terça-feira, 12 de junho de 2012

blogue do zeca



ANGÉLICA

         Chegou cedo, de ônibus, à pequena cidade onde deveria realizar fiscalização.

         Foi recebido pelo gerente, extremamente solícito. No fim da manhã já estava com seu serviço concluído. O gerente o convidou para almoçar. Após o almoço, como teriam que aguardar até à noite para ele pudesse tomar o ônibus de retorno, fizeram roteiro turístico pela cidade, atividade que logo estava concluída, ela era pequena.

         Foi aí que o gerente o convidou para o único programa possível, visitar o melhor cabaré da cidade, orgulho dos moradores.

         No local, uma bela residência, estilo colonial, foram recebidos pela proprietária, que ofereceu bebidas, por conta da casa. Neste momento, apareceu Angélica.

         Angélica era uma graça, corpo perfeito, no auge de seus vinte e poucos anos, muito simpática. Ele, que tinha vindo apenas para ser educado com seu gerente, viu mil pensamentos correrem por sua mente, em uma fração de segundo. Quem sabe? Afinal, poderia ser apenas uma pequena diversão, ele que era casado e amava sua mulher.

         Em um impulso, convidou Angélica para um quarto. Ela disse, em divertido gesto, com o polegar para trás, por cima do ombro, que não fazia sexo anal.

         Tomaram banho juntos e Angélica, ali mesmo, começou um trabalho de felação irresistível. Ele, automaticamente, a comparou com sua mulher, que nunca tinha apresentado uma performance ao menos comparável. Após muitas carícias, em que ele, encantado, também procurou retribuir da melhor maneira que sabia, transaram.

         Uma relação tão gostosa teria que se repetir. Entretanto, ele necessitava tempo para recuperar-se. Foi então que Angélica começou a falar.

         Seu nome era Angélica mesmo e seu sobrenome era Vicentini. Contou que era originária de uma família tradicional em uma cidade vizinha, bem maior que aquela. Disse ter namorado, noivado e casado com o comandante do corpo de bombeiros da região. Amava muito o marido. Ele, muito ciumento, a proibiu de trabalhar, devendo somente cuidar da casa deles.

         Angélica fazia de tudo para agradar o amado, fazendo comidinhas gostosas, cuidando de seu uniforme, atendendo a todos seus desejos, inclusive fazendo sexo oral nele enquanto viam novela.

         Um dia, uma amiga íntima confidenciou-lhe que o comandante a traia com uma ex-colega de colégio. Mais tarde, ela confirmou o que a amiga tinha lhe falado.

         Aquilo foi um choque demasiado para Angélica, que pirou. Em um momento em que o marido tinha saído para trabalhar, pegou seus principais pertences e sumiu da cidade.

         Pegou ônibus para essa cidade, não muito longe de sua cidade natal, porque era o que o dinheiro permitia. Ao chegar ao novo município, como não tinha nenhum recurso, nem onde morar, nem o que comer, acabou prostituindo-se, porque dar prazer a homens era a única coisa que tinha aprendido em seu casamento.

         Essa era a história de Angélica, triste como tantas outras.

         Ela recomeçou a acariciá-lo e logo ele estava excitadíssimo. Angélica perguntou se ele não desejava fazer sexo anal com ela. Ele entendeu que o sexo anal era reserva afetiva de Angélica, para clientes como ele. Disse que poderiam deixar para outra ocasião. Teve a transa mais intensa de sua vida, recheada de carinho e emoção.

         Prometeu a Angélica retornar logo, ao que ela respondeu com um olhar agradecido.

         Nunca mais voltou àquela casa, embora tivesse feito outras visitas à cidade. Não voltou por medo. Medo dele mesmo.  Angélica era uma pessoa especial. Ele sabe que aquela relação poderia ter sido perigosa para ele, sua família e seu emprego. Ficaram, entretanto, para sempre, em sua lembrança, aqueles momentos de intimidade e, porque não, de um profundas emoções em pequeno período de tempo.

         Pensa, sempre, com um sorriso interior, que é um dos raros homens a quem uma prostituta forneceu nome e sobrenome. 

2 comentários: