domingo, 29 de julho de 2012






QUE PAÍS É ESTE?


O jornalista Laurentino Gomes virou Best-seller com os livros 1808 e 1822. Que expectativa podemos ter como nação em relação ao futuro? “Tem a ver com o processo psicanalítico”, diz ele. “Entender de onde viemos para aceitar quem somos e descobrir para onde vamos”


E o que a história tem a ensinar aos brasileiros hoje?


A história não oferece lições prontas. Estamos condenados a repetir nossos erros. Mas ao olhar para o passado nós conseguimos entender como chegamos aqui, quem nós somos.


O grande desafio é assumir nossa identidade de brasileiros, olhando para nossos problemas, mas também para nossas virtudes. Os portugueses nos legaram essa cultura de miscigenação, de assimilar e se deixar ser assimilados por outras culturas. Num mundo globalizado, o brasileiro está mais qualificado do que um chinês, um russo, um americano, que tem grande dificuldade de aceitar o outro. Nós temos ferramentas para conviver com o diferente. 


Não dá para entender o Brasil sem observar o imenso passivo que a gente carrega desde o período colonial, que é um passivo de concentração de riqueza, de latifúndio, de exclusão. Essa á a formação do Brasil. Na introdução de 1822, cito duas frases, uma do José Bonifácio, outra do Joaquim Nabuco, que têm um sentido parecido. Eles se perguntam: dá para construir um Brasil com um material tão heterogêneo, com uma herança de escravidão, de analfabetismo?


Quando olha pelas questões formuladas por esses pais da pátria, você consegue entender as dificuldades que a gente teve para construir o país até agora e as dificuldades que temos daqui em diante.


É como se fosse uma corrida, e um dos competidores estivesse sem igualdade de condições. Nós temos deficiências que nos impedem de nos tornarmos um país de primeiro mundo. É como se nós tivéssemos de competir carregando um caixão nas costas.


Trecho da entrevista de Laurentino Gomes para a revista Audi Magazine, 04/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário