intocáveis
Roberto Guerra - cineclick
Muitos são os temas tratados
no longa Intocáveis, que surpreendeu o
mercado francês em 2011 ao se transformar na segunda maior bilheteria de todos
os tempos no país. O filme fala de felicidade, compaixão, limitações, perdas,
amor e diferenças raciais e econômicas na França do século 21. Aborda assuntos comuns
à vida de todos nós de forma direta e sem divagações desnecessárias. Seus
diretores, Olivier Nakache e Éric Toledano, recaem no lugar-comum algumas
vezes, são simplistas outras tantas, mas levam ao público um filme honesto
sobre as complexidades da vida.
A trama conta a história de Philippe (François Cluzet), colecionador de artes que ficou tetraplégico após um acidente. Ele contrata como seu cuidador um rapaz senegalês, Driss (Omar Sy), porque este chama sua atenção na entrevista de emprego por seu jeito arredio e sua total ausência de piedade pelo homem prostrado imóvel em sua cadeira de rodas. Driss, na verdade, nem pensava em ser contratado, queria apenas que assinassem um atestado para que continuasse recebendo o salário-desemprego do governo.
Previsivelmente (e a previsibilidade aqui não chega a ser um problema) estabelece-se uma relação improvável, mas totalmente compreensível, entre os dois. Philippe começa a dirimir um pouco de sua autopiedade e readquire o bom humor. Griss encontra a possibilidade de fugir da realidade pobre da periferia de Paris, onde se amontoam os jovens imigrantes africanos, e começa a sair um pouco de sua ignorância, num típico caso – muitas vezes retratado no cinema – de personagem fino lapidando personagem bruto.
O enredo tocante, por si só, já explica muito do sucesso de Os Intocáveis. Acrescenta-se a isso o fato do filme ser inspirado numa história verdadeira, narrada pelo Philippe da vida real no livro O Segundo Suspiro. Foi só colocar, então, dois atores fantásticos nos papeis principais - François Cluzet, invariavelmente impecável, e Omar Sy, que por esse papel se tornou o primeiro negro a ganhar um César, o Oscar do cinema francês – e desenvolver o enredo sem apegar para a pieguice e o dramalhão, afinal, a história de uma homem milionário, com um Maserati estacionado na garagem, e sem poder usufruir dos prazeres da vida já é dramática o suficiente.
Intocáveis também é pontuado de alívios cômicos, que vão da entrevista de emprego de Driss e passam por situações nas quais tem de lidar com o mundo de luxo e riqueza de seu novo chefe. Philippe também se aproveita da situação e se diverte ao convencer, por exemplo, um comprador a levar (por muitos euros) um quadro pintado por Driss como se fosse a obra de um jovem e promissor talento da pintura.
Muito do sucesso de Intocáveis na França se deve também ao debate político que se seguiu à sua estreia por tocar no assunto da situação dos imigrantes africanos nas periferias francesas, onde há alguns anos, durante o governo Sarkozy, ocorreram levantes violentos contra a falta de emprego e perspectiva. O filme não aponta soluções, nem este é seu propósito, mas humaniza os dois extremos da sociedade francesa e propõe que diferenças podem, às vezes, ser enriquecedoras e complementares.
Para os brasileiros, distantes desses problemas específicos, resta a universalidade dos temas humanos muito bem abordados nesse belo e envolvente filme.
A trama conta a história de Philippe (François Cluzet), colecionador de artes que ficou tetraplégico após um acidente. Ele contrata como seu cuidador um rapaz senegalês, Driss (Omar Sy), porque este chama sua atenção na entrevista de emprego por seu jeito arredio e sua total ausência de piedade pelo homem prostrado imóvel em sua cadeira de rodas. Driss, na verdade, nem pensava em ser contratado, queria apenas que assinassem um atestado para que continuasse recebendo o salário-desemprego do governo.
