cinema falado
Sempre preferi ver filme estrangeiro
legendado. Para mim, é mais natural. Assistir um filme com Al Pacino sem ouvir
sua voz gutural é assistir ao filme pela metade. Filme francês tem que ter
diálogos em francês. Se não, perde-se o encanto daquela língua que faz carícias
no ouvido da gente. Afirma-se, também, que há certos sons ou efeitos especiais,
mais tênues, que são perdidos quando se apagam as trilhas sonoras das legendas.
Conheço pessoas que preferem assistir
filmes dublados. Sua justificativa é que, enquanto estão interpretando as
legendas, perdem de apreciar as imagens. Isto para mim não faz sentido. Consigo
ler as legendas em bloco, instantaneamente, e sobra tempo para apreciar as
expressões dos atores e mesmo, quando conheço um pouco do idioma original,
verificar se a tradução foi adequada.
No Brasil, os filmes são, via de
regra, legendados, quando apresentados nos cinemas. Dublados são apenas os
dirigidos a crianças. Li que existe tendência de mercado para a dublagem geral nas
salas brasileiras. No mundo todo, essa é uma realidade. Nos Estados Unidos, os
(poucos) filmes estrangeiros são todos dublados no cinemão comercial. Há raros
filmes legendados, quando há ciclos especiais, em cinemas de arte. Mesmo na
Europa, mercado mais intelectualizado, a norma é a dublagem.
Por que isto acontece? Tive resposta a
esta questão em um artigo do neuro cientista Stanislas Dehaene (revista ÉPOCA
06/08/2012)).
Ele afirma que a leitura automatizada,
que ocupa os neurônios do lado esquerdo do cérebro, é resultado de um tipo de
alfabetização, em que a cada letra é atribuído um ou mais sons, que são
gravados indelevelmente no alfabetizando. Há portando, no aprendizado, uma
correspondência fonética para cada símbolo escrito. Ele diz que, em alguns
idiomas, como o português e o italiano, que são “idiomas transparentes”, essa
relação é muito direta. Em outros idiomas, como o inglês, a relação não é tão
direta porque a cada símbolo, correspondem várias interpretações fonéticas.
Essa é a gênese da leitura automatizada.
Ele diz também, que o método global ou
construtivista, preferido por muitos pedagogos (inclusive brasileiros) é falho,
porque, quando o alfabetizando apreende palavras inteiras antes de conhecer o
significado fonético de cada letra, ele está estimulando o lado direito do cérebro, que não estratifica a automatização. Assim, a decodificação dos símbolos
terá de chegar ao lado esquerdo da memória, para que a leitura seja concluída.
Esse é um processo mais demorado, que é contrário ao “trânsito” do cérebro. Num
certo sentido, esse método ensina a “ler errado” primeiro, por isso sua falha.
Como a tendência das sociedades é a do
ensino da leitura por blocos (e, acho eu, isso é reforçado pela cultura da
informática), a leitura automatizada está se perdendo. Por consequência, os
filmes legendados ficarão cada vez mais restritos a certo grupo de pessoas e
com tempo, poderão desaparecer, como língua morta.
Pessoalmente, quero morrer vendo
filmes legendados.
O filme dublado perde duplamente. Primeiro ao desfazer-se da voz do ator-personagem original.Segundo que, por melhor que sejam os dubladores, eles não tem a emoção autêntica da fala,gerada pela interpretação durante a filmagem.Poderíamos citar uma terceira coisa que é a tradução e adaptação nem sempre correta e que num caso de um filme no original, por pior que seja nosso inglês ,muitas vêzes se percebe a mancada ou falha na tradução-adaptaçao.
ResponderExcluirFecha com o que penso. Obrigado pela colaboração
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