segunda-feira, 2 de julho de 2012


blogue do zeca



A VIOLÊNCIA COMO OBJETIVO POLÍTICO

Em O Príncipe IX: “[...] porque em toda cidade
 Existem estes dois humores diversos que nascem disso:
 O povo deseja não ser comandado nem oprimido pelos grandes,
E os grandes desejam comandar
E oprimir o povo”. Nos Discursos I,4 :
“E sem dúvida, se considerarmos o objetivo dos nobres e dos
plebeus [nobili e degli ignobili],
Veremos naqueles grande desejo de dominar e nestes somente o
Desejo de não ser dominados e, por conseguinte,
Maior vontade de viver livres [“...]”. Finalmente, na
História de Florença III, 1:
 “As graves e naturais inimizades que há entre os homens do povo e os
nobres, causadas pela vontade que estes têm de
comandar e aqueles de não obedecer [“...]”.

Maquiavel

            Quando estudei história da arte, fiquei chocado com uma gravura que vi, na antiga Babilônia. Nela, o imperador Nabucodonosor, pessoalmente, cegava metodicamente os inimigos derrotados, com um estilete. No mesmo país, muito tempo depois, Saddam Hussein bombardeou, com gás mostarda, a população de origem curda de um povoado ao norte do Iraque, matando todos seus habitantes, mulheres e crianças inclusive.
            Na segunda metade do século passado, por questões aparentemente étnicas, houve um dos mais trágicos genocídios de um país africano, quando, em Ruanda, mais ou menos oitocentas mil pessoas foram assassinadas.  Atualmente, em Darfur, no Sudão, novo genocídio, comandado por milícias árabes, com violência sexual feita de maneira metódica e institucionalizada.

            Na chamada guerra do Kosovo, forças armadas sérvias da Iugoslávia trucidaram cidadãos separatistas albaneses, de origem bósnia, muçulmanos majoritariamente, assunto que provocou repúdio do mundo civilizado e levou à justiça internacional o presidente Slobodan Milosevic.

            Durante o nazi-fascismo, milhões de judeus, ciganos e outras minorias foram assassinados friamente, com método, pelas forças armadas alemãs, em nome de uma monstruosa faxina étnica.

            O genocídio e outros eventos de matança sistemática são tão horrendos e abomináveis que nos recusamos a admitir que sejam efeito de uma política de extermínio. Infelizmente, são.

            Carl von Clausewitz escreveu que 'a guerra é a continuação da política por outros meios'. Podemos dizer que o massacre de populações também é. Tivemos um exemplo recente dessa tese na chamada Guerra das Malvinas (Falklands) em que a ditadura argentina, já decadente, tenta prorrogar-se com a agressão a uma propriedade estrangeira, no caso, inglesa. O fim da guerra, que provocou muitas mortes de soldados argentinos, também levou à derrocada da ditadura.

            As ditaduras latinas americanas são um exemplo como  o poder político pode, também, praticar violência contra a população civil de seu próprio país.

            O desenvolvimento das nações e estabilidade das instituições democráticas tem sido o único antídoto para a violência de governos. Hoje não vemos democracias atacar democracias. Os Estados Unidos, país intervencionista, não arrisca fazer invasões em democracias, embora, no passado, já tenha feito isso.

            Violência contra o próprio povo, como a realizada na China, também não prospera em regimes democráticos.

            O Brasil tem um congresso formado por muitos criminosos, que distorcem sua finalidade. Ele foi formatado durante a ditadura militar, para dar poder ao executivo. Mesmo assim, devemos proteger nossas instituições, por mais defeituosas que pareçam. A alternativa autoritária é sempre a pior solução.

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