Previsivelmente (e a previsibilidade aqui não chega a ser um problema) estabelece-se uma relação improvável, mas totalmente compreensível, entre os dois. Philippe começa a dirimir um pouco de sua autopiedade e readquire o bom humor. Griss encontra a possibilidade de fugir da realidade pobre da periferia de Paris, onde se amontoam os jovens imigrantes africanos, e começa a sair um pouco de sua ignorância, num típico caso – muitas vezes retratado no cinema – de personagem fino lapidando personagem bruto.
O enredo tocante, por si só, já explica muito do sucesso de Os Intocáveis. Acrescenta-se a isso o fato do filme ser inspirado numa história verdadeira, narrada pelo Philippe da vida real no livro O Segundo Suspiro. Foi só colocar, então, dois atores fantásticos nos papeis principais - François Cluzet, invariavelmente impecável, e Omar Sy, que por esse papel se tornou o primeiro negro a ganhar um César, o Oscar do cinema francês – e desenvolver o enredo sem apegar para a pieguice e o dramalhão, afinal, a história de uma homem milionário, com um Maserati estacionado na garagem, e sem poder usufruir dos prazeres da vida já é dramática o suficiente.
Intocáveis também é pontuado de alívios cômicos, que vão da entrevista de emprego de Driss e passam por situações nas quais tem de lidar com o mundo de luxo e riqueza de seu novo chefe. Philippe também se aproveita da situação e se diverte ao convencer, por exemplo, um comprador a levar (por muitos euros) um quadro pintado por Driss como se fosse a obra de um jovem e promissor talento da pintura.
Muito do sucesso de Intocáveis na França se deve também ao debate político que se seguiu à sua estreia por tocar no assunto da situação dos imigrantes africanos nas periferias francesas, onde há alguns anos, durante o governo Sarkozy, ocorreram levantes violentos contra a falta de emprego e perspectiva. O filme não aponta soluções, nem este é seu propósito, mas humaniza os dois extremos da sociedade francesa e propõe que diferenças podem, às vezes, ser enriquecedoras e complementares.
Para os brasileiros, distantes desses problemas específicos, resta a universalidade dos temas humanos muito bem abordados nesse belo e envolvente filme.
Assisti ontem a “INTOCÁVEIS“ no cine Guion Olaria. O filme é imperdível. Os dois personagens nos envolvem
logo no início e nos apaixonam durante o transcorrer de uma história que já
vimos muitas vezes, mas é tratada com carinho e sem piedade com qualquer um dos
dois. O humor é rápido e politicamente incorreto, próprio da cultura europeia,
sem o cinismo dos bom mocistas americanos.
O filme permite outra
leitura, acho que passou despercebida pelos críticos que pesquisei.
Ele é uma parábola
sobre o encontro da Europa rica e culta, mas paralisada (o
francês é tetraplégico) pelo seu passado e decadência, com uma África pobre mas alegre e animada. É também um “mea culpa” sobre o
colonialismo, que faz os europeus aceitarem resignadamente, mas com irritação, a
invasão africana a seus países.
Traz mensagem de
esperança, quando o europeu depressivo, que não se mata porque não pode,
encontra a alegria e vitalidade da cultura simples do africano, que ainda não
se corrompeu com a complexidade da civilização ocidental.
É desse encontro,
fortuito no filme, que dois povos podem avançar em busca de um futuro mais fraterno,
humanizado no verdadeiro sentido da
palavra.
Como disse, o filme é
imperdível, se mais não seja, para nos encantar com a estupenda Maserati Quattroporti CV que desfila
como uma refinada dama italiana pela poética Paris.
Amigo Lisboa, o cinema para os cinéfilos como sou e como imagino que sejas pelo teu texto e fonte inesgotável de prazer, cultura, divertimento e aprendizado. Desculpas por minha ausência física, mas virtualmente estou sempre te acompanhando e torcendo pelo sucesso do blog do Zeca, pela qualidade do teu texto e inventividade de tuas postagens.
ResponderExcluirUm grande abraço,
Paulo Bettanin
Obrigado pelas palavras gentis, Paulo
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