não tenho
tempo a perder
Quando perguntaram a Federico Fellini o que
significava seu filme E La Nave Va, o
gênio respondeu: “É uma fábula sobre a hiper informação”. Era o ano de 1983. De
lá para cá, o tempo demonstrou como o cineasta era o senhor da razão.
Neste período houve duas revoluções
tecnológicas: o aparecimento de redes sociais e a invenção do smartfone.
Com as redes sociais, as
pessoas começaram a colocar suas ideias e sentimentos on line, a rede servindo
como grande desabafo, catarse, terapia coletiva sem terapeuta, tudo sob a
bênção de Mark Zuckerberg.
O smartfone trouxe a internet (e as redes sociais) para o bolso (ou a
bolsa) dos internautas. O que era acessado algumas vezes ao dia, tornou-se uma
consulta permanente, uma obsessão.
O que as redes sociais em geral e o face book em particular trazem de
ampliação ao conhecimento e à qualidade de vida? Com algumas exceções, nada.
Entretanto, a vida on line, a hiper informação que antecipou Felinni, cobrou
seu preço no dia a dia das pessoas.
Com tantos meios de informação, mais o aumento da carga de trabalho,
elas ficaram tão ocupadas que não tem mais tempo para meditar, para filosofar
sobre sua própria vida e a da existência da sociedade em que estão inseridas.
Essas atividades ficaram impossibilitadas porque para sua realização, as
pessoas precisam ter tranquilidade interior e o silêncio de uma mente quieta, o
que não existe mais.
A falta de tempo para pensar, ou mesmo sua impossibilidade, trouxe,
como era de se esperar, um grande vazio existencial.
Vazio que está sendo preenchido alegremente pela febre consumista. A
indústria, comércio e serviços que servem à sociedade de consumo agradecem.
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