Neste barco vou eu e meu cão.
Eu estou nu e choro.O cão me
consola com sua presença dura.
( O cão lamenta minhas chagas )
A onda que esconde o barco
em seu colo – arco e acalanto –
é como um pranto sem medida.
( Ou a medida vai dos pés aos olhos? )
Meu barco medido, cortado, repartido
resvala na eternidade do mar,
na eterna pausa entre onda e onda,
na imediação redonda.
E aí, sob meus pés, o casco;
o choro em mim continua, e no cão.
( de Camilo Rocha )
CAMILO ROCHA – Nasceu em Bagé, a 02 de julho de 1930, falecendo a 06 de setembro de 1958.
Foi redator do Correio do Sul.
Obras: "A Barca de Tarsis", poema edição póstuma, organizada por Ernesto Costa e Wilson Afonso Santos – Porto Alegre, 1961. Inéditas: A Vida Menor, poemas; Intermezzo Lírico e "Mecânica da Rosa.
À Marta Logercio, meus agradecimentos
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