segunda-feira, 3 de setembro de 2012



não tenho
tempo a perder


    Quando perguntaram a Federico Fellini o que significava seu filme E La Nave Va, o gênio respondeu: “É uma fábula sobre a hiper informação”. Era o ano de 1983. De lá para cá, o tempo demonstrou como o cineasta era o senhor da razão.

Neste período houve duas revoluções tecnológicas: o aparecimento de redes sociais e a invenção do smartfone.

Com as redes sociais, as pessoas começaram a colocar suas ideias e sentimentos on line, a rede servindo como grande desabafo, catarse, terapia coletiva sem terapeuta, tudo sob a bênção de Mark Zuckerberg.

 

O smartfone trouxe a internet (e as redes sociais) para o bolso (ou a bolsa) dos internautas. O que era acessado algumas vezes ao dia, tornou-se uma consulta permanente, uma obsessão.

 

O que as redes sociais em geral e o face book em particular trazem de ampliação ao conhecimento e à qualidade de vida? Com algumas exceções, nada.

 

Entretanto, a vida on line, a hiper informação que antecipou Felinni, cobrou seu preço no dia a dia das pessoas.

 

Com tantos meios de informação, mais o aumento da carga de trabalho, elas ficaram tão ocupadas que não tem mais tempo para meditar, para filosofar sobre sua própria vida e a da existência da sociedade em que estão inseridas. Essas atividades ficaram impossibilitadas porque para sua realização, as pessoas precisam ter tranquilidade interior e o silêncio de uma mente quieta, o que não existe mais.

 

A falta de tempo para pensar, ou mesmo sua impossibilidade, trouxe, como era de se esperar, um grande vazio existencial.

 

Vazio que está sendo preenchido alegremente pela febre consumista. A indústria, comércio e serviços que servem à sociedade de consumo agradecem. 



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