidade”, pode levar o autor da vadiagem à prisão.
Isso
não assusta os sócios do Clube do Nadismo, que se dedicam ao ócio com fervor
quase religioso, pelo menos por um período de tempo durante o dia.
O clube,
desde 2006, organiza encontros (ir) regulares em parques em praças e outros
logradouros públicos, quando se dedicam justamente a isso: não fazer nada. Ele leva ao extremo o movimento internacional “slow”,
criador da expressão “slow food”. Prega
que a melhor maneira de se erradicar o estresse e a ansiedade não é diminuindo
o ritmo de vida e sim, paralisando-o.
A
sociedade moderna criou um novo pecado capital: o ócio. Precisamos estar sempre
fazendo alguma coisa, ou trabalhando, ou nos divertindo, ou nos exercitando, levando
a atividade física e/ou mental ao paradoxismo. O resultado é como se tivéssemos
um relógio que continuamente levasse corda, até começar a funcionar
erraticamente.
A
solução lógica para este estado de pré-loucura é parar. Isso mesmo, parar.
Por
isso a importância do princípio de Bohrer. O princípio do nadismo. Ele se baseia
em uma tática de luta oriental. Em vez nos opormos a uma força contrária,
direcionamo-la para trabalhar para nós. Então, por que não marcar um novo
compromisso, dia e hora para não fazer nada? Essa ideia é genial.
Como
disse, temos o privilégio de contar, em Porto Alegre, com a sede de fundação do
Clube de Nadismo. Aqui ele tem em torno de 1.500 sócios. Mas o Clube tem sócios
em outros locais, aqui e no exterior, onde conta com “embaixadores de nadismo”.
Confesso
que achei o Clube de Nadismo fascinante, até porque cada vez me convenço que a
vagabundagem é o estádio mais perfeito da vida humana. Vejam se um gato
dormindo no meio da tarde não é o protótipo da felicidade aqui na terra.
Se
quiserem saber mais sobre a filosofia do nadismo, sugiro que acessem:
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