segunda-feira, 23 de abril de 2012

O DIREITO DE ABORTAR

Não concordo integralmente com o ponto de vista do autor. O assunto é muito complexo e envolve saúde pública. O aborto criminoso mata milhares de mulheres diariamente, no país. Entretanto, publico o artigo seguinte, para meditação.

Emanuel Burck dos Santos*
A opinião de que o feto pertence às entranhas femininas reflete uma visão utilitarista típica da perversidade da sociedade atual. Tudo o que aparentemente não tem utilidade deve ser descartado, inclusive a vida. Há um paradoxo dentro da tese metafísica materialista quando admite que o livre arbítrio é uma ilusão, contudo ainda assim propaga a liberdade sexual. O contraditório, na verdade, se baseia apenas no que serve às satisfações hedonistas e egoístas. Em um mundo verdadeiramente ético e civilizado não haveria lugar para a propagação do assassínio.
O feto já tem personalidade, se comunica com a mãe, sente dor e prazer. Na concepção uma única célula dá origem a quinquilhões de células com especialização quase infinita a partir de uma orientação morfogenética que podemos chamar de vida. Ademais, a maior parte das mulheres que cometem abortamento intencional acaba se envolvendo com uma culpa que se estende ao longo da vida. O descarte de fetos, aparentemente sem utilidade ou personalidade, poderia se estender ao de recém-nascidos, que estão em condições psíquicas semelhantes ao de um feto, e que podem ser vistos como um entrave para o exercício da liberdade feminina em função da dependência total da criança em relação à mãe.
A banalização da vida e a negação da existência do “self”, aliás, sem qualquer embasamento científico, alimenta uma discussão superficial, pseudossapiente, e repleta de soberba. Outrossim, é produto da imaginação e da fantasia acreditar que se o Estado permitir o assassinato (abortamento) fará com que os médicos seriamente comprometidos com a vida e com a saúde mergulhem nessa insanidade. Na verdade possivelmente os profissionais com menor comprometimento ético aceitariam melhor a tarefa de carrascos, quem sabe até motivados financeiramente e sem qualquer reflexão.
O Estado não deve ter o poder de determinar quem deve morrer, e não deve tampouco permitir que se cometam crimes contra a vida humana em nenhum estágio. A próxima proposta dessa linha talvez seja de eliminar sumariamente idosos que acabam representando um ônus para os descendentes e para a previdência social, posto que consomem recursos e tempo para a manutenção de seres que já não tem mais utilidade. O absurdo materialista, positivista e utilitarista beira a insanidade e reduz a condição humana à irracionalidade e à brutalidade.
*Médico

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