A VIOLÊNCIA COMO
OBJETIVO POLÍTICO
Em O Príncipe IX: “[...] porque em toda cidade
Existem estes dois humores
diversos que nascem disso:
O povo deseja não ser comandado
nem oprimido pelos grandes,
E os grandes desejam comandar
E oprimir o povo”. Nos Discursos I,4 :
“E sem dúvida, se considerarmos o objetivo dos nobres e dos
plebeus [nobili e degli ignobili],
Veremos naqueles grande desejo de dominar e nestes somente o
Desejo de não ser dominados e, por conseguinte,
Maior vontade de viver livres [“...]”. Finalmente, na
História de Florença III, 1:
“As graves e naturais inimizades
que há entre os homens do povo e os
nobres, causadas pela vontade que estes têm de
comandar e aqueles de não obedecer [“...]”.
Maquiavel
Quando estudei história da arte,
fiquei chocado com uma gravura que vi, na antiga Babilônia. Nela, o imperador
Nabucodonosor, pessoalmente, cegava metodicamente os inimigos derrotados, com
um estilete. No mesmo país, muito tempo depois, Saddam Hussein bombardeou, com
gás mostarda, a população de origem curda de um povoado ao norte do Iraque,
matando todos seus habitantes, mulheres e crianças inclusive.
Na segunda
metade do século passado, por questões aparentemente étnicas, houve um dos mais
trágicos genocídios de um país africano, quando, em Ruanda, mais ou menos oitocentas
mil pessoas foram assassinadas.
Atualmente, em Darfur, no Sudão, novo genocídio, comandado por milícias
árabes, com violência sexual feita de maneira metódica e institucionalizada.
Na chamada
guerra do Kosovo, forças armadas sérvias da Iugoslávia trucidaram cidadãos separatistas
albaneses, de origem bósnia, muçulmanos majoritariamente, assunto que provocou
repúdio do mundo civilizado e levou à justiça internacional o presidente
Slobodan Milosevic.
Durante o
nazi-fascismo, milhões de judeus, ciganos e outras minorias foram assassinados
friamente, com método, pelas forças armadas alemãs, em nome de uma monstruosa
faxina étnica.
O genocídio
e outros eventos de matança sistemática são tão horrendos e abomináveis que nos
recusamos a admitir que sejam efeito de uma política de extermínio.
Infelizmente, são.
Carl von Clausewitz escreveu que 'a guerra é a
continuação da política por outros meios'. Podemos dizer que o massacre de
populações também é. Tivemos um exemplo recente dessa tese na chamada Guerra
das Malvinas (Falklands) em que a ditadura argentina, já decadente, tenta
prorrogar-se com a agressão a uma propriedade estrangeira, no caso, inglesa. O
fim da guerra, que provocou muitas mortes de soldados argentinos, também levou
à derrocada da ditadura.
As ditaduras latinas americanas são um exemplo como o
poder político pode, também, praticar violência contra a população civil de seu
próprio país.
O desenvolvimento das nações e estabilidade das
instituições democráticas tem sido o único antídoto para a violência de
governos. Hoje não vemos democracias atacar democracias. Os Estados Unidos,
país intervencionista, não arrisca fazer invasões em democracias, embora, no
passado, já tenha feito isso.
Violência contra o próprio povo, como a realizada na
China, também não prospera em regimes democráticos.
O Brasil tem um congresso formado por muitos criminosos,
que distorcem sua finalidade. Ele foi formatado durante a ditadura
militar, para dar poder ao executivo. Mesmo assim, devemos proteger nossas
instituições, por mais defeituosas que pareçam. A alternativa autoritária é
sempre a pior solução.
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