TADEU
FEZ QUARENTA ANOS
O book aí em
cima é de meu amigo Tadeu. Ele, recentemente, fez quarenta anos. Bem, todo
mundo faz quarenta anos. Mas o Tadeu é um caso especial. Ele é alcoólatra em
último grau. Ele mesmo reconhece que é um sobrevivente.
Tadeu começou
a beber ainda adolescente. Nestas condições, ele não conseguiu estudar, não
trabalha. Mora em um casebre com sua mãe. Tadeu tem um filho, com 15 anos,
também alcoólatra. Tadeu cata lixo reciclável ou recebe auxílio dos vizinhos.
Incrivelmente,
com a vida difícil que tem, Tadeu é uma pessoa finíssima. É bem humorado,
brincalhão. É incapaz de pressionar alguém para obter comida ou dinheiro.
Quando pergunta se tenho uma moedinha, diz que é para comprar cachaça. Quando
tem fome, não pede dinheiro, pede comida.
Tadeu é um
mendigo ou “barbone”, como se diz na na Itália. É incrível como vive com quase
nada. Certamente não lerá este artigo, a não ser que eu o imprima e leia para ele.
Ele não tem carro, não tem computador, não tem celular, não viaja, não usa roupa
de grife. Usa apenas andrajos.
Tadeu
disse-me que tinha tentado parar de beber, mas enfrentou uma tremedeira
insuportável e foi obrigado a retomar ao vício.
Informei-me
sobre a possibilidade de livrá-lo da bebida. Tadeu teria que ser internado, até
passar da fase crítica do vício e, posteriormente, precisaria seguir um
“hospital dia” até o organismo livrar-se da dependência. Se parasse de beber
sem acompanhamento, certamente morreria.
Falei tudo
isso para ele. Já tinha feito essa experiência, mais de uma vez, mas sempre
alguém lhe ofereceu bebida, quebrando sua resistência.
Tadeu não
vai viver muito. Talvez não faça quarenta e um anos.
Mas Tadeu é
uma pessoa digna. Me comove a luta de Tadeu para manter-se digno.
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