sábado, 24 de março de 2012


PUNHETAS (ODE À MASTURBAÇÃO)


 Em nossa sociedade permissiva parece que tudo já foi dessacralizado, mas ainda resta um tabu: a masturbação. Pensem bem. A masturbação é um hábito (ou vício solitário, como alguns preferem) muito disseminado. 


Se perguntarem a três homens se masturbam-se habitualmente, dois dirão que sim. O terceiro é um mentiroso. Não sei como é essa estatística com mulheres. Desconfio que não seja diferente. A popularização do uso de vibradores, que vem com propaganda safada, informando que o orgasmo melhora o cabelo, deixa a pele mais sedosa, facilita o sono, etc., deve seduzi-las, embora a natureza não tenha sido pródiga com elas como foi com os homens. 


Eles foram instrumentalizados com um sistema “the flash”. O ato da masturbação, excluindo-se criativas (e mortais) soluções, como a de David Carradine, é muito simples. Para os homens, sempre existe a possibilidade de ser usada uma ou outra mão. Pelo folclore, parece que a esquerda é mais sensual. O importante, no entanto, não é o ato em si, mas a fantasia que é gerada para que a masturbação tenha sucesso. 


Sim, ainda não inventaram um jeito de se chegar ao orgasmo sem uma bem estruturada fantasia. Sobre isso que quero falar. As fantasias costumam ser uma simplificação de realidades passadas, adaptadas para a ocasião e para os desejos mais secretos do masturbador. Os mais preguiçosos podem apelar para a pornografia, mas esta não tem o encanto proporcionado pela criatividade de uma boa fantasia. Acredito que existam fantasiadores geniais, Cervantes da punheta, que fazem da bronha uma obra de arte. 


Na fantasia, tudo é possível. O sexo genital, anal, oral são sempre elaborados à perfeição, com o (a) parceiro (a) disposto (a) a contribuir de forma perfeita para o bom resultado do trabalho. Na fantasia, não existem queixas, negativas e outros impedimentos que possam tirar o brilho do ato. O sexo anal, que na vida real é anti higiênico, difícil e, quase sempre, odiado pelas mulheres, na fantasia ele é perfeito e prazeroso para ambos. O sexo oral é praticado com absoluta devoção pelo parceiro (a), atitude nem sempre suscetível de acontecer na vida real. 


Existem indivíduos que aproveitam para extravasar outros sentimentos, vamos dizer assim, pouco nobres. Assim, durante a masturbação, podem esganar o parceiro (a), sem nenhuma culpa. Na fantasia, ninguém escapa. Pode ser aquela vizinha gostosa, a prima, o primo, o chefe, a atriz ou ator de cinema ou novela. Todos colaboram sem pestanejar.


 Na fantasia não existe adultério nem o perigo de flagra. Os únicos que não costumam dar ibope são os parceiros habituais da vida real. Esses trazem uma carga de realidade que tornam difícil a fantasia. Mas como nessa área tudo é possível, até isso, às vezes, acontece, em situações idealizadas.


 Bom, o final é sempre meio frustrante. Como uma bolha de sabão que, repentinamente, explode, a fantasia se esvai com o orgasmo. É como na letra da música “Bala com Bala”, de Aldir Blanc, em que a coragem é substituída pelo cansaço. 


 Mas a vida recomeça.

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