quinta-feira, 2 de agosto de 2012


blogue do zeca


Ronda

De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta
 busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João

Essa letra do Paulo Vanzolini sempre me fascinou. Conta a história, na primeira pessoa, de uma mulher cuja vida consiste em procurar o homem que a abandonou, pelas noites de São Paulo. Seu objetivo não é pedir que ele volte para ela. Ela sabe que isso não vai acontecer. Vê-se que nem é isso que ela quer. Ela quer é matá-lo.

A letra é o retrato perfeito da obsessão. A obsessão é esse sentimento que todos temos, mas em alguns, vira projeto de vida. Pensem que toda a obra de criação, seja de, ou literatura, arte plástica, música somente pode ser executada e concluída por uma pessoa determinada a fazê-la, ou obsecada por ela.

Estou lendo a biografia de Steve Jobs. Ele nunca procurou conforto, fama, dinheiro ou poder em sua vida, embora tenha adquirido tudo isso. Ele era obsecado pelo que poderíamos chamar de um “estado de arte”. Construir um produto que transcendesse a tecnologia e resultasse em poesia sólida, como são os produtos da Apple. É a excelência, a busca da perfeição, o mesmo sentimento que norteou Miguel Ângelo e todos os gênios da humanidade.

Mas para isso é preciso dedicação, sangue, suor, lágrimas.          

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