IRMÃO E IRMÃO (I)
CORRESPONDÊNCIA RELATIVA À POSTAGEM DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
Quidi
Sou solidário com a tua indignação, tanto que coloquei a matéria no blogue. Só que acho o assunto mais complexo do que uma simples roubalheira do governo atual.
Quando trabalhei no
Estado, em 99, um CC foi demitido porque o pegaram roubando cartuchos vazios
das copiadoras, que eram vendidos, por ele, para as empresas que recarregam
esse material. Não sei o que o Estado faz com os cartuchos vazios, que são
muitos.
Outro exemplo de
quando trabalhava na secretaria da educação. Uma obra emergencial costumava
demorar seis meses ou mais para ser iniciada, por conta de todos os cuidados
que havia para evitar o desvio de dinheiro público. No final, o custo em
agravamento de danos e mesmo de desperdício era maior do que os dos possíveis
desvios.
Do poder público se
rouba tudo, desde clips até aviões. Existe uma mentalidade, que vem desde as
capitanias hereditárias, ou antes, de que o que é público é de todos e, ao
mesmo tempo, não é de ninguém.
Vivemos em numa
cleptocracia, onde políticos, empreiteiros, prestadores de serviço e toda uma
fauna reúnem-se para roubar. Isso já é antigo. O roubo agora ficou maior porque
o país está maior e tem mais dinheiro público circulando. O MP e a polícia
federal, dois órgãos sérios, não têm mãos para investigar tanta ladroeira.
O pior é que a
estrutura administrativa, financeira e jurídica foi montada por ladrões e é
feita para facilitar o roubo e garantir impunidade.
Não dá para fazer
acusação simples sem nos debruçarmos na estrutura em que vivemos e que precisa,
urgentemente, ser mudada. Nossos governantes não estão sozinhos.
Grande abraço
Continua mandando
material
Teu irmão
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