A
MORTE
O Dr.
Cyro Martins dizia, mais ou menos: “Chore, chore bastante, porque a vida é uma
sucessão de tristezas, mas chore por motivos reais, não por imaginários”.
Ontem
revi o filme: Trinta Anos Esta Noite. Para os que não o viram, cito Ricardo
Cota, do Jornal do Brasil:
Trinta
Anos esta Noite
de Louis Malle
Clássico de Louis Malle realizado em
1963, Trinta Anos Esta Noite mostra a luta de Alain, o
atormentado protagonista, contra seu maior inimigo: ele mesmo. Inspirado
no romance de Pierre Drieu La Rochele, Le Feu Follet (fogo
fátuo), o filme é um resumo das principais reflexões do movimento
existencialista.
A angústia diante da finitude do ser, a aflição com o conformismo burguês, a insatisfação sexual e a necessidade da ação como antídoto contra o tédio são temas recorrentes ao longo dos 108 minutos de absoluta densidade, filosófica e cinematográfica.
Alain (Maurice Ronet) é um homem que chega em frangalhos à meia idade. Alcoólatra, está há quatro meses internado numa clínica de repouso em Versalhes. No seu quarto, vivencia o drama da ansiedade perpétua encarando obsessivamente o cano de uma pistola. "A vida não passa tão rápido para mim, por isso quero acelerá-la", reflete. Incentivado pelo médico, Alain arrisca um retorno à vida social, mesmo sem se sentir preparado.
Em Paris, reencontra amigos e acirra os conflitos mais íntimos ao fazer um balanço de sua vida. O resultado é desastroso e irreversível. Trinta Anos Esta Noite espelha o retrato de um homem sem fé, incapaz de religar-se ao mundo, seja através da arte, da política ou da religião.
A angústia diante da finitude do ser, a aflição com o conformismo burguês, a insatisfação sexual e a necessidade da ação como antídoto contra o tédio são temas recorrentes ao longo dos 108 minutos de absoluta densidade, filosófica e cinematográfica.
Alain (Maurice Ronet) é um homem que chega em frangalhos à meia idade. Alcoólatra, está há quatro meses internado numa clínica de repouso em Versalhes. No seu quarto, vivencia o drama da ansiedade perpétua encarando obsessivamente o cano de uma pistola. "A vida não passa tão rápido para mim, por isso quero acelerá-la", reflete. Incentivado pelo médico, Alain arrisca um retorno à vida social, mesmo sem se sentir preparado.
Em Paris, reencontra amigos e acirra os conflitos mais íntimos ao fazer um balanço de sua vida. O resultado é desastroso e irreversível. Trinta Anos Esta Noite espelha o retrato de um homem sem fé, incapaz de religar-se ao mundo, seja através da arte, da política ou da religião.
Com belíssima fotografia em preto e branco de Ghislain Cloquet, Trinta
Anos Esta Noite é quase um documentário das aflições filosóficas da
geração pós-segunda guerra e pré-rebelião estudantil, que tinha em Sartre,
Marcuse, Reich e Erich Fromm alguns dos seus principais mentores.
O cineasta Louis Malle equilibra a força do texto a uma estética minimalista, em que o sentido do drama profundo do personagem está no detalhe, nas pequenas impressões do cotidiano, pontuada de forma precisa pela utilização na trilha da música de Erik Satie. Balada da desesperança, Trinta Anos Esta Noite aborda sem concessões o suicídio, resumindo-o a uma derrota do conhecimento, da crença e da vontade. Um filme que deixa na alma uma marca indelével.
O cineasta Louis Malle equilibra a força do texto a uma estética minimalista, em que o sentido do drama profundo do personagem está no detalhe, nas pequenas impressões do cotidiano, pontuada de forma precisa pela utilização na trilha da música de Erik Satie. Balada da desesperança, Trinta Anos Esta Noite aborda sem concessões o suicídio, resumindo-o a uma derrota do conhecimento, da crença e da vontade. Um filme que deixa na alma uma marca indelével.
O
filme é uma reflexão sobre a vida e necessariamente sobre a morte, que está
ligada, umbilicalmente, à vida. Alguém já disse: “Só há duas coisas inescapáveis
na vida: a morte e os impostos”.
O
personagem, Alain, passa as últimas vinte e quatro horas de sua existência fazendo
retrospectiva, junto a amigos e ex-amantes, para certificar-se de que viveu em
vão. Neste balanço existencial, ele pede
socorro a cada um que encontra, informando, claramente, que vai se matar.
Recebe, como resposta, ironias e desprezo pelo seu comportamento de bêbado
errático.
Quantos
de nós já receberam um pedido de ajuda e o rechaçamos, minimizando a tragédia que
se encontra atrás de uma depressão?
Não
é mais confortável relacionar-se com alguém distante, situado em seu círculo de
amigos de sua rede social, do que com alguém que, cara a cara, solicita que lhe
dê um pouco de atenção?
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