SOBRE A FINITUDE DA VIDA E TUDO QUE DAÍ VEM
Fomos educados
para acreditar que a vida tem um sentido. Esse é um princípio religioso que
norteia todos os credos que existem. Desde o início da história da humanidade,
os homens procuram uma razão para sua existência.  
O nascimento
de Cristo, que é a representação da maternidade, gesto importante na trajetória
humana, é estrutural para a religião cristã. Essa encenação aparece também em
outras religiões orientais, algumas bem mais antigas do que a cristã.
A morte de
Cristo, em suplício, também tem representações semelhantes. 
Esses dois
acontecimentos, nascimento e morte, têm ocupado os seres humanos desde o início
de sua história. O mistério do nascimento, assim como a dimensão brutal do
encerramento da existência, com o fim da história individual das pessoas, tem
assustado os homens (e mulheres) desde que eles tomaram consciência de que
existem. É a velha indagação, de onde viemos e para onde vamos.
Essas
preocupações procuram colocar a espécie humana dentro de um critério lógico,
racional. Afinal, somos ou não somos racionais? Dentro desses critérios, para
todo o efeito, tem de haver uma causa.
Inicialmente,
essas indagações foram respondidas com a criação deuses representados pelos
fenômenos naturais. Afinal, eram eles que provocavam catástrofes, com sofrimento
e mortes. Mais tarde, por uma questão de síntese simplificadora, foi criado o
monoteísmo, que é a base das religiões atuais. Os sistemas filosóficos, mesmo
os não embasados em religião, também tem sua estrutura na questão de causa e
efeito. Assim, a civilização, principalmente a ocidental, criou duas formas de
pensamento: a procura da verdade revelada (religiosa) e a da verdade
prospectada (filosófica). Os dois pensamentos, entretanto, continuam baseando-se
na velha lei de causa e efeito.
Ultimamente,
talvez em função de novas relações propiciadas por tecnologias de informação,
tem aparecido alguns pensadores, que poderíamos chamar de neo ateus, ou neo
agnósticos, por falta de outra denominação, que perguntam se essas questões
religiosas e filosóficas não estarão limitadas ao cérebro das pessoas.
E se os fatos
concretos não obedecerem às leis de causa e efeito? Se todo o funcionamento da
natureza obedecer a outros princípios ou mesmo não obedecer a princípio nenhum?
Essa é uma
idéia atraente. Por consequência dela, todo um pensamento preconceituoso, que
já dura milhares de anos, poderia ser jogado para o lixo da história. Os seres
humanos, despreocupados com as questões do início e do fim, poderiam ocupar-se
com coisas mais interessantes, como viver plenamente essa existência, que,
afinal, todos sabemos que está aí.

 
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