...Não é preciso alongar-se muito sobre o que
estamos cansados de saber: a velhice é um espantalho contemporâneo e ninguém
quer enxergar tais traços em si mesmo.
Mais
do que uma questão de estética, é o pânico da finitude que se trata.
Um
idoso é alguém que tem mais vida para trás que para frente, mas somos gulosos da nossa existência, queremos um crédito infinito, o consolo de que se pode
recomeçar a cada instante, que nada acabe.
Ignoramos
que a trajetória de uma vida se faz de sucessivas mortes do que já fomos. Mesmo
a velhice obriga à constante reinvenção, pois as inevitáveis limitações
precisam ser contornadas com a descoberta de novos prazeres, o da
tranquilidade, por exemplo.
Confundimos
potencial com potência, ter muita vida pela frente significa mais tempo para
tornarmos mais próximos da perfeição. Mas jamais voltaria, pois amadurecer dá
muito trabalho e nem pensar em reencontrar com todas as incertezas e os medos
do passado.
Cada
fio grisalho que nasce é troféu de uma batalha vencida e há uma humildade que
só o tempo ensina, na marra...
...Já
foi difícil chegar até aqui e não vou recuar.
Diana Corso, psicanalista – ZH 10/07/2012
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