RELATÓRIO FINAL DA PF CONFIRMA
DENÚNCIA DO MENSALÃO
Depois de seis anos de investigação,
a PF concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma
das principais fontes de financiamento do esquema montado por Marcos Valério
Relatório final da Polícia
Federal confirma a existência do mensalão no governo de Luiz
Inácio Lula da Silva. Depois de seis anos de investigação, a PF
concluiu que o Fundo Visanet, com participação
do Banco do Brasil, foi uma das
principais fontes de financiamento do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. Com 332 páginas, o documento da PF,
divulgado pela revista "Época", joga por terra a pretensão do
ex-presidente Lula de provar que o mensalão nunca existiu e que seria uma farsa
montada pela oposição.
O relatório da PF demonstra que, dos
cerca de R$ 350 milhões recebidos do
governo Lula pelas empresas de Valério, os recursos que mais se destinaram aos
pagamentos políticos tinham como origem o fundo Visanet. As investigações da PF
confirmaram que o segurança Freud Godoy, que trabalhou com Lula nas campanhas
presidenciais de 1998 e 2002, recebeu R$ 98,5 mil do esquema do valerioduto,
conforme revelou o Estado, em setembro de 2006. A novidade é que Freud contou à
PF que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na
campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência - estabelecendo uma
ligação próxima de Lula com o mensalão. No depoimento, Freud narrou que o
dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT.
O relatório da PF apontou o envolvimento no esquema do mensalão, direta
ou indiretamente, de políticos como o hoje ministro do Desenvolvimento,
Fernando Pimentel, do PT. Rastreando as contas do valerioduto, os
investigadores comprovaram que Rodrigo Barroso Fernandes, tesoureiro da
campanha de Pimentel à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, recebeu um cheque
de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural. As investigações
confirmaram também a participação de mais sete deputados federais, entre eles
Jaqueline Roriz (PMN-DF), Lincoln Portela (PR- MG) e Benedita da Silva (PT-RJ),
dois ex-senadores e o ex-ministro tucano Pimenta da Veiga.
Segundo a revista "Época", a PF também confirmou que o banqueiro Daniel Dantas tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Dantas teria recebido um pedido de ajuda financeira no valor de US$ 50 milhões depois de se reunir com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas por Dantas fechou contratos com Valério, apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário.
As investigações comprovaram ainda que foram fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério. A principal, qualificada de "fonte primária", consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa. As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão.
A segunda fonte de financiamento, chamada de "secundária", estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.
OBRIGADO, QUIDINHO
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