Atestado de vida
Pois não é que eu morri? O jornal Diário Catarinense publicou no domingo necrológio de um renomado professor gaúcho com um retrato deste que vos escreve. O DC já pediu desculpas e prometeu fazer a errata na edição de hoje. Por via das dúvidas, eu fui a um médico, que me garantiu que eu estava não só vivo mas muito bem.
Perguntei se ele não iria levar a mal se pedisse uma segunda opinião. Não, falou o doutor, de jeito nenhum, mas vais perder teu tempo e dinheiro. Vocês sabem como é, a gente lê muito sobre erros médicos então procurei outro. O doutor me examinou bem examinado, botou o estetoscópio. Perguntei se não precisava falar trinta e três, como antigamente. Não, riu ele, não precisa.
Não gostei. Seria uma bela de uma prova de que eu estava definitivamente vivo. Ao que eu saiba, defunto não fala trinta e três. Para aumentar minha paranoia, reparei que o estetoscópio dele era chinês. E eu vou lá confiar nele? De repente podia ser falsificação, feito com peças do front russo da Segunda Guerra Mundial, montado na Bolívia e exportado para cá pelo Paraguai.
O tira-teima mesmo veio quando fiz um eletro. Estavam lá todos aqueles risquinhos caminhando para cima e para baixo na tela, mas por via das dúvidas pedi ao doutor uma via impressa do eletro.
Finalmente me convenci que estava vivo. Provisoriamente.

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